62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 6. Genética
AVALIAÇÃO CITOGENÉTICA DE ERITRÓCITOS DE TAMBAQUIS (Colossoma macropomum) SOB EXPOSIÇÃO AO METILMERCÚRIO.
Raíra de Brito silva 1
Carlos Alberto Machado da Rocha 1
Ivy Laura Siqueira Saliba 1
Simone Almeida Pena 1
Raul Henrique da Silva Pinheiro 1, 2
Thayse Alves Tocantins 1
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA
2. Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
INTRODUÇÃO:
Os metais pesados atingem o homem através da água, do ar e do sedimento, tendendo a se acumular na biota aquática, ao longo da cadeia alimentar, de tal forma que os predadores apresentam as maiores concentrações. Esses metais apresentam efeitos adversos à saúde humana quando entram em contato com águas naturais em função de lançamentos de efluentes industriais. Diferentes organismos aquáticos, como moluscos bivalves, peixes e anfíbios têm sido usados para investigação da genotoxicidade na água. A contaminação mercurial dos rios e lagos decorrente das atividades garimpeiras de ouro, com conseqüente contaminação dos peixes e humanos, tem sido caracterizada na Amazônia brasileira e o metilmercúrio (MeHg) é mais tóxico que o mercúrio metálico. O Teste do Micronúcleo é um dos mais simples para o biomonitoramento da genotoxicidade de ambientes aquáticos. Neste trabalho, investigamos a freqüência de micronúcleos e de alterações morfonucleares em eritrócitos periféricos de Tambaquis (Colossoma macropomum), com o objetivo de avaliar efeitos mutagênicos do metilmercúrio.
METODOLOGIA:
Usamos 10 juvenis de C. macropomum, obtidos da Estação de Piscicultura da Universidade Federal Rural da Amazônia, no município de Castanhal-PA, Brasil. Inicialmente, os exemplares foram aclimatados por 30 dias, no Laboratório de Biologia Aquática do IFPA, em aquários de 30L com aeração constante, sendo dois a três animais por aquário. A temperatura da água foi mantida em torno de 28°C. Os peixes por ocasião do bioensaio apresentavam peso médio de 42,51 ± 7,65 g e comprimento médio de 14,36 ± 1,04 cm. Os indivíduos foram divididos em dois grupos de cinco, sendo um grupo exposto ao MeHg e o outro, não exposto, utilizado como grupo controle. A exposição foi feita por via hídrica, com concentração inicial de 2 mg/L, não sendo renovada a água durante o experimento. Ao final de 24 horas de exposição (aguda), o sangue foi então coletado para o Teste do Micronúcleo. Esfregaços de sangue periférico foram imediatamente preparados em lâminas limpas, fixados em etanol absoluto por 10 minutos, e secos ao ar. As lâminas foram coradas com solução de Giemsa 10% por 10 minutos e as freqüências de micronúcleos e outras anormalidades nucleares determinadas em 4.000 células por espécime usando ampliação de 1.000X. As freqüências de células alteradas nos dois grupos foram comparadas pelo teste do X2.
RESULTADOS:
Em peixes, freqüência basal de micronúcleos (formados sem qualquer tratamento com xenobióticos) é muito baixa. Em nosso estudo, os micronúcleos típicos tiveram baixo índice nos dois grupos: controle e exposto. Já o número de alterações morfonucleares foi um pouco maior. Os dois tipos de alterações nucleares foram reunidos e o total de células alteradas e normais nos dois grupos utilizadas na tabela de contingência do qui-quadrado. De acordo com o teste estatístico o nível de danos aumentou com a exposição ao MeHg, demonstrando haver diferença significativa entre a ocorrência de células alteradas nos grupos controle e exposto (p < 0,05). Trabalhos anteriores também indicam que o Teste de Micronúcleos em eritrócitos de peixes tem se mostrado um bioensaio sensível para detecção de poluição em ambientes aquáticos.
CONCLUSÃO:
O MeHg mostrou-se um xenobiótico importante, por causar danos ao material genético dos organismos. Por esse motivo, deve haver uma preocupação maior, tanto dos órgãos administrativos públicos quanto dos responsáveis pelo controle ambiental das indústrias que utilizam esse tipo de material, bem como da população em geral, no sentido de evitar tal contaminação. Nossos resultados, além de comprovar a ação mutagênica do MeHg, reforçam a importância do Teste do Micronúcleo na avaliação de efeitos genotóxicos e indicam que Colossoma macropomum, não é apenas importante na pesca e aqüicultura da região, mas também um modelo experimental adequado para o monitoramento da poluição de ecossistemas aquáticos da Amazônia.
Palavras-chave: Colossoma macropomum, Teste do Micronúcleo, Mutagênicos.