62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
INFLUÊNCIA DA FADIGA NO COMPORTAMENTO NEUROMUSCULAR EM SUJEITOS SAUDÁVEIS
Paula Pinheiro Ventura 1
Nicia Farias Braga Maciel 1
Jamilson Simões Brasileiro 1
1. UFRN
INTRODUÇÃO:
A fadiga muscular é caracterizada pela incapacidade de produzir ou manter um determinado nível de força ou potência muscular, durante a realização do exercício, sendo um processo complexo caracterizado por alterações fisiológicas e biomecânicas. A fadiga é um fenômeno que produz diversas alterações no comportamento neuromuscular, reduzindo a performance dos sujeitos e contribuindo com o surgimento de lesões. Apesar disso, poucos estudos têm observado os efeitos de fadiga nas variáveis da performace neuromuscular. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a influência da fadiga no comportamento neuromuscular de sujeitos saudáveis.
METODOLOGIA:
O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Performance Neuromuscular, no departamento de Fisioterapia, na UFRN. Participaram do estudo 16 homens, saudáveis, praticantes de atividade física amadora, que não apresentavam nenhuma desordem neuromuscular e/ou articular, no membro inferior dominante, nos últimos 6 meses. Para a aquisição e captação dos sinais eletromiográficos (EMG) foram utilizados 3 pares de eletrodos de superfície ativos, que foram posicionados na musculatura do quadríceps femoral, no reto femoral, no vasto medial e no vasto lateral.  Inicialmente realizou-se uma avaliação do senso de posição articular (SPA) ativo, no dinamômetro isocinético, a uma velocidade de 5º/s e ângulo-alvo de 45º, sendo a variável analisada o seu erro absoluto. Em seguida, aplicou-se o protocolo de fadiga muscular, que constou da execução de 100 repetições isocinéticas concêntricas de flexoextensão do joelho a 90º/s. Concomitantemente a esse protocolo, realizou-se a avaliação do desempenho muscular em um dinamômetro isocinético, dado pelo pico de torque (PT) e potência, além atividade eletromiográfica (freqüência mediana). Após o protocolo, repetiu-se a avaliação da SPA.
RESULTADOS:
A análise estatística permitiu observar que os sujeitos após a execução do protocolo de fadiga apresentaram alteração no SPA, pois antes do protocolo o erro absoluto foi de 2,6º, e após, o erro absoluto foi de 4,4º. Na análise dos resultados do desempenho muscular e atividade eletromiográfica do quadríceps femoral, os registros foram divididos em três subamostras, sendo que as analisadas foram o terço inicial e final das 100 repetições. Desta forma o Pico de Torque reduziu de 199 Nm para 91 Nm (p=0.0001), demonstrando uma queda na força de contração muscular durante a aplicação do protocolo. Também houve uma queda considerável no valor da potência muscular, de 107 para 47 W (p=0001). Quanto aos valores da freqüência mediana, observa-se uma queda desta variável eletromiográfica de 96 Hz para 57 Hz (p=0.012). Através do valor da taxa de queda da Fmediana pode ser determinado o índice de fadiga eletromiográfico, que correspondeu ao valor de 41,34%. Também pode ser determinado o índice de fadiga dinamométrico que foi de 44,6%.
CONCLUSÃO:

O estudo demonstrou que a fadiga promove alteração no SPA, diminuição no PT, diminuição na potência muscular, além de queda na taxa da freqüência mediana. Esses achados ressaltam a importância e a necessidade de atenção quanto à prevenção de lesão em sujeitos saudáveis, quando submetidos a atividades que induzam a fadiga, sejam essas de caráter amadores e principalmente esportivos. Além disso, o estudo revelou uma correlação existente entre o índice de fadiga dinamométrico e o índice de fadiga eletromiográfico, sendo esta correlação considerada moderada. Portanto, com esse achado valida o EMG como um método tão eficaz quanto o dinamômetro, na avaliação do índice de fadiga muscular.

 

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: EMG, Dinamometria Isocinética, Sendo de Posição articular.