62ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática

VARIAÇÃO ESPACIAL DO FITOPLÂNCTON E VARIÁVEIS LIMNOLÓGICAS NA BARRAGEM ARMANDO RIBEIRO GONÇALVES/RN

Pryscila Cynara Soares Vieira 1 Ruy Anderson de Lima 1 Ana Paula Cardoso Silva 1 Ivaneide Alves Soares da Costa 1, 2

1. Depto.de Microbiologia e Parasitologia - UFRN 2. Profa. Dra./Orientadora

INTRODUÇÃO:

Os ecossistemas aquáticos vêm sofrendo com a expansão do processo de eutrofização artificial, ocasionado por elevadas cargas de matéria orgânica e nutrientes inorgânicos provenientes dos despejos de esgotos domésticos e industriais e da descarga de fertilizantes aplicados na agricultura. Esse estado favorece a multiplicação do fitoplâncton, principalmente das cianobactérias formando florações que causam drástica redução dos níveis de oxigênio, levando a morte de muitos organismos aquáticos, a alteração na coloração e odor das águas gerando um grande impacto ambiental, econômico e social. Além disso, algumas espécies de cianobactérias são capazes de produzir toxinas representando um risco potencial para a saúde humana. Para entender a dinâmica dessas comunidades é necessário analisar as variáveis limnológicas do ambiente aquático, uma vez que estão diretamente relacionadas com o funcionamento desses organismos. O presente estudo objetiva investigar a qualidade da água na Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, por meio da avaliação da presença de cianobactérias potencialmente tóxicas e cianotoxinas e dos parâmetros limnológicos.

METODOLOGIA:

O estudo foi realizado em três pontos da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves: Itajá, São Rafael e Jucurutu. As amostras foram coletadas no período de abril a agosto de 2009 para o estudo do fitoplâncton e das variáveis limnológicas. Para análise qualitativa do fitoplânton, as amostras coletadas foram fixadas com formol a 4% e outra foi mantida in natura no laboratório para o exame das amostras in vivo. Para quantificação do fitoplâncton as amostras de água foram fixadas com lugol acético 1% e posteriormente, seguindo a metodologia descrita por Utermöhl (1958) foi realizada a contagem, sendo o erro menor que 20%, a um coeficiente de confiança de 95%. Foram investigadas variáveis abióticas (transparência, turbidez, pH, temperatura, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e material em suspensão) e bióticas (clorofila-a), em cinco profundidades de acordo com a percentagem de luz na coluna d´água. A transparência foi medida com disco de Secchi e os parâmetros ambientais com multianalisador Horiba (U 22). Amostras integradas da coluna d'água (1L) foram coletadas para análise de clorofila-a e materiais em suspensão (sólidos totais, orgânicos e inorgânicos em suspensão).

RESULTADOS:

As cianobactérias representaram 90% da densidade total do fitoplâncton, com presença constante de espécies potencialmente tóxicas como Planktohtrix agardhii, Cilindrospermopsis raciborskii, Microcystis aeruginosa, M. panniformis, M. protocystis, Aphanizomenon gracile, Aphanocapsa delicatíssima, Sphaerocavum brasiliense, Geitlerinema unigranulata. Itajá e São Rafael apresentaram densas florações atingindo densidades de até 2.309.608 cél.ml-1 em julho/2009. A densidade do fitoplâncton em Jucurutu foi de 153.435 cél.ml-1. O valor médio encontrado de microcistina para os três ambientes foi 1,95 µg.L-1, sendo Itajá o ponto com valor médio mais elevado (2,73µg.L-1 ), estes valores excedem o limite estabelecido pela Portaria 518 do Ministério da Saúde que é de 1 µg.L-1 de microcistina. Os três pontos investigados apresentaram baixa transparência e elevada concentração de clorofila-a. A concentração média de clorofila-a em Itajá e São Rafael foi de 65,48 μg.L-1, ocorrendo um pico em julho/2009 (167,9 μg.L-1). A concentração média de sólidos orgânicos foi de 72,50 mg.L-1 . O valor médio da profundidade do disco de Secchi no período de abril a agosto de 2009 no ponto de Itajá e São Rafael foi de 1,6m, variando de um mínimo de 0,6m (julho/2009) a um máximo de 1,7m (agosto2009).

CONCLUSÃO:

O reservatório apresentou elevado estado de eutrofização considerando a clorofila-a e transparência. A baixa transparência e elevada turbidez do reservatório podem ser justificas pela grande presença de material em suspensão, principalmente de matéria orgânica. A dominância de cianobactérias e a presença de microcistinas compromete a qualidade da água para o abastecimento público, representando uma ameaça constante. Portanto se faz necessário o monitoramento constante da água da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves para evitar riscos à saúde humana e garantir a preservação dos recursos hídricos do nosso Estado.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

Palavras-chave: Eutrofização, Cianobatérias, Microcistinas.