62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 8. Teatro e Ópera
DE SIEGFRIED A PARSIFAL: O NASCIMENTO DO HOMEM TRÁGICO WAGNERIANO.
Francisco Alexsandro Soares Alves 1
Tassos Lycurgo Galvão Nunes 1, 2
1. Departamento de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
2. Prof. Dr. - Orientador
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho buscou traçar a concepção de homem através das idéias estéticas de Richard Wagner, compositor e dramaturgo alemão. Tal concepção de homem foi exposta em seus textos, por exemplo, em livros como A arte e a revolução e A obra de arte do futuro, além de alcançar caracterização dramática através de seu teatro, notadamente em seus dramas baseados em mitos nórdicos: O anel do nibelungo e Parsifal, tendo sido idealizado como uma antítese do indivíduo burguês de seu tempo.
METODOLOGIA:
Para o desenvolvimento dessa pesquisa, foi necessária a consulta aos textos básicos da poética wagneriana: A arte e a revolução, A obra de arte do futuro e Beethoven, além da análise de vídeos das óperas citadas na introdução. A leitura dos libretos também foi sobremaneira importante, sobretudo para uma comparação das situações dramáticas pelos quais passam os personagens Siegfried e Parsifal. Essa pesquisa está alicerçada, principalmente, na leitura e audição das obras de Richard Wagner. Também usou-se textos de Nietzsche que tratam sobre o wagnerismo.
RESULTADOS:
Durante o andamento da pesquisa muitas questões vieram à tona. Primeiramente, o motivo pelo qual a crítica especializada sempre colocava os personagens citados acima como indivíduos ideologicamente opostos, o que acabava por influenciar também a percepção desses personagens por parte do público apreciador de ópera. A questão é que geralmente se estuda Wagner através de textos de filósofos como Nietzsche, ao invés de ir diretamente aos textos do artista. O caminho seguido foi justamente esse: estudar os textos de Wagner em primeiro lugar e depois comparar com o que, por exemplo, Nietzsche analisa sobre o mesmo assunto.
CONCLUSÃO:
Na conclusão da pesquisa chegou-se às seguintes questões: primeiramente, os personagens Siegfried e Parsifal, diferentemente do que imagina o senso-comum e até mesmo filósofos como Nietzsche, não são antíteses um do outro. São, sim, faces complementares do ideal estético wagneriano: do homem artista. São realizações dramáticas que traduzem as idéias estéticas de seu criador. Em segundo lugar, esse homem artista não é um indivíduo que busca certezas ou verdades eternas, absolutas. Esse novo homem, representado em Siegfried e em Parsifal, busca a descoberta de suas próprias verdades, que são relativas se comparadas às verdades de outros, em oposição ao racionalismo da idéia de homem burguês iluminista, científico e acadêmico. Por fim, a questão da construção de uma bissexualidade também se fez notar na construção desses dois personagens.
Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior - CAPES.
Palavras-chave: Mito, Wagner, Richard (1813-1883), Homem.