A implantação de um ambiente democrático na escola reveste-se de inúmeros entraves que limitam a efetivação desse processo, tendo como exemplo, a ausência de esforço coletivo para que essa democratização ocorra. Paro (2005, p. 162) argumenta sobre os entraves na implantação da gestão democrática "se pretendemos agir na escola, como de resto em qualquer instância na sociedade com vistas à transformação social, não podemos acreditar que já estejam presentes condições ideais que só poderão existir como decorrência dessa transformação". Então para que essa gestão ocorra é preciso haver uma transformação social, e que isso ocorra de fora para dentro da escola acreditando na gestão democrática como uma condição de construção coletiva de qualidade da educação que promova uma nova cultura de organização, é unindo teoria e prática que se busca essa alternativa como possibilidade de melhoras na escola pública. Desse modo, esta pesquisa procurou investigar os entraves para a gestão democrática na visão dos dirigentes das escolas de ensino médio do estado do Amapá na cidade de Macapá.

Participaram desta pesquisa 10 dirigentes de 10 escolas do ensino médio da rede estadual de ensino na cidade de Macapá, onde foi aplicado um questionário com cada um dos participantes com perguntas fechadas, onde as mesmas foram tabuladas e analisadas numa abordagem quantitativa.

Os resultados da pesquisa mostraram que 100% dos dirigentes estão no cargo por indicação política. Quanto à participação em curso de formação continuada em gestão escolar, 80% afirmaram já ter participado de algum curso, 20% disseram não ter participado. Quando indagados sobre o que entendiam por gestão democrática, 100% apontaram que é a participação dos membros da escola e da comunidade em geral nas decisões. Com relação à implantação da gestão democrática, 90% disseram ser a favor, 10% disseram ser contra. Em relação às dificuldades encontradas na implantação da gestão democrática, 34.4% responderam que era a falta de compromisso político, 27.5% apontam a falta de apoio da comunidade escolar, 17.1% falaram que era a falta de formação específica, 14% disseram ser a falta de mobilização da comunidade interna e externa à escola, 7% não responderam. Quanto aos benefícios da gestão democrática, 41% responderam a autonomia escolar, 31% a participação da comunidade interna e externa e 28% responderam ser a qualidade do ensino. Ao serem questionados sobre quais as principais responsabilidades de um gestor democrático, 55% falaram que era organização do conselho escolar, 28% disseram que era a manter conselho escolar ativo e 17% apontaram a prestação de contas com a escola.

Os resultados dessa pesquisa apontam a necessidade urgente da implantação da gestão democrática nas escolas estaduais do ensino médio do Amapá, por meio da eleição direta para diretores e implantação de conselhos escolares. Além disso, é necessário que a secretaria de educação do estado viabilize a existência de cursos de formação, periodicamente, sobre a gestão democrática na escola para dirigentes e conselheiros escolares. Por outro lado, a secretaria de educação precisa garantir a autonomia da escola, respeitando suas ações e apoiando suas decisões tomadas de forma democrática.