62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
ANSIEDADE COMPETITIVA EM ATLETAS ESCOLARES DO RIO GRANDE DO NORTE
Cíntia Aracelli Borges de Souza 1
Gleidson Mendes Rebouças 2, 1
Humberto Jefferson de Medeiros 1
Maria Irany Knakcfuss 2
Marcos Vinícius Pereira Rufino 2
Henrique Machado do Vale 2
1. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte / UERN
2. Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte / FARN
INTRODUÇÃO:

A própria natureza do desporto e os estresses do ambiente competitivo colocam inúmeras exigências aos atletas. A competição desportiva acaba gerando pensamentos negativos, sendo considerada pelo atleta como ameaçadora, podendo, esses pensamentos, ter efeitos extremamente prejudiciais na performance desportiva. A relevância do estudo da ansiedade competitiva tem-se apresentado de forma contínua e crescente, tornando-se uma das variáveis mais investigadas pela psicologia desportiva desde a década de 1970. Para medir a ansiedade dos atletas, tem-se utilizado muito nos dias atuais um instrumento chamado CSAI-2 (Competitive State Anxiety Inventory - 2), que tem uma visão multidimensional da ansiedade competitiva, propondo-se, portanto, a avaliar a intensidade da ansiedade cognitiva (auto-avaliação negativa do atleta e preocupações sobre sua performance); da ansiedade somática (percepção do atleta dos aspectos fisiológicos da ansiedade, como frequência cardíaca aumentada, suores, etc.); além da autoconfiança (expectativas positivas de sucesso). Sendo assim, nosso objetivo foi conhecer e comparar os níveis de ansiedade pré-competitiva dos atletas juvenis participantes dos JERN´s (Jogos Escolares do Rio Grande do Norte), de acordo com o sexo e a modalidade esportiva.

METODOLOGIA:

A amostra foi composta por 359 atletas de ambos os sexos, participantes dos JERN´s da regional de Mossoró. Todos estavam inseridos na categoria Juvenil (16 a 18 anos), e participavam nas modalidades de Futsal (n = 207) e Handebol (n = 152), modalidades coletivas escolhidas por terem uma maior participação em todas as categorias. Deste total, 162 (45,1%) são do sexo feminino e 197 (54,9%) do sexo masculino. Para a obtenção dos dados, foi utilizado o CSAI-2 (Martens, 1990), questionário composto por 27 itens que abrangem 3 fatores (Ansiedade Cognitiva, Ansiedade Somática, Auto-Confiança). Os itens são afirmações sobre o avaliado onde o mesmo tem como possibilidade de resposta 4 opções em escala tipo Lickert (1 =Nada; 2 = Pouco; 3 = Bastante e 4 = Muito). Todos os questionários foram aplicados com até 30 minutos antes do início da partida e respondidos de maneira individual e voluntária. As equipes que aceitaram participar do estudo permaneceram no ambiente da competição para o preenchimento, sendo apenas, colocados em um local mais reservado, para que não houvesse nenhum tipo de influência externa nas respostas dos atletas. Foram descartados da amostra, todos os instrumentos que apresentaram falha no preenchimento (ausência de respostas ou rasuras).

RESULTADOS:

A partir da Análise Fatorial dos dados com Fatoração do Eixo Principal e rotação Varimax, foram encontrados 3 fatores acumulando um percentual de 41,4% da variância dos dados para a explicação do fenômeno. Foi apresentada boa consistência interna nos 3 fatores, com coeficientes Alpha entre 0,70 e 0,86. Após a Análise Fatorial, verificamos 14, 7 e 3 itens respectivamente para Ansiedade Cognitiva, Autoconfiança e Ansiedade Somática. Com a distribuição normal dos dados, através do r de Pearson, observamos uma correlação negativa entre a Ansiedade Cognitiva e a Autoconfiança (-0,37). Não existiu correlação significativa entre Ansiedade Cognitiva e Somática (- 0,09), e entre a Autoconfiança e Ansiedade Somática (0,22). Analisando a ansiedade competitiva em relação ao sexo, as meninas apresentaram valores médios de Ansiedade Cognitiva (2,27+ 0,60) maiores que os dos meninos (1,94 + 0,49). Já os meninos apresentaram maiores valores médios de Autoconfiança (2,84 + 0,62) e Ansiedade Somática (2,24 + 0,74) que os das meninas (2,54 + 0,61 e 1,91 + 0,64 respectivamente). Em relação às modalidades esportivas, não foram encontradas diferenças significativas. As comparações foram realizadas através do teste t de Student, com nível de significância de P < 0,05.

CONCLUSÃO:

A estrutura fatorial encontrada segundo análise exploratória dos dados apresentou discrepâncias com a teoria acerca do instrumento, já que 7 itens teoricamente ligados à Ansiedade Somática foram associados à Ansiedade Cognitiva e dos 3 itens da Ansiedade Somática, 2 são teoricamente relativos à Autoconfiança. A correlação negativa da Ansiedade Cognitiva com a Autoconfiança condiz com a teoria, devido à oposição entre Negativismo (Ansiedade Cognitiva) e Positivismo (Autoconfiança), sugerindo que altos níveis de uma impõem baixos níveis da outra. A baixa correlação entre Ansiedade Cognitiva e Somática (negativa) e entre Autoconfiança e Ansiedade Somática (positiva), pode ser explicada pelos 2 itens da Autoconfiança que estariam associados à Ansiedade Somática. Analisando os fatores de ansiedade competitiva da amostra segundo o sexo, observamos maiores níveis de Ansiedade Cognitiva nas meninas do que nos meninos, que por sua vez, demonstraram maiores níveis de Autoconfiança, concordando com a teoria de correlação negativa desses fatores. Não houve diferenças significativas entre as modalidades esportivas, associando-se ao fato das mesmas serem coletivas e praticadas in door, tendo características semelhantes.

Palavras-chave: Ansiedade Competitiva, Escolares, CSAI-2.