62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
AVALIAÇÃO DO ESTADO DE EUTROFIZAÇÃO DE UM ECOSSISTEMA LACUSTRE URBANO - LAGOA DE PARANGABA, FORTALEZA-CE
Francisco Diego Araújo Oliveira 1
Herivanda Gomes de Almeida 1
Isabelly Silva Lima 2
Raimundo Bemvindo Gomes 1
1. Departamento de Química e Meio Ambiente, Instituto Federal do Ceará - IFCE
2. Departamento de Eng. Hidráulica e Ambiental, Universidade Federal do Ceará - UFC
INTRODUÇÃO:

Os nutrientes são fatores essenciais para os processos biológicos, exigidos em maior quantidade pelas células vivas, sendo extremamente importantes ao equilíbrio do fluxo de energia e para a ciclagem da matéria no ecossistema. No meio aquático, os principais nutrientes são os compostos nitrogenados e fosfatados. Quando descarregados em águas naturais, estes e outros nutrientes presentes nos despejos provocam o enriquecimento do meio, tornando-o mais fértil e possibilitando o crescimento, em maior extensão, dos seres vivos que os utilizam, especialmente as algas. Este fenômeno é a eutrofização. A lagoa de Parangaba é um ecossistema natural muito impactado pela poluição. Entretanto, não há uma grande preocupação para preservá-la e conservá-la. A ação que mais afeta a qualidade ambiental da lagoa é a falta de infra-estrutura de saneamento, favorecendo o despejo de esgotos brutos ou não tratados eficientemente no seu interior. As diversas formas de poluição nesse corpo hídrico contribuíram para torná-la eutrofizada. Este trabalho objetivou avaliar o grau de trofia do ecossistema pela aplicação de três modelos de índices de estado trófico (IET): Carlson (1977), Toledo Jr et al. (1983) e Lamparelli (2004); utilizando dados quantitativos do aporte de nutrientes ao longo de oito meses.

METODOLOGIA:

A lagoa de Parangaba está inserida na bacia do Sistema Ceará/Maranguape, Fortaleza-CE, coordenadas geográficas: 3°33'977''S/ 38°46'85''W. As coletas foram realizadas durante os meses de janeiro a agosto de 2009, com freqüência bimestral. As amostras foram coletadas em três pontos da lagoa (entrada do tributário principal-P1, centro-P2 e sangradouro-P3), numa profundidade entre 30-50 cm.  A transparência foi medida in loco. Utilizou-se para coleta de Oxigênio dissolvido, frasco de DBO5, aferido, e para os demais parâmetros analisados usaram-se baldes de 5 litros, devidamente limpos. As amostras foram acondicionadas em caixas isotérmicas e mantidos entre 4 e 10°C e encaminhadas ao LIAMAR/IFCE para processamento imediato ou adequada preservação. Os parâmetros analisados, conforme diretrizes de APHA et al., 2005, foram: físicos- pH e transparência da água (Transp); químicos- oxigênio dissolvido (OD), nitrito (N-NO2¯), nitrato (N-NO3¯), nitrogênio amoniacal total (N-NH3), fósforo total (PT), ortofosfato solúvel (OPS), clorofila "a" (CL"a") . A legislação adotada para avaliação da lagoa foi a Resolução 357, de 17 de março de 2005 do CONAMA. E para avaliação dos IET's foram aplicadas as funções referentes aos modelos de Carlson (IETC), Toledo Jr. et al. (IETT) e Lamparelli (IETL).

RESULTADOS:

Os IETs foram calculados com base nos valores médios dos índices relativos a cada parâmetro considerado e a interpretação dos dados analíticos seguiu as diretrizes da Resolução nº 357/05 do CONAMA para águas doces - classe 2.

Os valores médios para os índices calculados foram: IETC - 79,79, classificando a lagoa como hipereutrófica; IETT - 76,01, enquadrando-a no nível eutrófico e IETL - 75,07, incluindo-a no estado hipereutrófico. Destaque-se para os IETT e IETC foram consideradas as concentrações de Transp, PT e CL"a". Já o IETL apenas as concentrações de PT e CL"a". A Transp não permite ter uma exatidão quanto a real estimativa da comunidade fitoplanctônica, pois na sua detecção é verificado material em suspensão composto pelas algas e outras substâncias químicas em estado coloidal. As altas concentrações de PT, CL"a" (acima dos padrões legais) e OD, pH confirmam o avanço do processo de eutrofização. Entretanto, os valores médios dos demais parâmetros (N-NH3 = 0,32, N-NO2¯ = 0,46, N-NO3¯ = 0,56 e OPS = 0,09), apesar de atenderem ao padrão legal, são nutrientes assimilados prontamente pela micro e macro biotas autotróficas, refletidos na cor excessivamente esverdeada da água e pelo excesso de vegetação aquática, especialmente o aguapé (Eichornia crassipes).

CONCLUSÃO:

Com base nos IETs calculados a lagoa de Parangaba apresentou-se hipereutrófica em toda sua extensão. Tal fenômeno relaciona-se diretamente com os pulsos poluidores contínuos a que o ecossistema está submetido, os quais superam sua capacidade de suporte, impedindo o processo de autodepuração. A falta de adequado saneamento básico na área e a excessiva ocupação irregular das faixas de preservação favorecem o lançamento de esgoto doméstico bruto e insuficientemente tratado por intermédio das galerias pluviais, a disposição inadequada de resíduos sólidos e a prática de atividades proibitivas como a lavagem de animais e de veículos também agravam a situação da poluição nesse ecossistema. Tal situação exige medidas, a curto e médio prazos, tais como: recuperação da vegetação ciliar; saneamento básico; desocupação da APP (Área de Preservação Permnente); e consistentes programas de educação ambiental construídos conjuntamente com a comunidade de entorno.

Instituição de Fomento: Laboratório Integrado de Águas de Mananciais e Residuárias-LIAMAR/IFCE. Prefeitura Municipal de Fortaleza/ACFOR
Palavras-chave: Lagoa de Parangaba, Nutrientes, Índice de estado trófico.