O trabalho tem como objetivo apresentar os resultados do projeto de pesquisa "Análise do Processo de Verticalização da Cidade de Teresina-Piauí de 1970 a 2010", considerando a evolução urbana desta cidade nos contextos estadual e nacional, bem como sua função social e econômica. A referida pesquisa objetiva descrever o processo de urbanização nacional, estadual e local; analisar o contexto da Verticalização, o seu nascimento, consolidação e perfil dos agentes produtores do espaço teresinense; quantificar e espacializar o processo de Verticalização na cidade de Teresina; verificar os aspectos sócio-ambientais do crescimento vertical da capital e identificar os instrumentos normativos e orientadores do desenvolvimento da cidade. A escolha da referida temática se deve pelo entendimento de que os conhecimentos dos elementos sociais urbanos têm importância fundamental para a organização do espaço urbano e das relações que neste se desenvolve. Dessa forma, o estudo visa contribuir para uma melhor compreensão dos condicionantes sociais responsáveis pelo desenvolvimento dos espaços urbanos e, principalmente, os elementos que fazem parte da dinâmica urbana da verticalização em Teresina.

Para o desenvolvimento da pesquisa foram realizadas pesquisas bibliográficas, através de consulta em livros, artigos científicos e fontes pesquisadas em websites, referentes a estudos realizados sobre o processo de verticalização na cidade de Teresina. A pesquisa de campo ocorreu a partir do levantamento de dados em órgãos ligados ao setor da construção civil, principalmente a Prefeitura Municipal, órgão responsável pela aprovação dos projetos para construções edifícios residenciais e comerciais. Os dados fornecidos por tais órgãos foram analisados e comparados com os dados atualizados, adquiridos através das visitas diretas aos edifícios verticalizados. Vale ressaltar que esta pesquisa considera para efeito de estudo, os edifícios com número igual e superior a quatro pavimentos. A outra etapa da pesquisa de campo consistiu no levantamento das condições ambientais da cidade, como temperatura ambiente, direção e circulação do vento e índice de arborização com base na distribuição de áreas verdes. Os dados foram tabulados e, depois, elaborados gráficos, tabelas e plantas temáticas.

O decorrer dos anos 1970 foi marcado pelo surgimento, em Teresina, de um fenômeno cada vez mais presente nas grandes cidades brasileiras, o crescimento vertical. Processo que se intensificou na década de 1980 e se consolidou na década de 1990. Os primeiros bairros a serem densamente povoados em Teresina, com esse tipo de construção foram: Frei Serafim e Ilhotas (na Zona Centro); Jóquei Clube, Horto Florestal, Ininga, Planalto, São João e São Cristóvão (na Zona Leste). De forma menos densa, os bairros Cabral e Centro (na Zona Centro); Noivos e Morada do Sol (na Zona Leste) e Cristo Rei (na Zona Sudeste). Nas Zonas Sul e Sudeste, o crescimento vertical pode ser observado da década de 1980. Na Zona Sul as construções se caracterizavam por prédios nos bairros Redenção, Cristo Rei, Santa Luzia, Morada Nova, Cidade Nova e na Zona Sudeste pelo Conjunto Tancredo Neves. Dentre os agentes patrocinadores do crescimento vertical estão os promotores imobiliários juntamente com o Estado, nas esferas Federal e Estadual, representados pela Caixa Econômica Federal e Companhia de Habitação do Piauí - COHAB. Sendo que esses dois órgãos utilizavam recursos do governo Federal e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS para fazer o financiamento de imóveis residenciais.

Os primeiros edifícios verticais de Teresina foram construídos na segunda metade da década de 1960 e no decorrer da década de 1970. O crescimento vertical da Zona Centro, em sua maioria, ocorreu para abrigar as atividades da administração pública. No período compreendido entre as décadas de 1980 e 1990 ocorreu, respectivamente, a intensificação e consolidação do processo de Verticalização em Teresina voltado, principalmente, para a produção de condomínios residenciais nas Zonas Centro e Leste, sendo que, recentemente, os promotores imobiliários estão direcionando seus investimentos para as Zonas Sul e Sudeste da capital. A ação dos agentes incorporadores do espaço urbano está relacionada à valorização dos terrenos, a localização privilegiada, a proximidade do rio Poti, a vista panorâmica, a boa infra-estrutura, a segurança, o modismo e comodidade. Entretanto, a intensificação do processo de Verticalização pode acarretar impactos ambientais negativos ao meio ambiente físico e afetar, por exemplo, o clima urbano, a cobertura vegetal urbana, a umidade local, a qualidade do ar e a drenagem da água. Numa cidade como Teresina, de clima quente o ano todo, a construção de edifícios muito altos e próximos uns dos outros pode interferir no microclima da cidade e na qualidade ambiental.