62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
O CUIDADO DE ENFERMAGEM E A PERSPECTIVA DA INTEGRALIDADE
Eumendes Fernandes Carlos 1
Francisco Rafael Ribeiro Soares 1, 2
Raquel Mirtes Pereira da Silva 1, 2
1. Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró/FACENE-RN
2. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN
INTRODUÇÃO:
Apesar de, do ponto de vista conceptual, os serviços de saúde brasileiros terem avançado muito na perspectiva de atender aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, e em especial o da integralidade, ainda se percebe que a realidade concreta dos espaços das práticas em saúde se conforma a partir de um modelo assistencial onde o corpo biológico, o saber médico e as tecnologias duras são centrais no cuidado. Este quadro demanda uma atuação profissional criativa, centrada no usuário e nas tecnologias leves, que primem pela autonomia do usuário a partir de uma clínica ampliada. Neste contexto, a enfermagem ocupa papel central por ser dentre as categorias profissionais de saúde aquela que passa mais tempo próximo ao usuário e, em face disto, tem maior disponibilidade à utilização de uma clínica ampliada com vistas à integralidade. Isto posto, questiona-se: de que forma se encontra articulado o trabalho dos enfermeiros ao princípio da integralidade? Quais os principais entraves para uma atuação integral desta categoria profissional? Objetivou-se, no presente trabalho, identificar aproximações e recuos que existam na prática dos enfermeiros em relação à efetivação do princípio da integralidade como norteador das práticas em saúde no SUS.
METODOLOGIA:
A pesquisa caracterizou-se como exploratória, descritiva, de abordagem qualitativa que utilizou como instrumento de coleta de dados entrevistas semi-estruturadas com seis enfermeiras, três da atenção básica e três do serviço hospitalar, além de captação da realidade e registros em caderno de campo. A pesquisa embasou-se metodologicamente em uma análise complexa de dados qualitativos que visa proporcionar reflexões acerca da prática profissional de enfermeiros, utilizando a técnica de análise de discurso, selecionando as seguintes subcategorias: integralidade, cuidado e humanização.
RESULTADOS:
O estudo possibilitou observar que ainda existe diversos modos diferentes desses profissionais encararem o SUS, alguns de forma positiva, enquanto outros de forma negativa. Percebeu-se também, que existem discrepâncias conceituais e conceptuais em relação à temáticas como cuidado em saúde, humanização e integralidade. As colaboradoras destacaram que vários são os entraves para a operacionalização do SUS nos moldes propostos pelo movimento sanitário, tais como a falta de compromisso profissional e de articulação entre os atores no âmbito dos serviços; o excesso de trabalho, de carga horária de serviço e a baixa remuneração; e até mesmo a falta de estrutura e condições de trabalho adequadas. A observação da realidade possibilitou a reflexão sobre outros obstáculos igualmente dificultadores da construção de um modelo assistencial integral, como a grande rotatividade profissional e a consequente falta de vínculo entre os trabalhadores, entre estes e os usuários e com o próprio serviço; o excesso de atividades burocráticas não vinculadas diretamente ao trabalho da enfermagem e a falta de sistematização do trabalho da enfermagem.
CONCLUSÃO:
Diante disto, percebe-se que a enfermagem pode, nos seus microespaços de atuação, propiciar mecanismos de construção de práticas integrais que se utilize de uma nova clínica, baseada na autonomia dos sujeitos e na co-participação dos atores. Para tal é necessário que os trabalhadores da enfermagem sejam criativos, humildes e que se empenhem de forma concisa na construção de um cuidado de enfermagem pautado nos princípios da humanização e da integralidade, sendo estes ancorados em um pensamento complexo que dê conta de entender e atuar em uma sociedade dinâmica e multifacetada. É fundamental também que os trabalhadores se unam na luta em prol de melhores condições de trabalho, melhores salários, desburocratização do serviço e diminuição da carga horária e do excesso de atividades.
Palavras-chave: Integralidade, Humanização, Cuidado em saúde.