62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
FLUTUAÇÃO TEMPORAL DE MARIPOSAS, SPHINGIDAE E SATURNIDAE: COMPRAÇÃO ENTRE CERRADO E MATA.
Felipe Alves de Brito Oliveira 1
Ivone Rezende Diniz 1
Marina Neis Ramos 1
1. Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, UnB
INTRODUÇÃO:
O Cerrado está incluído entre os 25 "hotspots" mundiais e faz-se cada vez mais necessário o conhecimento da diversidade biológica para que se possa entender o funcionamento das comunidades e desenvolver planos de manejo para sua preservação. As famílias de mariposas Saturniidae e Sphingidae são usadas como bioindicado. No Brasil já foram registradas 400 espécies de Saturniidae e 180 de Sphingidae. O trabalho teve como principal objetivo: analisar melhores meses e horários para coleta representativa das famílias.
METODOLOGIA:
O trabalho foi feito em áreas de cerrado sensu stricto na Fazenda Água Limpa (FAL), de julho de 2007 a junho de 2008 e em áreas de cerrado s.s. e mata do Jardim Botânico de Brasília (JBB), de julho de 2008 a junho de 2009. Em cada área as coletas foram realizadas em uma noite por mês com uma armadilha luminosa refletida em um pano branco estendido, que permaneceu acesa durante toda a noite. As mariposas foram coletadas a intervalos de 2 horas por um período de 30 minutos na FAL e de 30 minutos no JBB e mortas em câmaras mortíferas. Os indivíduos foram montados a seco, etiquetados, identificados e depositados na Coleção Entomológica da UnB.
RESULTADOS:
No JBB foram coletadas 19 espécies de Saturniidae (n=71 indivíduos) e oito espécies de Sphingidae (n=16 ) e na FAL 24 espécies de Saturniidae (n=114) e 14 de Sphingidae (n=56). Na mata do JBB foram coletadas nove espécies de saturnídeos e três de esfingídeos e no cerrado, 10 de saturnídeos e cinco esfingídeos (Fig. 1 e Fig. 2)As cinco espécies mais freqüentes de Saturniidae foram: Catacantha latifasciata (Bouvier, 1930) (com 31 indivíduos) e Kentroleuca spitzi (Lemaire, 1971) (n=10) (Fig 3A) no JBB e Hylesia ebalus (Cramer, 1775) (n=20), Hyperchiria orodina (Schaus,1906) (n=18) e Eacles lemairei (Barros & Tangerini, 1973) (n=13) na FAL (Fig. 3B). Os esfingídeos mais comuns foram Callionima parce (n=29) (Fig. 3C) e Erynnyis ello (n=9) (Fig. 3D). A riqueza, composição e abundância de espécies variaram entre as áreas de coleta e entre as fitofisionomias. Algumas espécies diferiram nos seus padrões de atividades, como por exemplo, Catacantha latifasciata que apresentou um pico de atividade à 01h, enquanto Kentroleuca spitzi, somente após as 04h (Fig. 4). No cerrado ss depois das 0h houve um acréscimo de 43% de indivíduos coletados. Houve uma relação direta entre o tempo de exposição da armadilha e o número de indivíduos e a riqueza de espécies coletados.
CONCLUSÃO:
Para Saturniidae os inventários rápidos com coletas concentradas entre outubro e novembro (estação chuvosa) funcionam bastante bem. Entretanto, para os Sphingidae haveria uma perda de cerca de 50% do conhecimento sobre a diversidade do grupo. Normalmente, as coletas desses animais são feitas em vários locais e durante poucas noites. No cerrado os Saturniidae são mais ativos após as 0h e permanecem com alta atividade até as 5h. Na mata a atividade parece ser semelhante em todas as horas com indicações de leve aumento no final da noite. O resultado desse trabalho mostrou que a seleção da metodologia para os inventários rápidos devem levar em conta a história natural de cada grupo. Para Saturniidae podem se concentrar entre outubro e novembro (estação chuvosa) e para os Sphingidae devem ocorrer nas duas estações climáticas.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Callionima, Hylesia, Lepidoptera.