62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
ESTUDO DO QUADRO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAGUAREMA - SÃO LUÍS (MA)
Cleane Silva Gonçalves 1
Andreia de Oliveira Conceição 1
José do Nascimento Santos 1
Lorenna Cutrim Santos 1
1. Universidade Federal do Maranhão
INTRODUÇÃO:
Os diferentes processos de uso e ocupação do espaço, fundamentados em uma visão setorizada dos elementos da paisagem, representam os principais fatores do desequilíbrio ambiental causados pela ação antrópica, especialmente quando ocorrem dentro de uma unidade ecossistêmica equilibrada como as bacias hidrográficas. Tais processos geram gradientes nocivos que atuam na descaracterização dessas unidades, tendendo a impactos ambientais de níveis variados. Na Ilha do Maranhão, estes processos são observados de maneira branda ou agressiva em quase todas as bacias hidrográficas, tendo como principal agente transformador a diversidade de uso e ocupação do solo. Cita-se de modo específico o rio Jaguarema (foco da pesquisa) cuja bacia hidrográfica já apresenta sinais de alerta quanto à necessidade de intervenções no sentido de controlar as alterações provocadas pelos usos e ocupações desordenadas na área, enquadrando-as na lógica da recuperação do potencial ecossistêmico local.
METODOLOGIA:
O presente estudo foi elaborado com base nos seguintes procedimentos metodológicos: reunião do material bibliográfico acerca da temática e da área em estudo; seleção cartográfica por meio da qual foi possível a delimitação da bacia, incluindo-se a adoção de imagens de satélite e fotografias aéreas através das quais identificou-se alguns focos da degradação da paisagem local; observações in locu, onde se pode averiguar com maior veracidade as alterações percebidas na fase anterior, aplicando-se ainda entrevistas (perguntas abertas) com os habitantes da áreas, captura de imagens fotográficas da vegetação, da rede hidrográfica e dos impactos percebidos; e análise dos dados coletados.
RESULTADOS:
De acordo com os levantamentos constatou-se que a bacia hidrográfica do rio Jaguarema apresenta um conjunto de danos ambientais decorrentes principalmente do uso irregular do solo observados na remoção da cobertura vegetal, descaracterização das nascentes, extração mineral, remoção do solo para a construção de habitações, descarte de resíduos sólidos nas encostas, lançamento de efluentes domésticos in natura, assoreamento das margens e canalizações. Tal processo apresenta efeitos negativos à medida que atua desequilibrando as funções orgânicas da ecótone local, entendida aqui como um sistema integrado, fixado numa relação de dependência mútua. Analisando a problemática, nota-se que as ações impactantes configuram um sério risco à "saúde" de toda a bacia. Ponderando-se a remoção da cobertura vegetal e do solo, bem como a disposição de resíduos sólidos nas encostas dos canais, verifica-se que uma grande quantidade de sedimentos é conduzida à calha principal, os quais ao acumularem-se dificultam o escoamento superficial, gerando erosão das margens e inundação da planície fluvial, bem como a colmatação do vale. Outro aspecto relevante é o lançamento direto dos efluentes domésticos nos córregos, causando a eutrofização das águas superficiais especialmente ao longo do baixo curso.
CONCLUSÃO:
A degradação ambiental que se processa como conseqüência do uso indiscriminado do solo tende a agravar os problemas já existentes na bacia hidrográfica do rio Jaguarema. Tendo em vista a fragilidade desta área, infere-se que o não equacionamento dos problemas ambientais existentes pode prejudicar a sustentabilidade local. Dessa forma, conclui-se que a bacia em estudo necessita de uma proposta de manejo, pois a intensidade e a extensão dos impactos ambientais ocorridos na área tornam urgente a recuperação e a manutenção de suas características ambientais naturais através da elaboração de projetos de recuperação de áreas degradadas e da aplicação de medidas apropriadas para a regeneração do ambiente. Diante deste quadro, é de extrema relevância que os setores responsáveis atuem na gestão dos recursos naturais e invistam em equipamentos e na capacitação de pessoas, no sentido de propor alternativas que auxiliem na busca da sustentabilidade local.
Palavras-chave: Degradação Ambiental, Uso e Ocupação, Planejamento Ambiental.