62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA ÁREA ADSCRITA DO PSF DE CIDADE NOVA
Nathália Tôrres Costa de Souza 1
Angélica Laura da Costa Bezerra 1
Rosimeire Fontes de Queiroz 2
1. Departamento de Enfermagem - UFRN
2. Profª. Ms./Orientadora - Depto.de Enfermagem - UFRN
INTRODUÇÃO:

A Estratégia Saúde da Família (ESF) objetiva levar ações de promoção, prevenção, e recuperação da saúde à família. Suas atividades estão centradas na atenção primária e tem como base a criação de vínculos de co-responsabilidade entre os profissionais e a população, promovendo um envolvimento integral e contínuo com a comunidade. O atendimento, que pode ser na Unidade Básica de Saúde ou em domicílio, atua sobre uma base territorial precisa e se responsabiliza por um determinado número de famílias. Com isso, busca-se substituir as práticas tradicionais, focadas na doença, por um trabalho de prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida. Neste sentido, estudantes da disciplina "Epidemiologia e Saúde Ambiental" se articularam com a Unidade Básica de Saúde do bairro Cidade Nova, localizado na Zona Oeste de Natal, com o propósito de criar um perfil epidemiológico que identificasse aspectos sócio-ambientais e de saúde na área adscrita da ESF, de acordo com dados primários e secundários do Sistema de Informação de Atenção Básica. Assim o objetivo do estudo é reconhecer fatores determinantes no processo saúde-doença do bairro, na perspectiva de se criar subsídios necessários para o planejamento de ações que promovam a melhoria da qualidade de vida dos moradores de Cidade Nova.

METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa de campo do tipo exploratório com abordagem quantitativa-descritiva. A coleta de dados se deu na área adscrita da UBS do bairro de Cidade Nova, através de dados primários coletados entre os dias 11 e 18 de maio do ano de 2009. Foi realizada por meio de uma amostra aleatória nas micro-áreas, a partir de um questionário contendo dez perguntas fechadas sobre: a sua responsabilidade com o meio ambiente; a sua participação na manutenção do meio ambiente; a coleta de lixo no bairro; a segurança pública do lugar; a poluição sonora local; o esgoto a céu aberto; a arborização do bairro; o escoamento da água da chuva; a pavimentação das ruas e a quantidade de áreas de lazer do bairro. Foram permitidas 5 opções de resposta: muito, regular, pouco, nenhum e não sabe. No total, foram entrevistadas 45 pessoas segundo a sua percepção sócio-ambiental e de saúde. Os dados secundários foram obtidos do Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB), como o consolidado das famílias cadastradas em 2009 da série histórica da produção, marcadores (PMA2) e situação de saúde (SSA2), e da Secretaria Municipal de Urbanismo (SEMURB), ano 2009.
RESULTADOS:
Em Cidade Nova, 49,34% da população têm entre 20 e 49 anos de idade. A taxa mais alta de analfabetismo de Natal é no local, sendo 64,89% das pessoas com 15 anos ou mais.  As casas de tijolo correspondem a 99.89% e a iluminação pública a 98.84%, promovendo maior segurança e conforto aos moradores.  99,4% da área coberta pelo ESF possui abastecimento de água, mas 57,84% a consome sem tratamento adicional, o que aumenta riscos de doenças de veiculação hídrica. 99,51% dos domicílios estão integrados no sistema de coleta do lixo, todavia, o excesso de dejetos nas ruas gera aumento da poluição, causando vários problemas de saúde. Nas entrevistas, grandes percentuais de queixas foram: a poluição sonora, o esgoto a céu aberto, a ausência de área de lazer e as péssimas condições da segurança e do escoamento de água da chuva, com valores de, respectivamente, 48,89%, 62,22%, 64,44%, 46,67% e 68,89%. Os fatores ambientais e as dimensões individuais e sócio-econômicas evidenciados determinam a qualidade de vida e interferem no processo saúde-doença desses moradores. Por exemplo, a mortalidade infantil apresentou um percentual de 16,67% e a única causa notificada foi diarréia, demonstrando um reflexo de condições sócio-econômicas e de saneamento, além das ações de atenção à saúde da criança.
CONCLUSÃO:

Diante dos dados analisados, conclui-se que as habitações são consideradas, em geral, boas, no que diz respeito à estrutura, energia elétrica, coleta de lixo e abastecimento de água. Porém, muitos não tratam a água, deixando-os vulneráveis a doenças de veiculação hídrica. Em relação à Percepção Ambiental, a maioria dos entrevistados se julgou responsável com o meio ambiente e relatou contribuir para a manutenção deste. Grande parte da população se queixa da presença de poluição sonora, da falta de segurança pública e principalmente do serviço de drenagem, sendo considerado o maior problema da comunidade, já que produz alagamentos. Como o acúmulo de água pode trazer prejuízos à saúde, é imprescindível a adoção de medidas de escoamento. O relato dos entrevistados de esgoto a céu aberto pode ser observado no passeio exploratório. Já os dados de mortalidade infantil refletem a importância de se reforçar a assistência da saúde dos mesmos. A prática deste trabalho levantou dados epidemiológicos essenciais para entender o bairro e sua dinâmica, assim como seus problemas sócio-econômicos e ambientais. A conscientização desses dados fornece subsídios para a implementação e melhoria de ações na comunidade, acarretando, conseqüentemente, em maior qualidade de vida da população em questão.

Palavras-chave: Perfil Epidemiológico, Área adscrita, Unidade Básica de Saúde.