62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
FATORES ASSOCIADOS À OCORRÊNCIA DE ANEMIA FERROPRIVA ENTRE CRIANÇAS DE 4 A 8 ANOS DE IDADE ATENDIDAS NO AMBULATÓRIO DO HOSPITAL INFANTIL VARELA SANTIAGO EM NATAL, RN
Disraeli Silva Pereira Sátiro 2
Rosildo da Silva 2
Ana Cecília Queiroz de Medeiros 1
Juliana Fernandes dos Santos Dametto 2
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Faculdade de Ciências da Saúde do
2. UNP - Universidade Potiguar
INTRODUÇÃO:
A anemia ferropriva ainda é um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil, apesar de todo conhecimento sobre as formas de intervenção. Estima-se que sua prevalência seja quatro vezes maior em países em desenvolvimento. Mesmo em países ricos, a anemia apresenta índices crescentes de prevalência, tornando-se fator de relevância clínica, epidemiológica e social. Diante da alta prevalência de anemia observada no país como um todo e da relativa carência de pesquisas publicados sobre a exata dimensão e comportamento deste problema no estado do Rio Grande do Norte, é que se decidiu pela realização desse estudo. Este estudo teve como objetivo investigar os fatores associados à ocorrência de anemia ferropriva entre crianças de 4 a 8 anos de idade atendidas no Ambulatório do Hospital Infantil Varela Santiago em Natal/RN. A amostra foi de 30 crianças.
METODOLOGIA:
A população estudada foi composta por 30 crianças, que é a média aproximada de crianças atendidas mensalmente com diagnóstico de anemia no ambulatório do Hospital Infantil Varela Santiago (HIVS), selecionadas de acordo com o fluxo normal do atendimento. Foi limitada a idade das crianças entre 4 e 8 anos devido a RDA (Recommended Dietary Allowances) englobar essa subdivisão e porque, segundo informações da responsável pelo serviço, existe uma grande prevalência de crianças nesse estágio de vida sendo atendidas no hospital com diagnóstico de anemia. Como critério de exclusão foi estabelecida a presença de desnutrição, câncer, doença renal, doença cardíaca e outras doenças que interfiram diretamente na absorção e/ou utilização do ferro pelo organismo. Este estudo foi submetido à aprovação pelo comitê de ética em pesquisa da UnP e todos os procedimentos foram apresentados termo de consentimento ao responsável. No diagnóstico de anemia, foi considerado o ponto de corte proposto pela Organização Mundial da Saúde de 11g/dl. As informações foram obtidas por meio de questionário aplicado aos responsáveis pela criança e através da verificação de medidas antropométricas, exame parasitológico e das dosagens de hemoglobina, reticulócitos, ferro e ferritina.
RESULTADOS:
A análise dos resultados encontrados mostrou ausência de relação positiva entre anemia ferropriva e verminoses, com baixa especificidade entre estes dois fatores, pois das 30 amostras analisadas, apenas 10 das amostras deram positivas, sendo que nenhuma das crianças com anemia severa ou moderada apresentou vermes. Esta análise teve maior relevância em casos de desnutrição, por estar relacionada também ao nível socioeconômico e a problemas como a falta de saneamento básico. Já na análise dos exames bioquímicos, foi encontrada uma relação positiva com o diagnóstico, com as médias de 10,03 ± 1,22 hemoglobina, hematócrito 30%, ± 3,2, reticulócitos 1,21%, ± 0,28, ferritina 34,81 ± 33,71 ng/ml. Analisamos que todas as crianças faziam ingestão de alimentos fontes de ferro, porém junto das principais refeições que tinham uma maior disponibilidade do mineral, faziam junto com alimentos inibidores, ou seja, anti-nutricionais, não deixando formar o quelato com o ferro, para assim o mineral chegar solúvel no interior do intestino e assim diminuindo sua absorção e levando a um quadro de anemia. Nossos dados reforçam a importância da utilização de vários índices hematimétricos para fechar o diagnóstico da anemia, como recomendado pela OMS.
CONCLUSÃO:
Entretanto, não houve associação entre anemia e as enteroparasitoses, levando a hipóteses de que as crianças tem uma ingestão insuficiente e/ou inadequada do mineral, falta de alimentos fortificados, ou a restrição na quantidade de alimentos decorrente da pequena capacidade estomacal da criança e/ ou a baixa disponibilidade do mineral, associada ao aumento da necessidade nesta fase. Após a realização do estudo foi realizado uma orientação aos responsáveis pela criança, relativa aos alimentos ricos em ferros e formas de consumo para aumentar a absorção de nutrientes. Em suma, no nosso estudo a anemia encontrada pareceu ser menos relacionada a condições financeiras e sócio-econômicas e mais a uma falta conhecimento nutricional, havendo necessidade de um acompanhamento abrangente de parâmetros hematimétricos e mais pesquisas sobre esta doença, em crianças, na nossa região.
Palavras-chave: Anemia Ferropriva, Deficiência de Ferro, Fatores de risco.