A presença dos pais na escola sempre foi motivo de reivindicação dos educadores, pois acredita-se que, conhecendo a proposta pedagógica da escola, os pais possam acompanhar e ajudar efetivamente no processo de ensino e aprendizagem e,  assim formalizar uma parceria. Mas, o que se constata ao longo dos anos e muito mais agora devido as novas organizações familiares, é a ausência no acompanhamento dos avanços e necessidades educacionais dos alunos/filhos, o desconhecimento da dinâmica escolar e a falta de referenciais no que se refere à autoridade sentida pelos alunos. Com isso, percebe-se a formação de grandes hiatos na relação escola-família gerando expectativas, transferências de responsabilidades e insatisfações. Neste sentido, as escolas preocupadas com essa situação tentam cada vez mais incrementar as "reuniões" como forma de chamar atenção dos pais e constituir nesses encontros/reuniões um momento rico de troca a partir dos trabalhos desenvolvidos pelos educadores com um número significativo de presenças.

A experiência relatada em uma escola particular no município de Natal/RN mostra que as Reuniões de Pais e Educadores podem ser bem sucedidas, literalmente, se a equipe diretiva planejar minuciosamente os momentos que serão partilhados; desde a divulgação até a avaliação do encontro. O que se pode ver como um diferencial nesta experiência é a acolhida às necessidades dos pais, não só o caráter informativo, mas a preocupação em oferecer possibilidades de orientações na educação dos filhos e acompanhamentos aos alunos nas atividades diárias. Respeitando o tempo do encontro, a diversidade das informações e o dinamismo nas falas. O objetivo do encontro era envolver as famílias a partir da socialização do projeto pedagógico dos anos iniciais do ensino fundamental, favorecendo uma maior integração entre a família e a escola.

O objetivo de socializar a reunião de pais e professores, sob a perspectiva da coordenação pedagógica, é possibilitar à equipe diretiva mais uma opção para envolver as famílias a partir da socialização do projeto pedagógico dos anos iniciais do ensino fundamental, favorecendo uma maior integração entre a família e a escola.

A experiência integra a pesquisa Conhecendo e Construindo a Prática Pedagógica cujo aporte metodológico é a pesquisa colaborativa. O Encontro de Pais e Educadores ocorreu no Colégio X da rede particular de ensino no dia 17 de março de 2009. O colégio está situado no bairro do Alecrim no município de Natal / RN, em que atuo como coordenadora pedagógica. O encontro contou com um total de 130 pais. Teve início pontualmente às 18horas e 30 minutos e encerrado, às 20 horas e 30 minutos, como havia no convite. Foi utilizado como estratégia para lembrá-los do encontro um convite enviado pelos alunos para casa, a divulgação no site da escola e faixas espalhadas pela escola. Os pais foram convidados a participar do encontro para conhecer o projeto de trabalho que foi desenvolvido durante o ano letivo de 2009, nos 4ºs e 5ºs anos do Ensino Fundamental. No encontro, também foram apresentadas algumas orientações de acompanhamento aos estudos, junto aos alunos -  O que fazer para ser um bom estudante: material escolar; organização e cuidado; uniforme; autonomia; espaço de estudo; rotina; pedir ajuda só quando necessário; tentar primeiro fazer sozinho; agenda escolar; estar atento às explicações; pesquisas; a importância da leitura; viajar é aprender.

O objetivo do encontro era envolver as famílias a partir da socialização do projeto pedagógico dos anos iniciais do ensino fundamental, favorecendo uma maior integração entre a família e a escola.

A acolhida e condução do encontro foram feitas pela coordenadora pedagógica que abriu o momento com uma apresentação em slides intitulada "Nó do afeto", de autor desconhecido (ver anexo) que conta a história de um pai que trabalhava o dia todo e não tinha tempo de ver e falar com o seu filho, então combinou com ele que toda noite ele iria dar um beijo de boa noite e para que o filho tivesse a certeza de que ele esteve em seu quarto, ele dava um nó na ponta do lençol. O nó era a comunicação entre eles.

No segundo momento, após a acolhida, a coordenadora continuou a conversa com os pais a partir do vídeo intitulado "Um pedido aos pais", também de autor desconhecido. Em que foram refletidas algumas atitudes como limites, disciplina, paciência, diálogo, segurança, autoridade, autonomia, liberdade e outros valores que podem favorecer a responsabilidade, a solidariedade, o fortalecimento da autoestima e os laços afetivos das crianças (em anexo). Em seguida foi convidada a orientadora educacional para pontuar e refletir junto aos pais, a partir da apresentação em slides, sobre as diferentes formas de acompanhamento e rotina de estudo no que se refere à rotina de estudo, acompanhamento das tarefas, responsabilidade e autonomia.

O encontro foi finalizado pela coordenadora com palavras de agradecimento aos pais pela presença e pela participação. Quando foi solicitado também que os mesmos fizessem, por escrito, a avaliação indicando os elogios e as sugestões para o próximo encontro. Neste momento, foi entregue um quarto de folha para que cada um pudesse responder e ser entregue a professora da sala.

