62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
ATRIBUTOS QUÍMICOS EM FUNÇÃO DA CALAGEM E RESÍDUOS VEGETAIS DE LEGUMINOSAS EM LATOSSOLO AMARELO DA AMAZÔNIA ORIENTAL.
Deyvison Andrey Medrado Gonçalves 1
Otiniel Ferreira Nunes 1
Gilson Sergio Bastos de Matos 1
Helen Monique Nascimento Ramos 1
Marcos André Piedade Gama 2
George Rodrigues da Silva 2
1. Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
2. Instituto de Ciências Agrárias - UFRA
INTRODUÇÃO:
Em torno de 78% dos solos amazônicos possuem acidez elevada (SANCHES, 1976). Esse fator, aliado ao indiscriminado processo degradativo instalado na maioria das áreas agrícolas da região limitam a produtividade das culturas (Melo et al., 2006). Nesses solos, onde as propriedades químicas são predominantemente dependentes do pH, a prática da calagem é fundamental por contribuir para a redução da acidez e neutralização do efeito de elementos tóxicos como o Al (HUE et al. 1986). Quando a calagem é associada a resíduos vegetais há um aumento do pH e redução de Al trocável, fato relacionado ao poder alcalinizante do calcário e aos teores de cátions e carbono orgânico solúvel presentes no material vegetal adicionado (Dihel et al. 2008). Para Haynes e Mokolobate (2001) os mecanismos que levam a minimização da acidez do solo com o emprego de matéria orgânica são diversos e pouco entendidos. Por outro lado, existe um consenso de diversos trabalhos que as reações relacionadas a ambos os processos dependem do tipo e quantidade de material orgânico utilizado. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da calagem e da incorporação de dois tipos de resíduos vegetais, em diferentes dosagens, no pH, Al, e matéria orgânica de um Latossolo Amarelo da Amazônia Oriental.
METODOLOGIA:
O trabalho foi desenvolvido em casa de vegetação na Universidade Federal Rural da Amazônia. Os tratamentos foram dois níveis de calcário (0 e 0,87 t ha-1), dois tipos de resíduos vegetais, Crotalária juncea e Canavalia ensiformes (Feijão de Porco), e cinco níveis de matéria seca desses resíduos (0, 5, 10, 15 e 20 t ha-1). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x2x5, totalizando 80 parcelas em vasos de polietileno com capacidade para 3 kg de terra. Os materiais vegetais foram previamente cultivados, coletados, secos em estufa, moídos, passados em peneira de 1 mm e acondicionados em sacos plásticos para uso de acordo com as quantidades propostas. Antes da instalação do experimento, as terras dos vasos que receberam calcário permaneceram incubadas durante 15 dias. As terras com correção e sem correção foram mantidas na umidade próxima à capacidade de campo. Posteriormente, foram adicionados os materiais vegetais, homogeneizados em todo o volume dos vasos, e incubados por 90 dias. As amostras retiradas dos vasos ao final da incubação foram secas, destorroadas e tamisadas em peneira de 2 mm de diâmetro para obtenção da terra fina seca ao ar. Foram realizadas as determinações químicas de pH em H2O, Al e MO de acordo com Embrapa (1997).
RESULTADOS:
Os dados foram submetidos a ANOVA e teste de Tukey ao nível de 5% para a comparação das médias, utilizando-se o software STATISTICA 8.0. Os tipos de resíduos vegetais influenciaram significativamente no teor de MO, sendo a média para Crotalária Juncea (CJ) 19,26 g kg-1 e para Feijão de Porco (FP) 13,53 g kg-1; essa diferença pode estar relacionada ao maior teor de carbono presente nos tecidos vegetais da CJ em relação ao FP. O Al e o pH foram influenciados significativamente pela calagem, sendo a média de Al para os tratamentos sem calcário (SC) 0,55 cmolcdm-3 e para os tratamentos com calcário (CC) 0,11 cmolc dm-3, e as médias de pH 4,36 para os tratamentos SC e 5,44 para os tratamentos CC. Estes resultados mostram a eficiência da calagem neste experimento diminuindo a acidez do solo. O Al também foi influenciado significativamente pelas doses de leguminosas, sendo 0,43; 0,36; 0,27; 0,22; e 0,32 cmolc dm-3, respectivamente para as doses 0, 5, 10, 15 e 20 t ha-1. As médias de Al relacionadas às doses 15 e 20 t ha-1 foram as melhores estatisticamente, dessa forma, podemos constatar que apenas doses muito elevadas de materiais vegetais, foram efetivas para diminuir a quantidade de Al que é um dos responsáveis pela acidez ativa do solo.
CONCLUSÃO:
A aplicação de calcário foi capaz de reduzir a teor de Alumínio e aumentar o pH. Os resíduos vegetais propiciaram melhorias desejáveis na fertilidade do solo, sendo que a aplicação de Crotalária foi mais eficiente que o Feijão de Porco para o aumento do teor de matéria orgânica. As melhores doses para a diminuição de Alumínio foram 15 e 20 t ha-1.
Instituição de Fomento: Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Palavras-chave: Adubação Verde, Acidez do Solo, Matéria Orgânica.