Em ambientes aquáticos, a distribuição de elementos e compostos químicos é controlada por processos químicos, físicos e biológicos que determinam seus teores na coluna de água, nos sólidos suspensos e nos sedimentos. Os estuários são regiões de transição ecológica, servindo de berçário para muitas espécies marinhas. Atuam como filtros do transporte de materiais do continente para o oceano. Assim, metais pesados, termo genericamente utilizado para metais que causam efeitos deletérios ao meio ambiente, incluídos metais e semi-metais, por exemplo, Al, Pb, Cu, Fe, Mn e Zn podem ser retidos em sedimentos estuarinos. Entretanto, a atividade de organismos colonizadores dos sedimentos superficiais podem alterar o tempo de residência destes metais nos sedimentos. Este trabalho tem como objetivo avaliar e quantificar a acumulação de metais nos sedimentos superficiais associados com a presença de diferentes organismos colonizadores do sedimento, particularmente a Mytella falcata, algumas espécies de plantas como Avicennia sp. e Rhizophora mangle, algas bentônicas e macrofauna bêntica (eg. caranguejos) observados no estuário do Rio Jaguaribe (CE). |
Foram coletados perfis de 10 cm de sedimentos superficiais recobertos por diferentes organismos do estuário do Rio Jaguaribe, em duplicata. Os perfis foram coletados com amostrador tipo tubos de PVC de 10 cm de diâmetro e 20 cm de profundidade. Os perfis foram seccionados de acordo com a distribuição visual das camadas sedimentares e da extensão, em profundidade, da cobertura pelos organismos. Foram realizadas determinações na fração granulométrica total. As concentrações dos metais (Al, Cu, Fe, Mn, Pb, e Zn) foram obtidas a partir da digestão de 1g de amostra de sedimento (em duplicata), digeridas em micro-ondas (Mars Cem), com 12 mL de água régia (100%) (3 HCl: 1 HNO3). Os teores dos metais obtidos pelo método de digestão foram determinados a partir da leitura dos extratos obtidos, por espectrofotometria de absorção atômica de chama (AAS) modelo AA-6200 da Schimadzu, calibrado com soluções-padrões a partir da diluição de soluções de 1000 ppm de padrões MERCK.A certificação foi realizada com padrão de referência NIST1646a. O teor de MO foi determinado por gravimetria, na qual 2g de amostra foram calcinadas a 450ºC em forno mufla por 16h. |
Os teores de metais nos perfis sedimentares sob predominância da Mytella falcata variaram em relação às profundidades, com tendência a aumentos dos teores em superfície para Zn, Fe e Pb. As bases com média: 79,4 ± 1,5µg/g de Zn, 48,3 ± 1,2mg/g de Fe e 20 ± 0,4µg/g de Pb. O topo com média: 75,6 ± 2,1 µg/g de Zn, 44,5 ± 1,3mg/g de Fe, 19,6 ± 1,2 µg/g de Pb. Os demais metais (Al, Mn e Cu) apresentaram comportamento diferenciado 29,9 a 29,7mg/g de Al, 910,8 a 995,9 µg/g de Mn e 16,2 a 17,2 µg/g de Cu. Os perfis sedimentares sob influência da atividade de caranguejos apresentaram maiores teores de metais na base do perfil. Os teores encontrados variaram de: 5,6-6,9 µg/g de Cu, 24,1-31,4 µg/g de Zn, 455,4-495,6 µg/g de Mn, 17,1-21,2mg/g de Fe, 9,0-11,3mg/g de Al, 7,9-9,2 µg/g de Pb. No sedimento sem cobertura e no que havia predomínio de plantas superiores e algas os metais apresentaram a mesma tendência, onde o topo do perfil apresentou os maiores teores em relação à base do perfil: -sem cobertura: 12,8-10,4 µg/g de Cu, 61,6-46,8 µg/g de Zn, 963,2-810,5 µg/g de Mn, 38,75-31,5mg/g de Fe, 19,9-14,7mg/g de Al, 16,4-13 µg/g de Pb; -sob vegetação: 5,8-4,8 µg/g de Cu, 25,9-19,3 µg/g de Zn, 811-351 µg/g de Mn, 18,5-13,5mg/g de Fe, 9,0-6,7mg/g de Al, 7,2-5,1 µg/g de Pb. |