62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
INFLUÊNCIA DOS PRINCÍPIOS DA EUTONIA NA PERCEPÇÃO DO ESTRESSE, DESCONFORTO CORPORAL E QUALIDADE DE VIDA EM OPERADORES DE CAIXAS DE SUPERMERCADO
Lorena Morais Silva 1
Angelo augusto Paula do Nascimento 1
Clarissa Altina Cunha de Araújo 2
Rodolfo Moura da Silva 1
Tiótrefis Gomes Fernandes 3
Larissa Bastos Tavares 1
1. Departamento de Fisioterapia, Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio
2. Departamento de Pedagogia Aplicada e Psicologia Educativa, Universitat de Les Il
3. Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal do Amazonas - Campus Médio So
INTRODUÇÃO:

O trabalho é uma das formas de satisfação da humanidade, portanto, pode ser fonte de adoecimento quando o trabalhador não suporta as demandas físicas e/ou psicossociais do trabalho, resultando em alterações fisiológicas e comportamentais o que caracteriza o estresse ocupacional. Independente dos fatores desencadeantes, o estresse produz respostas na saúde humana com características que permitem identificar não apenas a gravidade como também as dimensões fisiológicas, psicológicas, orgânicas e sociais implicadas; no entanto, o estresse em si não é patológico, sendo desta forma, uma resposta do organismo a uma situação ameaçadora, contudo, quando a resposta adaptativa não é alcançada, em casos de estresse excessivo e/ou contínuo, predispõe o surgimento de doenças. Nos estudos realizados sobre os efeitos do estresse no ambiente de trabalho, a função de operador de caixa de supermercado é um dos grupos ocupacionais apontados como susceptíveis aos efeitos deletérios, que surgem em número crescente. Em virtude disso, o presente estudo objetivou investigar as variações dos índices de estresse percebido, desconforto corporal e indicadores de qualidade de vida em operadores de caixa de supermercado submetidos ao relaxamento baseado nos princípios da Eutonia.

METODOLOGIA:

O presente estudo, aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da UFRN, caracteriza-se como experimental de grupo único, com aplicações pré e pós teste. A seleção do grupo amostral foi aleatório simples entre os trabalhadores de uma rede de supermercados colaboradora, que conta com um total de 6 (seis) lojas na cidade de Natal-RN. Fizeram parte da amostra 9 (nove) operadores que aceitaram participar voluntariamente da pesquisa, com a assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido, e que estiveram dentro dos seguintes critérios: para inclusão foi considerada a participação em pelo menos 70% do número total de intervenções; trabalhar no turno diurno, e estar na função a pelo menos um ano. Para a exclusão: não participar da intervenção por três vezes consecutivas e gozar de férias no período de intervenção. Foram realizadas 10 intervenções, em sala adaptada no próprio ambiente de trabalho, com freqüência semanal, e 2 avaliações (pré e pós intervenção), que constaram de um questionário de identificação geral, Questionário do Estresse Percebido de Levenstein (QEPL) na forma Recente, protocolo adaptado de Zabel e McGrew (1997), para avaliação do desconforto corporal e o Medical Outcomes Studies 36-item Short-Form (MOS SF-36) para avaliar a qualidade de vida (QV).

RESULTADOS:

Quanto aos dados avaliados no questionário de avaliação geral, observou-se que a maioria da amostra foi composta por indivíduos do gênero feminino (67%), solteiros (88%) e que não praticam atividade física (89%). Todos os indivíduos referiram dor durante ou após o trabalho e 56% da amostra da se ausentou do trabalho devido a quadros álgicos. A posição apontada como mais incômoda foi a sentada (67%). Os resultados referentes à percepção do estresse identificou sinais modestos de estresse, tendo em vista a média inicial do QEPL ter apresentado índice de 0,49. Verificou-se que houve uma redução estatisticamente significativa do índice de estresse percebido (QEPL inicial: 0,49; QEPL final: 0,37); as queixas de desconforto corporal mostraram-se discretamente reduzida (inicial: 59; final: 57) e os níveis de sensibilidade destes desconfortos aumentaram (inicial: 609; final: 675), portanto, ambos com pouca significância estatística. Os indicadores de QV apresentaram aumento estatisticamente significativo (inicial: 494,59; final: 611,46). Foi observada alta correlação do QEPL com os índices de QV (R inicial: 0,996; R final: 0,812).

CONCLUSÃO:

Desta forma, podemos concluir que a inatividade física pode influenciar na presença das queixas álgicas apresentadas pelos sujeitos e que a profissão de operador de caixas de supermercados exige uma demanda física que pode predispor o surgimento de algias e desconfortos corporais. A técnica de relaxamento empregada foi eficaz para a diminuição dos níveis de estresse percebido através do QEPL, o que nos faz sugerir que o relaxamento pode ser uma alternativa para melhorar o controle ou administração de um mecanismo estressor e melhorar os indicadores de QV, tendo em vista a evidência de forte relação entre essas variáveis. Quanto ao aumento dos níveis de sensibilidade, sugerimos que uma melhora na consciência corporal que possa ter sido proporcionada pela Eutonia, faça os indivíduos perceberem e relatarem seus desconfortos com mais clareza. Sugerimos a realização de mais estudos nessa temática que utilizem um maior número de sujeitos e que os sujeitos sejam submetidos a mais sessões de relaxamento, para que questões sobre a eficácia das técnicas de relaxamento no controle de mecanismos estressores possam ser elucidadas.

Palavras-chave: estresse laboral, desconforto corporal, eutonia.