62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 4. Enfermagem Obstétrica
ASSISTÊNCIA HOLÍSTICA NO PÓS ABORTO: Uma reflexão para Enfermagem
CLAUDIA MARIA RAMOS MEDEIROS SOUTO 2
CHIRLAINE CRISTINE GONÇALVES 1
JANK LANDY ALMEIDA SIMÔA 1
MARIA CIDNEY DA SILVA SOARES 1
ANA RITA RIBEIRO DA CUNHA 1
ALEKSANDRA PEREIRA COSTA 1
1. CESED - CENTRO DE ENSINO SUPERIOR E DESENVOLVIMENTO
2. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
INTRODUÇÃO:
O aborto é considerado como sendo a interrupção da gravidez ou quando ocorre expulsão do concepto antes de sua viabilidade, em que, sendo praticado de forma incorreta pode resultar em complicações que podem conduzir à morte, afetando também gestações subseqüentes. Assim, o abortamento fragmenta-se como sendo um atentado a vida, sendo regularizado de acordo com o Código Penal Brasileiro em situações específicas: gravidez resultante de estupro, ou quando a vida da mulher esta em risco. Neste contexto, o aborto representa um grave problema de saúde pública e de justiça social, sendo amplamente praticado através de meios inadequados que podem causar danos e provocar a morte de mulheres. Em decorrência do aborto, as mulheres apresentam uma diversidade de sentimentos. Assim, a enfermagem, tendo como ideal principal o cuidado, deve realizar um plano de assistência holística e humanizada objetivando atender a mulher nas suas dimensões físicas e psicológicas em busca do seu reequilíbrio bio-psico-socioespiritual  para tanto, o objetivo foi identificar quais as principais dificuldades em realizar uma assistência humanizada no pós-aborto a clientes internadas em uma maternidade pública do município de Campina Grande - PB.
METODOLOGIA:
Pesquisa exploratória, descritiva com abordagem qualitativa. Optou-se por esse tipo de abordagem por permitir maior inter-relação entre pesquisador e o que é estudado.  Teve como cenário uma maternidade pública do município de Campina Grande - PB. Participaram do estudo 10 enfermeiros. Os dados foram coletados no mês de setembro de 2009 através de entrevista semi-estruturada. No tratamento do conteúdo - corpus - das entrevistas, os discursos foram submetidos à análise de conteúdo, do tipo temático proposta por Bardin (1977), cujo produto originou categorias, ilustradas com depoimentos e recortes de falas dos profissionais. Para o desenvolvimento do estudo seguiram-se as normas da Declaração de Helsinki, de 1975, na versão de 2000, e as diretrizes emanadas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde - que regulamenta as normas aplicadas a pesquisas que envolvem Seres Humanos. O projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento, só sendo operacionalizado após anuência desse órgão (Protocolo nº 2299.0.000.405-09).
RESULTADOS:
Participaram da pesquisa 10 enfermeiros, sendo 9 do sexo feminino (90%) e 1 do sexo masculino (10%). Os resultados apontam que embora se estabeleça a importância de uma assistência holística na atenção em saúde, verifica-se que muitos profissionais ainda se limitam a cuidados puramente técnicos, enfocando o cliente na visão cartesiana, o qual estabelece um atendimento puramente curativista, cuidando do corpo e mente separadamente. Portanto é necessário um foco central da enfermagem, devendo se contemplar na interação, no resgate à assistência humanizada e no contato com a cliente. Foi observado no relato das participantes que a falta de tempo é um dos fatores que interfere na assistência, além da discriminação com a cliente que pratica ou sofre aborto. Por outro lado foi citado por alguns participantes maneiras de diminuir o trauma durante o ato abortivo e como prevenir outros futuros como exemplo a realização do planejamento familiar. Ainda foi evidenciado que os profissionais não conhecem ou conhecem parcialmente os casos em que o aborto é legalmente aceito pela legislação brasileira. Por fim foi visto que alguns fatores interferem na qualidade da assistência holística tais como: demanda alta e estrutura física deficiente.
CONCLUSÃO:

Foi possível perceber que, embora os participantes tenham referido executar uma assistência holística e humanizada as clientes no pós-aborto, na maioria dos depoimentos, verificou-se um atendimento tecnicista focalizado na visão cartesiana, distanciando-se assim da prática humanizada. Observou-se também que a alta demanda e a estrutura física da instituição atrapalham o atendimento qualificado. Neste contexto, os profissionais devem atuar tomando por base não apenas o aborto e suas dimensões pré-conceituosas, é necessário estar atentos ao comportamento e as características psicológicas das atendidas. Foi observado que em qualquer situação de abortamento, as mulheres em sua maioria, apresentam complicações, necessitando de hospitalização e, conseqüentemente, de assistência humanizada e de qualidade. Para tanto, o profissional de saúde, em especial a equipe de enfermagem, precisa estar apto a cuidar da mulher, conhecer suas alterações físicas e emocionais de forma a auxiliá-la no processo, como na ampliação de ações educativas de contracepção e de promoção da saúde, tanto para os familiares quanto para as clientes, em escolas, instituições de saúde e comunidade em geral e principalmente vê-la como ser que necessita de cuidado abstendo-se de qualquer tipo de pré-conceito.

 

 

Palavras-chave: aborto, humanização, enfermagem.