62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
INFLUÊNCIA DO ESTRESSE HÍDRICO NA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA EM FLORESTA DENSA DE TERRA FIRME, CAXIUANÃ, PARÁ
Rosecelia Moreria A. Silva Castro 1
Diego Luiz Oliveira do Nascimento 2
Maria de lourdes ruivo 3
José Maria Nogueira da Costa 4
Carlos Alberto Silva da Silva Junior 5
1. Eng. Agron., doutoranda do Curso de Doutorado em Ciências Agrárias - UFRA
2. Bolsista PIBIC/CNPq, Graduando do curso de Agronomia - UFRA
3. Geóloga, Drª/Orientadorada Coord. de Ciências da Terra e Ecologia - CCTE/MPEG
4. Pesquisador da Universidade Federal de Viçosa - UFV
5. Eng. Sanitarista, mestrando em Engenharia . Civil - UFPA
INTRODUÇÃO:
É por meio dos mecanismos de transferência entre a vegetação e o solo que ocorrem os processos de grande importância na nutrição e na sustentabilidade de florestas que crescem em solos pobres em nutrientes, como as florestas de região tropical. Com o crescimento e o aumento da idade das árvores, inicia-se a queda de folhas, gravetos e partes reprodutivas para a formação da camada de serapilheira. A maioria dos ecossistemas florestais apresentam produção contínua de serapilheira durante todo o ano, sendo que a quantidade total produzida nas diferentes épocas depende do tipo de vegetação estudada. O estudo sobre produção e decomposição de serapilheira é importante para se entender o funcionamento e a dinâmica dos ecossistemas florestais. A partir da associação de variáveis meteorológicas com a produção e decomposição de serapilheira, pode-se, por exemplo, investigar o comportamento da floresta sob estresse hídrico. O estudo tem como objetivo estudar o impacto da seca prolongada nos fluxos de água e dióxido de carbono em uma floresta tropical amazônica (ESECAFLOR), simulando o fenômeno El Nino avaliando a influência da exclusão de chuva sobre a variação da produção de serapilheira.
METODOLOGIA:
A área de estudo está localizada no sítio experimental do Projeto LBA-ESECAFLOR na Reserva Florestal de Caxiuanã, Estação Científica "Ferreira Penna" (ECFPn), nas coordenadas (1o 42'S, 51o 31' W). A temperatura média é de 27 °C e umidade relativa de aproximadamente 80%. A área experimental foi constituída de duas (2) parcelas de 1 (um) hectare cada, dividido em 16 (sub-parcelas) de 25 x 25 m cada. Na parcela experimental, foi feito a exclusão de aproximadamente 90% da água da chuva. As coletas de serapilheira ocorreram no período de março 2001 a fevereiro 2003 mensalmente, nas parcelas (A e B). Foram utilizados em cada área, 20 coletores de formato circular. As amostras foram secas primeiramente em condições ambientais e em seguida no laboratório de Botânica do MPEG, o material vegetal foi colocado em estufa a 80 °C, por 48 horas, até obter peso constante. Após a secagem, o material foi separado nas frações: a) foliar: folhas e estípulas; e b) não foliar: flores, frutos, botões, cascas e ramos finos (Ø= 1 cm). Em seguida, pesado em balança analítica de dois dígitos. Análises de regressão linear foram utilizadas para se avaliar a influência de uma única variável, meteorológica ou do balanço hídrico mensal, na produção total de serapilheira ou de suas componentes.
RESULTADOS:
Observa-se que a variação mensal da produção total de serapilheira na parcela A variou de 294,78 kg.ha-1 a 1758,69 kg.ha-1, com um valor médio de 777,70 ± 352,56 kg.ha-1. Notou-se que os meses da estação menos chuvosa com maior produção de serapilheira foram junho, julho, agosto e setembro para os anos de 200 e 2002, enquanto os meses da estação chuvosa com menor produção de serapilheira foram janeiro, fevereiro, março e abril para os anos de 2001 e 2002. Na parcela B, a produção total de serapilheira variou de 329,74 kg.ha-1 a 1.010,99 kg.ha-1, com um valor médio de 551,47 ± 167,04 kg.ha-1. A maior produção total de serapilheira ocorreu em julho de 2002 (mês típico de pouca chuvosa) e a menor produção ocorreu em janeiro de 2003 (mês típico da estação chuvosa). A contribuição média das folhas, gravetos e partes reprodutivas na produção total de serapilheira foi respectivamente de 65,98%, 16,48% e 17,54% para a parcela A no período de março de 2001 a fevereiro de 2002 e no período de março de 2002 a fevereiro de 2003 61,40%, 18,45% e de 20,14 No mesmo período na parcela B, as folhas, gravetos e partes reprodutivas tiveram um percentual respectivamente de 70,83%, 19,33% e 9,84%. A contribuição de folhas e de gravetos na produção total de serapilheira foi maior na parcela A.
CONCLUSÃO:
Foi evidenciada na Estação Científica Ferreira Penna, com a ocorrência de maior produção zonalidade da produção total de serapilheira e de suas componentes (folhas, gravetos e partes reprodutivas) foi maior na estação de menos chuvosa. A exclusão da água de chuva resultou em uma redução em torno de 25% na produção total de serapilheira. Conforme era esperado, a queda de folhas representou a mais importante contribuição na produção total de serapilheira. O percentual médio de contribuição das folhas, gravetos e partes reprodutivas na produção total de serapilheira foi de 65,98%, 16,48% e 17,54%, respectivamente.
Palavras-chave: Serapilheira, Floresta Amazônica, Variáveis Meteorológicas.