A falta de motivação é o principal causador para a insatisfação no trabalho dos profissionais de farmácia de manipulação. Nas seis farmácias que atendem as regiões sudoeste do estado da Bahia e norte do estado de Minas Gerais, observa-se que em virtude da natureza do trabalho desempenhado, que exige maior atenção, qualificação específica e habilidades peculiares, há um desgaste acima dos apresentados em outros setores do comércio, o que naturalmente reflete-se na insatisfação dos colaboradores desse setor e obviamente constitui um grande risco para o correto exercício da atividade laboral.  Ademais, a falta de motivação nesse segmento pode diminuir a qualidade do produto, resultando no comprometimento do tratamento do paciente e conseqüentemente influenciando de forma negativa na saúde da população.

Constatou-se que das pessoas que trabalham nas empresas, 59% são do sexo masculino enquanto 41% do sexo feminino. A vasta maioria dos colaboradores tem no máximo 34 anos, sendo que 46,15% estão na faixa etária menor que 25 anos. Há baixo índice do turnover (rotatividade), destacando que mais de 40 % dos trabalhadores trabalha a mais de 5 anos nas respectivas empresas. Para todos os colaboradores contratados no último ano, as empresas não são específicas quanto as suas perspectivas de progresso dentro da organização, e esse número cai para 79% se levados em consideração todos os colaboradores. O treinamento seja ele em forma de oferta de cursos ou promoção de meios para que o colaborador possa galgar a sua qualificação, foi abordado como um fator motivacional. Entretanto, para os colaboradores mais jovens (até no máximo 34 anos), as empresas falham quanto ao fornecimento de treinamento (59% acham que as empresas não fornecem treinamento suficiente para os colaboradores), enquanto a totalidade dos colaboradores acima dessa idade acha suficiente e satisfatório o treinamento fornecido pela empresa. Considerando que os colaboradores, mais velhos nas empresas, não raro são os que assumem as funções de liderança e supervisão, muitas vezes não conseguem ver as próprias limitações no exercício das suas funções. Apenas 23% dos colaboradores estão desmotivados ou muito desmotivados para o exercício do seu trabalho, enquanto 77% se dizem motivado ou muito motivado no seu trabalho. Embora a remuneração tenha um papel relevante na motivação dos colaboradores, a maioria (62%) deles atribui a motivação ao reconhecimento do seu trabalho e às perspectivas de crescimento. Todos os que estão desmotivados ou muito desmotivados atribui à falta de clareza das empresas quanto a um plano de carreira como um dos fatores que os desmotivam. Finalmente, o ambiente de trabalho, em especial a relação com colegas, é citado como fator motivacional sendo que a maioria dos funcionários experimenta um ambiente cordial embora alguns (15%) alegam ter uma relação apenas regular com os colegas de trabalho. Este fator quando em falta certamente influencia de forma negativa na satisfação do indivíduo com o trabalho.

A falta de motivação, portanto, é advinda de uma série de fatores. A remuneração é um fator motivacional. Com o passar do tempo na mesma organização os trabalhadores esperam um reconhecimento em forma de reajustes dos seus salários. Entretanto, o reconhecimento pelo serviço prestado ou pelo comprometimento do trabalhador com a empresa tem igual ou maior valia que a recompensa material. Treinamento, cursos e incentivos para que os colaboradores busquem melhor qualificação no trabalho são também importantes fontes de motivação. É necessário também que haja informações sobre as pretensões das empresas quanto ao futuro ou carreira dos colaboradores. Concludentemente deve-se dar atenção especial ao ambiente de trabalho. Ressaltando a teoria de Herzberg dos Dois Fatores, os fatores higiênicos que, entre outros, envolve status, remuneração, vida pessoal, relações interpessoais, e condições ambientais, são essenciais para motivação dos colaboradores e a sua falta causa desmotivação e alto índice de insatisfação.