62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
EMBEBIÇÃO DE SEMENTES DE CÁRTAMO E GIRASSOL EM PRESENÇA DE AGENTES OSMÓTICOS
Maraísa Costa Ferreira 1
Larissa Maria de Paiva Ribeiro 2
Elaine Christian Galvão Colaço 2
Thiago Barros Galvão 2
Cristiane Elizabeth Costa de Macêdo 3
Eduardo Luiz Voigt 3
1. Bolsista de Iniciação Científica (REUNI) - UFRN
2. Laboratório de Biotecnologia Vegetal - UFRN
3. Prof. Dr./ Orientador - Depto. de Biologia Celular e Genética - UFRN
INTRODUÇÃO:
Os biocombustíveis derivados de matéria orgânica são fontes de energia alternativas aos combustíveis fósseis, tendo em vista que são oriundos de recursos renováveis, menos impactantes ao meio ambiente. O cártamo (Carthamus tinctorius L.) e o girassol (Helianthus annus L.) são espécies da família Asteraceae que produzem sementes oleaginosas, as quais consistem em opções promissoras para a produção de óleos com aplicação no setor bioenergético. Suas sementes possuem alto teor de óleo, cerca de 40% para o cártamo e 45% para o girassol. Estas espécies apresentam elevada capacidade aclimatativa, principalmente às condições do Semi-Árido Nordestino, caracterizadas por longos períodos de seca, alta temperatura, elevada lunimosidade e excesso de sais no solo, os quais afetam a germinação, o desenvolvimento e a produtividade das culturas. Portanto, a qualidade fisiológica das sementes é fundamental para garantir o sucesso dos cultivos. Uma das estratégias utilizadas para aumentar a capacidade e a sincronia da germinação é a embebição controlada das sementes. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo monitorar a absorção de água pelas sementes de ambas as espécies na presença de agentes osmóticos.
METODOLOGIA:

O experimento foi conduzido no Laboratório de Biotecnologia Vegetal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. As sementes de cártamo e girassol foram pesadas e submetidas à embebição por imersão durante 24 h sob cinco tratamentos: água destilada (controle), cloreto de sódio (NaCl) 50 mM (estresse salino moderado), NaCl 100 mM (estresse salino severo) e polietilenoglicol 6000 (PEG 6000) em concentrações isosmóticas (ψs = -0,221MPa e ψs = -0,450MPa em relação ao NaCl 50 e 100 mM, simulando seca moderada e severa respectivamente). Em intervalos de tempo definidos, as sementes foram coletadas, secas com papel toalha e pesadas, sendo recolocadas nos tratamentos de embebição até completar o tempo estimado. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com três repetições por tratamento, sendo cada repetição composta de 15 sementes. A porcentagem de embebição foi calculada segundo a expressão (MF- MI)/(MI*100), onde MF é a massa final das sementes e MI é a massa inicial.

RESULTADOS:
As curvas de absorção de água obtidas para as sementes de cártamo e girassol apresentaram um padrão bifásico de embebição. A primeira fase foi caracterizada por embebição rápida, sendo mais proeminente para o cártamo, enquanto a segunda fase apresentou embebição lenta e foi mais gradual para o girassol. Este padrão de absorção de água se enquadra às fases I e II, anteriormente descritas para a embebição de sementes. Para as sementes de cártamo, o tratamento salino moderado e o de seca severa foram mais eficientes para a redução da embebição. As sementes controle apresentaram 27% de embebição após 1 h, alcançando 43% ao final de 24 h, ao passo que as sementes submetidas ao estresse salino moderado e à seca severa demonstraram apenas 24 e 17% de embebição após 1 h, respectivamente. Em ambos os tratamentos, as sementes alcançaram porcentagens de embebição semelhantes às do controle ao final do experimento. Em relação às sementes de girassol, tanto os tratamentos salinos como os de seca diminuíram drasticamente a embebição. Enquanto as sementes controle apresentaram 36% de embebição após 1 h e 124% ao final de 24 h, aquelas expostas ao estresse salino e de seca moderados demonstraram apenas 30 e 23% de embebição após 1 h e 122 e 114% ao final do experimento, respectivamente.
CONCLUSÃO:

As curvas de embebição obtidas evidenciaram que as sementes das espécies em estudo seguem o modelo trifásico, embora o presente experimento tenha destacado apenas a primeira e a segunda fase. O tempo de cada etapa do processo é dependente da espécie. Em geral, a absorção nas sementes de cártamo ocorre num período inicial mais rápido se comparada à do girassol, porém ambas apresentaram um aumento significativo no volume de suas sementes após os tratamentos. As sementes de girassol embebidas nas soluções isosmóticas de NaCl ou PEG 6000 tiveram embebição relativamente mais lenta devido à hidratação ocorrer de forma mais restrita na presença desses agentes osmóticos, fazendo com que a segunda fase se torne mais longa.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN)
Palavras-chave: Carthamus tinctorius L., Helianthus annus L., Embebição.