62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
ACÚMULOS DE SOD1 EM CÉLULAS NEURONAIS E NÃO NEURONAIS NO MODELO EXPERIMENTAL DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA
Gabriela Pintar de Oliveira 1
Tatiana Duobles 1
Juliana Milani Scorisa 1
Chrystian Junqueira Alves 1
Jessica Ruivo Maximino 2
Gerson Chadi 3
1. Depto. de Neurologia, Fac. de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP
2. Profa. Dra. - Depto. de Neurologia - FMUSP
3. Prof. Dr. / Orientador - Depto. de Neurologia - FMUSP
INTRODUÇÃO:

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa progressiva do neurônio motor que acomete adultos levando a paralisia dos músculos esqueléticos e a morte dos pacientes por falência respiratória. Trabalhos recentes discutem a possibilidade de células não neuronais, em particular astrócito e microglia, estarem envolvidas na progressão rápida do desaparecimento do neurônio motor. A maior parte dos casos, ditos esporádicos, não possuem componente genético, enquanto que 5-10% dos pacientes apresentam manifestação do tipo autossômica dominante, dita forma familiar, porém com quadro clínico e histopatológico indistintos dos primeiros. Dos casos familiares, 20% relacionam-se à mutação da enzima SOD1, o que permitiu a construção do modelo animal eleito para o estudo da doença, qual seja, o camundongo transgênico que carrega a SOD1 humana mutante (SOD1hm). A provável participação do astrócito e da microglia na patogenia da ELA foi inicialmente postulada em função destes estarem reativos antes da fase sintomática e pela observação in vitro e in vivo que a presença da mutação nos mesmos acelera a morte do neurônio motor, mutante ou não mutante. A influência da presença da enzima mutante no sinal desta toxicidade parácrina é o foco de pesquisas em desenvolvimento.

METODOLOGIA:

Camundongos G93A transgênicos para SOD1hm e selvagens foram genotipados e mantidos no biotério da FMUSP em ambiente spf. Medulas espinais de camundongos SOD1hm na fase final da doença e selvagens de idades equivalentes foram processadas para a imunohistoquímica. Agregados da SOD1 foram estudados no astrócito e microglia reativos, nas células progenitoras astrocitárias e também nos neurônios remanescentes do corno anterior da medula espinal, células marcadas, respectivamente, para as imunorreatividades de GFAP, IBA1, NG2 e neurofilamento-200.

RESULTADOS:

Aumento intenso da SOD1 foi visto em células da região do corno anterior da medula dos animais SOD1hm, sendo este um indicativo da formação de agregados de SOD1 em células. A diminuição do número de neurônios locais coexistiu com aumento de astrócito e microglia reativos, assim como de células NG2 positivas. Imunofluorescência de duas cores revelou ausência de formação de agregados SOD1 na microglia, nas células NG2 positivas a na grande maioria de astrócitos reativos. Tais agregados puderam ser vistos em abundância no citoplasma e fibras de neurônios remanescentes do corno anterior da medula espinal e no núcleo de astrócitos GFAP+ com morfologia atípica.

CONCLUSÃO:
No modelo da SOD1hm, os agregados SOD1 nos neurônios motores podem estar relacionados à neurodegeneração nestas células mas possivelmente não são o fator determinante para a toxicidade parácrina das células gliais reativas ou neoformadas.
Instituição de Fomento: FAPESP e CNPq
Palavras-chave: Esclerose Lateral Amiotrófica, Agregados, SOD1.