62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
PERCEPÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR DA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS FLORESTAIS PARA O ARTESANATO DA REGIÃO AMAZÔNICA
João dos Prazeres Lopes 1
Auricélia Alves Pereira 1
Amanda de Almeida Monte 1
Viviany Amaral da Costa 1
Sara Lopes da Silva 1
Cláudia Maria Rocha Martins 1
1. Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará - UFPA
INTRODUÇÃO:
Na Amazônia a arte de manipular recursos oferecidos pela natureza e transformá-los em objetos é uma das heranças da cultura indígena. O apoio à produção e ao comércio do artesanato estimula grupos de artesãos espalhados pela Amazônia que desempenham um importante papel para o desenvolvimento sustentável da região. A utilização dos recursos florestais de forma sustentável no artesanato da região Amazônica pode ser discutida no contexto escolar e assim, além de promover a valorização da cultura, pode contribuir na formação de indivíduos com valores ecológicos. O processo de formação do sujeito ecológico faz com que este venha a ter uma visão crítica dos impactos ambientais causados pelo homem. O estudo realizado investiga como o artesanato produzido a partir de recursos florestais não madeireiros é abordado dentro de um contexto educacional, cultural e sócio-ambiental no âmbito escolar. Ao final da análise, foram formuladas propostas de intervenção contendo aspectos básicos que poderão ser inseridos no projeto educacional da escola investigada. Essas propostas pedagógicas educacionais visam despertar o interesse da comunidade estudantil pela preservação ambiental tendo em vista novas atitudes que promovam a conservação dos recursos naturais mesmo quando utilizados economicamente.
METODOLOGIA:
A coleta de dados ocorreu a partir da aplicação direta de questionários com cinco perguntas objetivas cada para cinco alunos da 8ª série do Ensino Fundamental, cinco do Ensino Médio e cinco professores da Escola de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio Madre Zarife Sales, localizada na periferia da cidade de Belém - PA. As perguntas direcionadas aos docentes investigaram a existência de discussão sobre desenvolvimento sustentável associado ao artesanato regional; apoio da coordenação pedagógica; o artesanato no plano anual escolar; existência de aulas em campo e de atividades escolares de educação ambiental. As direcionadas aos discentes do Ensino Médio investigaram se há incentivo em participar de oficinas de artesanato; se eles acham que recursos florestais retirados sem controle prejudicam o meio ambiente; se valorizam o artesanato da região; se acreditam que as políticas para o meio ambiente são cumpridas e se acham que a escola deva informar sobre a cultura regional. As perguntas aos discentes de Ensino Fundamental investigaram se conhecem os usos de recursos florestais; se a escola os informa sobre o que é meio ambiente; se é importante preservá-lo; se acham que devem conhecer a cultura regional e se acreditam que é papel da escola abordar educação ambiental.
RESULTADOS:
A maioria dos docentes entrevistados (80%) afirma que discute sobre desenvolvimento sustentável associado ao artesanato regional com seus alunos. Apesar de essa questão ser amplamente discutida com os alunos, os professores (60%) alegam que o artesanato ainda não tem um papel importante no conteúdo do plano anual escolar. Mesmo assim os entrevistados (60%) dizem que a coordenação pedagógica da escola oferece sustentabilidade suficiente para tratarem destes assuntos. Os professores (80%) afirmam importância das aulas em campo e que atividades escolares com enfoque ambiental proporcionam aos alunos uma formação de sujeitos ecológicos. No entanto, verificou-se, na maioria dos alunos entrevistados, a não valorização do artesanato regional por conseqüência da falta de conhecimento do assunto, por falha político-pedagógico em procurar ajustar e instruir o indivíduo a zelar pela cultura e a arte dos povos da região amazônica. Ao final, percebeu-se que o artesanato regional amazônico vem sendo tratado com falhas no programa escolar. Enquanto que a educação ambiental é abordada com maior freqüência, mas sem estabelecê-la com base para a proposta de sustentabilidade dos recursos retirados da floresta e posteriormente utilizados no artesanato.
CONCLUSÃO:
Observou-se que os assuntos relacionados à educação ambiental e o desenvolvimento sustentável de recursos florestais vêm sendo tratado com frequência no contexto escolar. Enquanto o artesanato regional amazônico é abordado com falhas em seus programas escolares. A referida pesquisa pretendeu contribuir, com os dados obtidos a partir da pesquisa de campo para ampliação de estudos acerca da percepção e do conhecimento da educação ambiental, o qual pode também servir de subsídio na construção de ações que possam minimizar os impactos ambientais. Portanto foram formuladas as seguintes propostas de intervenção: incentivo à leitura, principalmente de jornais, incluindo o lúdico, tanto de aulas expositivas, quanto aulas em campo que venham despertar o interesse do aluno sobre as questões ambientais que contribuem para a valorização do artesanato de recursos florestais; investimento na formação continuada, em um contexto sócio-ambientais e participação crítica buscando uma educação de qualidade e inclusão de assuntos referentes ao artesanato de recursos florestais não madeireiros utilizados de forma sustentável com uma preocupação ambiental e valorização cultural multidisciplinar no projeto pedagógico da escola.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Desenvolvimento Sustentável, Artesanato.