62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
AVALIAÇÃO DA EVASÃO FRENTE AS ATIVIDADES EXTRACURRICULARES NO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DO IFPB
Anna Kamylla Dantas Marques 1
Albanisa Felipe dos Santos 1
Jessyca Gomes da Silva 1
Joabson Nogueira de Carvalho 1, 2
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB
2. Grupo de Telecomunicações e Eletromagnetismo Aplicado - GTEMA
INTRODUÇÃO:
A evasão nos cursos de Engenharia é um problema grave nos dias atuais, não só no Brasil, como em grande parte do mundo. Em pesquisa da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o presidente da VALE, Roger Agnelli, se queixou da dificuldade na contratação de engenheiros (FAPESP/2008). Comparações Internacionais sugerem que o desempenho do Brasil é desfavorável, pois o número de engenheiros e cientistas é um fator importante para o índice de desenvolvimento de um país. Baseando-se no cotidiano do curso do IFPB, foram identificados como principais fatores da evasão: a falta de credibilidade por parte dos ingressantes em um curso com pouco tempo de funcionamento; a falta de conhecimento sobre a área pretendida, inclusive com certa imaturidade frente a um curso que requisita que os alunos tenham uma grande capacidade de solução de problemas; a carga horária elevada, que requer do aluno uma capacidade de organização e planejamento, que dificilmente ele adquiriu no Ensino Médio. Além disso, mediante aos primeiros empecilhos e notas baixas que podem ocorrer, o aluno se desmotiva e muitas vezes opta em abandonar o curso antes do fim do primeiro ano. Existe, ainda, a influência da família e dos amigos, que muitas vezes não compreende a quantidade de horas que ele passa na universidade e a falta de tempo para atividades familiares e de lazer, principalmente em épocas de final de período. A forma como esse problema está sendo amenizado será apresentada adiante.
METODOLOGIA:
As atividades realizadas acontecem de forma a melhorar a qualidade acadêmica. Por iniciativa dos alunos são realizadas atividades voluntárias, que previamente são organizadas em reuniões, onde ocorre o planejamento, a divisão de tarefas e, por conseguinte, a execução, além de promover um engajamento e consequentemente um encorajamento tanto aos alunos ingressantes, quanto aos veteranos. Vem sendo realizada, a alguns períodos, uma recepção aos novatos, que consiste em: ciclo de palestras, apresentação das atividades e possibilidades do aluno no curso, preparação para as disciplinas a serem cursadas e, para finalizar, uma mini-feira com os projetos que os alunos realizaram no decorrer dos semestres anteriores. Como continuidade, o aluno pode participar durante o semestre de mini-cursos, realizados pelo Programa de Educação Tutorial de Engenharia Elétrica (PET Engenharia Elétrica) e o Ramo Estudantil IFPB/IEEE, como por exemplo: mini-curso de GNU/Linux, programação em linguagem C e eletrônica básica. Destacando, ainda, o grupo de estudo de inglês, que foi criado pela necessidade de se ter um conhecimento nessa língua, útil e primordial para a vida acadêmica e profissional no mundo globalizado. Na mesma linha, existe o Grupo de Robótica Educacional Livre - GREL, que acolhe alunos de todos os períodos e permite alunos de períodos posteriores fornecer ferramentas e apoio técnico aos alunos interessados em se aprofundar nessa área. Existe uma atenção especial as mulheres que fazem o curso, através do Women in Engineering (WIE - IEEE), que tem a missão de inspirar, engajar, encorajar e capacitar as futuras e atuais engenheiras no mundo inteiro, por meio de reuniões, discussões e atividades técnicas. Diante do exposto, fica claro a quantidade de ações tomadas e quão importante elas são para minimizar a falta de interesse e aumentar a motivação pela continuidade na graduação.
RESULTADOS:
O panorama atual do curso de Engenharia do IFPB apresenta-se com 129 alunos em 06 turmas. De acordo com as vagas ofertadas ao longo dos anos, esse número deveria ser de 208 alunos, ou seja, há uma evasão geral de 37,98%, atualmente, desprezando a turma que ingressou esse ano. Para a base dessa pesquisa, foi exemplificado o caso das turmas nas quais encontravam-se na situação de segundo periodo letivo, mostrando uma taxa de evasão já considerável para alunos ainda em formação básica. "Normalmente a evasão de alunos nos cursos de Engenharia Elétrica ocorre em maior número até a metade do terceiro ano, antes do contato dos alunos com disciplinas de caráter profissioalizante." (UFG/2008), no IFPB no ato da criação do curso, esse problema tentou ser minimizado através da implantação de disciplinas básicas de laboratório ainda nos primeiros périodos. Esse fato despertou a criatividade e a apreciação pela parte técnica, que vem como herança das antigas escolas técnicas federais. A média nacional (2000-2005) de evasão dos cursos de Engenharias, Produção e Construção é de 21,00% de acordo com a Fundação Carlos Chagas em 2007. Baseando-se nos dados de engenharia elétrica do IFES (Instituto Federal Espírito Santo) que apresenta uma taxa de 38,53%, considerada alta quando comparada a taxa nacional, concluimos também ser alta a taxa do IFPB, acima mencionada. Em contrapartida, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, que realizou no ano de 2004 atividades extracurriculares, segundo o PROPAV(Programa Permanente de Avaliação Institucional) registrou apenas 16,67% de evasão nesse ano, segundo o relatório. Em particular, identificamos uma média de 9,87% de evasão nas turmas 2007.1, 2008.1, 2008.2, 2009.1 quando as mesmas encontravam-se no segundo período do curso. Ao longo do tempo verificou-se um crescimento nos índices de evasão, chegando a 22,50% em 2009.1. Frente a esse problema, no ano de 2009, os alunos através do PET de Engenharia Elétrica e do Ramo Estudantil do IEEE no IFPB realizaram diversas atividades anteriormente citadas que contribuiram para diminuir essa taxa. No periodo 2009.2 até o presente momento, não há alunos desistentes, ou seja, existe uma evasão nula.
CONCLUSÃO:
Embora este estudo apresente limitações, sobretudo pela reduzida amostra de informações, espera-se o despertar para a importância de atividades extra curriculares para um maior interesse do aluno no curso, contribuindo para reduzir a evasão e também inspirar outros alunos e professores à realização dessas. As atividades no curso de engenharia elétrica do IFPB permitem ao aluno conhecer oportunidades dentro e fora da Instituição, desenvolver habilidades profissionais essenciais como liderança, organização e trabalho em grupo, ampliar a rede de contatos, permitindo conhecer ideias diferentes. Acredita-se que, apesar de ter ocorrido uma melhora significativa, esse fato não é isolado, mas a importância das atividades extracurriculares pode ser consideradas como um dos fatores desse fenômeno.
Palavras-chave: Evasão, Engenharia Elétrica, Atividades Extracurriculares.