No quarto e último momento o grupo de pais foi encaminhado para diferentes salas para que pudessem ouvir a apresentação da proposta de trabalho. Ficando assim distribuídos: 3 salas para cada uma das turmas do 4º ano - ABC, por serem polivalentes e uma sala maior  para todos os 5ºs anos - ABC (aulas por componente curricular). Foram convidadas as professoras polivalentes para acompanharem os pais das suas respectivas turmas, e os professores do 5º ano para permanecerem no local. Estavam presentes os professores de Língua Portuguesa, Matemática, História e Geografia, Ciências, Ensino da Arte, Filosofia, Ensino Religioso, Língua Inglesa e de Educação Física Infantil para expor os principais projetos que seriam desenvolvidos no ano de 2009, dando destaque para os projetos de Leitura e Escrita; Educação Matemática; Feira do Folclore; Trabalhando as Necessidades; Filosofia para Crianças; Viajar é Aprender; Projetos de pesquisa; Patrulha Ecológica; Jogos Infantis (JOI's); Ações de Solidariedade; Informática Educativa e Acompanhamento das Tarefas de casa e classe. Depois de certo tempo com os 5ºs anos os professores de Ensino da Arte, Filosofia, Ensino Religioso, Língua Inglesa e de Educação Física Infantil também passavam nas outras salas, já que eram os mesmos do 4º ano.

Um encontro como esse é muito esperado tanto pela equipe pedagógica como para os pais, pois há uma grande expectativa sobre o projeto da série que será vivenciado durante o ano, daí se explica a grande quantidade de pais presentes. Há também a presença de alunos (em média uns quinze) que também participam com alguns comentários... " Eu estou morrendo de vontade de conhecer a Mina Brejuí!" , aluno do 4º ano. ..."Para mim, o 4º ano foi o melhor! Adorei ", aluno do 5º ano. Ou como de outro aluno do 5º ano: "Professora, a viagem pode dividir?", dando um caráter para o encontro mais informal e interativo. Durante todo o tempo do encontro os pais participam perguntando "Todas as tarefas são feitas à noite quando chego do trabalho e ele não aguenta fazer. O que eu faço?; elogiando " Meu filho está adorando as aulas.Ele não vê a hora de fazer as provinhas" (a avaliação com notas inicia-se a partir do 4º ano), tirando as dúvidas" Professora, as tarefas de casa são corrigidas uma a uma?", já que as aulas já têm iniciado há mais de um mês. Existe uma preocupação muito grande por parte da equipe diretiva que tudo seja feito com muito carinho respeitando o tempo de duração do encontro (duas horas) e as falas dos pais. Dificilmente, há problemas (grandes embates). Primeiro por ser o primeiro encontro do ano e segundo pela acolhida que é feita, fazendo com que os pais sintam-se muito à vontade. As professoras também procuram caprichar na apresentação dos projetos de forma que eles saiam encantados!

O momento com a orientadora educacional também é bastante aguardado, já que os pais sentem-se um pouco perdidos para "dar conta" do novo desafio e, normalmente, a fala dela é muito tranquilizadora "Não estou trazendo receitas e também não devemos nos sentir culpados pela falta de tempo, mas vamos encontrar formas de qualificar os poucos momentos com as crianças". A todo instante nos mostramos disponíveis para quaisquer esclarecimentos, inclusive disponibilizando para os pais horários de atendimento individualizados, tanto para que possam falar com as professoras como com a equipe. Com este clima, a parceria de confiança se estabelece, o canal para críticas e elogios fica aberto e as pessoas responsáveis pelo processo ficam acessíveis e o encontro é avaliado positivamente como pode-se observar a partir desse depoimentos: "Parabéns pela organização da reunião, pela pontualidade e pelos esclarecimentos, espero que tenha outras do mesmo formato." "A reunião superou as minhas expectativas!" "Parabéns pela equipe de profissionais todos bem preparados. Adorei!" "Escolhi a escola certa para os meus filhos". "Da próxima vez sugiro que a reunião seja feita no sábado, para que não precise sair mais cedo do trabalho". Neste sentido, segundo Rubem Alves (2008) as nossas palavras se parecem como a flor do campo: uma bola de sementes brancas... Ou uma bola de sementes-palavra onde se encontram o sonho que se deseja plantar. Assim somos nós educadores.

Percebo que o papel do coordenador pedagógico seria desencadear ou fazer a leitura dos desafios e apoiar as pessoas no processo de aprendizagem (no seu próprio ou dos outros). "Tal ação implica uma capacidade de observação antecipada, de intervenção estratégica, de comunicação interpessoal e de persistência..." (ALARCÃO, 2001, p.37).

Esta é a escola que diariamente construímos, enquanto sonhadores de muitos mundos, com muitas faces e com um coração cheio de esperança.

Mas, obviamente o encontro não é perfeito, existem pontos que precisam ser melhorados, há pessoas que precisam estudar mais para conhecer profundamente a sua prática e a teoria que a embasa. Os desafios e os "medos" precisam ser encarados e, assim, superados. Neste sentido, a escola precisa ver-se enquanto uma instituição "aprendente e ensinante", para que os encontros não se tornem repetitivos, com caráter de cobrança, perdendo assim a confiança e a conquista do início. Este é o nosso grande desafio: insistirmos no novo, no encontro com a diferença e, sobretudo, com o nosso ideal de educação.

Para o próximo encontro penso reorganizar o momento para não sobrecarregar o tempo, pois há um volume de informação que poderia ser melhor aproveitado. Por isso, para a próxima penso apresentar somente as orientações de estudo e as propostas de trabalho dos anos de ensino e também convidarei alunos do ano anterior para que possam dar depoimentos em relação ao trabalho realizado.

Para o segundo encontro apresentarei a palestra sobre o papel dos pais no processo de desenvolvimento das crianças, assim, teremos mais tempo para o debate e outros pontos que possam ser acrescentados e ou retirados.