62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
Utilização de Parâmetros Físico-químicos e Químicos para Avaliação da Influência Antropogênica (Drenagem Urbana, Resíduos sólidos e Esgotos domésticos) sobre as Microbacias Litorâneas da ilha de São Luis (MA).  
Marcos Viniciuns Cassiano Pereira 1
Odilon Teixeira de Melo 1
Francisca Amaya Castillo 1
Paulo César Miranda de Melo 1
1. Departamento de Oceanografia e Limnologia - UFMA.
INTRODUÇÃO:

Os parâmetros físicos e químicos constituem uma ferramenta útil para avaliar as condições ambientais em ecossistemas aquáticos poluídos. Dentre estes se podem citar: a temperatura, condutividade elétrica, material particulado em suspensão, turbidez, pH, oxigênio dissolvido, nitrogênio, fósforo, os íons maiores (sódio, potássio, cálcio, magnésio, cloreto, sulfato e bicarbonatos) demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO) e coliformes totais e termotolerantes As microbacias litorâneas (riachos: Calhau, Pimenta, Urubu e Jaguarema) da ilha de São Luís vêm sofrendo uma degradação crescente em função do desenvolvimento urbano. A retirada da mata ciliar dos rios e riachos, os esgotos domésticos não tratados, resíduos sólidos, dentre outros constitui os principais problema da poluição aquática. Também a exploração em áreas mais elevadas para a retirada de material para a construção civil tem contribuído com a lixiviação e o transporte de materiais para os corpos d'águas. As microbacias acima citadas estão assoreadas e durante o período chuvoso ocorre o transbordamento para as áreas marginais. Este trabalho teve como objetivo avaliar, através de parâmetros físicos e químicos as condições atuais que se encontram essas microbacias. Também identificar as principais fontes de poluição e obter dados que sirvam como subsídios para os gestores públicos.

 

METODOLOGIA:

Foi realizada uma primeira amostragem no dia 18/03/2010 em cada microbacia próxima da área litorânea ( 1km) num ponto considerado como "Exutório" de cada bacia. A coleta das amostras se deu numa ponte existente na Avenida dos Holandeses que é paralela a faixa litorânea. "In situ" foram medidos alguns parâmetros físicos (temperatura, condutância específica, pH e oxigênio dissolvido) com medidor multiparâmetro. Além destas medidas determinou-se a velocidade e área transversal para cálculo da descarga instantânea e para a avaliação do fluxo de materiais para a região litorânea. As amostras foram coletadas diretamente em frascos de polietileno de um litro e armazenadas sob refrigeração até a chegada ao laboratório (≈1h) onde foram filtradas e analisadas para os nutrientes inorgânicos dissolvidos, íons maiores, demanda bioquímica e oxigênio (DBO), nitrogênio total, fósforo total, entre outros, utilizando-se técnicas analíticas volumétricas, fotométricas e espectrofotométricas Uv-Visível.

RESULTADOS:

 Todos os riachos apresentarem teor de oxigênio zero exceto o Jaguarema onde a concentração de oxigênio ficou em torno de 1,5mg/L. A condutividade elétrica variou de 551, 523, 314 e 146µS/cm, e o pH de 6,7; 6,5; 6,6 e 6,1; respectivamente, para as microbacias Calhau, Pimenta, Urubu e Jaguarema. Nesta mesma ordem os íons maiores (em mg/L) variaram de 26, 26, 18 e 12 para o sódio; 5,2; 4,2; 2,0 e 1,0 para o potássio; de 11,2; 8,8; 4,4 e 4 para o cálcio; de 11,5; 0,24; 2 e 2 para o magnésio; 42,0; 27,0; 28 e 17 para o cloreto; de 11,3; 10,9; 11 e 10,4 para o sulfato. A soma dos cátions foi de 47,6; 41,9; 36,7 e 25,0 e a soma dos ânions foram de 55,3; 38,7; 49,1 e 32,8 mg/L, respectivamente, para as microbacias Calhau, Pimenta, Urubu e Jaguarema. Observou-se a maior concentração de cátions e de ânions para a microbacia do Calhau e a menor para a microbacia do Jaguarema. Observou-se que existe uma relação da concentração total dos íons maiores com a condutividade elétrica, ou seja, a microbacia do Jaguarema apresentou menor concentração dos íons maiores dissolvidos e menor condutividade elétrica. A maior concentração de íons e de condutividade elétrica para a microbacia do Calhau. Esses dados indicam que existem processos naturais de lixiviação e processos antropogênicos que contribuem para essas diferenças da riqueza iônica nessas microbacias. Os valores da demanda bioquímica de oxigênio variaram de 219 mg/L (Calhau), 130mg/L (Pimenta) 12mg/L (Urubu) e 1,8mg/L (Jagurarema) e a demanda química de oxigênio de 320mg/L; 450mg/L; 32,0mg/L e 41,0 mg/L. Os valores de nitrogênio total e de fósforo total variaram, respectivamente, de 7,72mg/L e 0,78mg/L (Calhau); 8,42mg/L e 0,48mg/L (Pimenta); 1,45mg/L e 0,13mg/L (Urubu); 3,78mg/L e 0,11mg/L (Jaguarema) Pode-se observar que da microbacia Calhau apresenta maiores valores da DBO, DQO, nitrogênio e fósforo totais e a bacia do Jaguarema os valores mais baixos. Estes dados da DBO, da DQO e dos outros parâmetros acima confirmam que as microbacias Calhau e Pimenta estão mais poluídas quando comparadas com as demais. A microbacia do Jaguarema apresenta melhor qualidade ambiental por manter boa parte da sua mata ciliar, bem como receber uma menor carga orgânica dos esgotos domésticos. Os dados sobre as formas inorgânicas dissolvidas: amônio, nitrito, nitrato, fosfato e silicato bem seus fluxos do para a região costeira estão sendo apresentado em outro trabalho.

CONCLUSÃO:

Os dados acima apresentados mostram que as microbacias Calhau, Pimenta e Urubu estão poluídas e têm como fontes os esgotos domésticos, lixo domiciliar e a drenagem urbana. A capacidade de autodepuração destes corpos d'águas foi esgotada e o ambiente cada vez mais vem se tornando anaeróbio devido o grande aporte de matéria orgânica alóctone e o odor característico de gás sulfídrico A microbacia do Jaguarema apresenta uma qualidade ambiental quando comparadas com as outras acima citadas. O assoreamento dessas bacias, devido à urbanização, tem impedido a vazão natural do curso d'água e causado represamente das águas fluviais quando ocorre chuvas intensas coincidentes com as preamares de sizígia.

Instituição de Fomento: UFMA
Palavras-chave: Microbacias, Urbanização, Poluição.