62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 4. Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo
ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS ADOTADAS NO PRÉDIO ADMINISTRATIVO DO INPE-CRN E SEU DESEMPENHO ENERGÉTICO ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DO SELO DO PROGRAMA NACIONAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES (PROCEL EDIFICA)
Giovani Hudson Silva Pacheco 1
Alice Ruck Drummond Dias 1
Clara Ovídio de Medeiros Rodrigues 1
Nícolas de Lima Verde Silva 1
Paolo Américo de Oliveira 1
Aldomar Pedrini 2
1. Departamento de arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
2. Prof. PhD / Orientador - Departamento de arquitetura, UFRN
INTRODUÇÃO:
O Regulamento Técnico da Qualidade para Eficiência Energética em Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos, RTQ (BRASIL, 2009), lançado em agosto de 2008, apresenta requisitos técnicos para que se possa classificar o desempenho energético das edificações nos itens de Envoltória, Sistema de Iluminação e Sistema de Condicionamento de Ar. Quando da classificação da envoltória do edifício, o Regulamento tenta resumir uma série de elementos arquitetônicos em uma equação para determinar o Indicador de Consumo (IC) da envoltória. Porém, por se tratar de uma equação matemática, esse critério de avaliação passa a privilegiar ou minorar a influência de algumas estratégias bioclimáticas que influenciam diretamente na eficiência energética da edificação. Este artigo tem por objetivo mostrar a aplicação deste Regulamento em um caso prático, a Sede Administrativa do INPE em Natal, e analisar como as diversas estratégias bioclimáticas utilizadas no edifício são recebidas pela equação do citado Regulamento. Para isso, recorreu-se ao levantamento do edifício a fim de classificá-lo de acordo com o Regulamento e assim testar como algumas modificações nos elementos da envoltória do edifício poderiam prejudicar ou melhorar o desempenho energético da edificação.
METODOLOGIA:
A edificação fora inicialmente escolhida por reunir uma grande quantidade de elementos arquitetônicos que notadamente contribuem para um bom desempenho energético da edificação e por oferecer boas condições de conforto aos usuários durante boa parte do ano, independente do uso de ar condicionado. Através da parceria entre a UFRN e o INPE foi possível realizar o levantamento das características física da Sede Administrativa do INPE em Natal e com isso obter os parâmetros exigidos pelo Regulamento para se obter a eficiência da envoltória e determinar seu Indicador de Consumo. O levantamento foi realizado in loco pelos autores deste artigo e também através das plantas digitalizadas fornecidas pelo INPE e pelo arquiteto responsável. Com isso, foi possível identificar as diversas estratégias bioclimáticas utilizadas na edificação com relevância para a classificação da envoltória, como o uso de muitas proteções solares, uma implantação no sentido leste/oeste, a possibilidade do uso da ventilação cruzada, uma baixa transmitância da coberta, o uso de cores claras nas fachadas, a grande quantidade de aberturas. A partir disso, foram realizados testes de algumas alterações desses elementos, reduzindo ou aumentando seus valores, para observar o comportamento da equação.
RESULTADOS:
Com o uso dos elementos bioclimáticos na envoltória da edificação este pôde obter classificação A de acordo com o Regulamento, com um IC de 168,81, valor menor que o máximo para classificação A. Mesmo com um alto Percentual de Aberturas nas Fachadas (PAFt), onde cerca de 20% da fachada é ocupado por área envidraçada, o selo A foi alcançado - este é o parâmetro de maior peso na equação de etiquetagem da envoltória. Isto se deve ao sombreamento destas aberturas proporcionado pelo emprego de grandes beirais e do uso de brises sobre boa parte destas aberturas, produzindo ao final um Ângulo Vertical de Sombreamento (AVS) de 42,70° - para a Zona Bioclimática 8, a norma limita o AVS ao máximo de 25°. No decorrer das análises foi visto que outros dois parâmetros também influem na determinação do IC, o Ângulo Horizontal de Sombreamento (AHS) das aberturas e o Fator Solar (FS) dos vidros. Após as análises, constatou-se que o IC seria reduzido que caso o edifício apresentasse um maior AHS, ou menor FS, PAFt ou AVS. Sendo assim, a equação mostra que o AVS sendo zero, ou seja, sem proteções solares, o IC seria menor que qualquer outro valor para AVS.
CONCLUSÃO:
O edifício analisado poderia ter seu IC reduzido caso o AHS aumentasse ou o FS, PAFt ou o AVS reduzissem. Para este edifício, os três primeiros aspectos mostram que a equação da classificação da envoltória no Regulamento converge com o que é abordado na literatura para melhorar o desempenho energético das edificações. Porém, dentro da zona bioclimática 8, onde situa-se Natal, grandes aberturas melhoram o desempenho energético da edificação desde que estas aberturas sejam devidamente sombreadas (ABNT, 2003), como é o caso do prédio do INPE. Porém a redução do AVS não deveria melhorar o desempenho energético da edificação, pois quanto maior o sombreamento das fachadas menor a carga térmica que entra na edificação oriunda do sol (MASCARÓ, 1991). Portanto, para esta edificação a equação atua de forma contrária às recomendações da NBR de Desempenho Térmico de Edificações. A classificação do edifício através da equação nem sempre é representativa das características que o edifício apresenta, sendo sempre necessário fazer uma análise crítica dos resultados obtidos. Nos casos de divergência entre a equação do Regulamento e às recomendações técnicas o próprio Regulamento recomenda a utilização do método de simulação, que aponta o consumo energético da edificação.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Selo Procel Edifica, INPE, Eficiência Energética.