62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
estrutura populacional de Perciformes do baixo rio capibaribe, pernambuco
Douglas Bastos de Melo Junior 1
Igor Sigifroi de Lima Serbino 1
Maíra Nanashara Silva Santos 1
Danilo José Pastor 1
Íris Barreto Januario Silva 1
Simone Ferreira Teixeira 2
1. Lab. de Ecologia de Peixes Tropicais, ICB, UPE
2. Profa. Dra./Orientadora - Lab. de Ecologia de Peixes Tropicais, ICB, UPE
INTRODUÇÃO:

Os rios, quando bem geridos, são coletores naturais refletindo assim o uso e a ocupação do solo das suas margens e de sua bacia de drenagem (GOULART & CALLISTO, 2003). Atualmente, esse ambiente vem sofrendo com ações antrópicas, que contribuem com a redução da qualidade ambiental, fazendo com que haja uma diminuição da biota aquática e um comprometimento do sistema biológico (ARIAS et al, 2007). Deste modo, a função de servir como local de abrigo, alimentação e recrutamento fica comprometido, fazendo com que haja uma ação seletiva dentre os peixes.

Segundo CASTRO (2001) o estudo da dinâmica populacional em estuários, se faz necessário para um melhor conhecimento ictiofaunístico, visto que esta é a área de maior produção pesqueira brasileira, considerando os recursos pesqueiros em outros ambientes com menos de 200 metros de profundidade.

Nas áreas estuarinas e marinhas são encontrados peixes com importância econômica, dentre eles podemos destacar a ordem Perciformes, que compreende aproximadamente 10.000 espécies (NELSON, 2006).

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a estrutura populacional das espécies da ordem Perciformes, do baixo rio Capibaribe, em Recife, a fim de contribuir na conservação das mesmas.

 

METODOLOGIA:

A coleta foi realizada no bairro da Torre e na Ilha do Retiro, com rede de arrasto com 20 m de comprimento, 1,5 m de altura, e malha de 5 mm de entrenós , bimestralmente, de outubro de 2006 a dezembro de 2009. Os indivíduos foram etiquetados e acondicionados, fixados em formol a 10%, identificados, medidos (0,1 cm) e pesados (0,01 g). 

Foi utilizado a metodologia adaptada de GARCIA et al. (2001),onde espécies abundantes foram aquelas em que a captura percentual (PN%) foi maior que a razão 100/S, onde S indica o número de espécies amostral. Enquanto que, as espécies muito freqüentes foram aquelas onde a freqüência de ocorrência (FO%) foi maior do que 86,6%; freqüentes onde (FO%) esteve no intervalo de 86,6% e 50% e pouco freqüentes quando (FO%) foi menor do que 50%.

Com a combinação (PN%) e (FO%), as espécies foram agrupadas como: pouco abundantes e pouco freqüentes (PA-PF), pouco abundantes e freqüentes (PA-F), pouco abundantes e muito freqüentes (PA-MF), abundantes e pouco freqüentes (A-PF), abundantes e freqüentes (A-F), e abundantes e muito freqüentes (A-MF). A ANOVA um critério foi utilizada para verificar diferenças de densidade e biomassa entre os períodos seco e chuvoso, ao nível de significância de 0,05 (Zar, 1996).

 

RESULTADOS:

Foram coletados 1949 peixes, distribuídos em 7 famílias e 13 espécies. As famílias mais abundantes foram Cichlidae, 42,64%; Gobiidae, 35,30%; e Gerreidae, 18,37%. As espécies classificadas como A-F foram Oreochromis niloticus (42,64%) e Ctenogobius boleosoma (24,37%).

A abundância de O. niloticus está relacionada a suas características, pois essa é tolerante às variações ambientais, possui comportamento territorial e é onívora (ATTAYDE et al., 2007). Estas características são que, provavelmente, permitem a abundância desta espécie no rio Capibaribe.

O maior número de peixes foi capturado no período seco (1810 ind.), sendo que no chuvoso houve 139. O teste KW indicou que há diferença significativa de densidade entre o período seco e chuvoso (p=0,0224). Com relação à biomassa total a mesma foi de 6978,905g/100m2 e o mês com maior biomassa foi outubro/06 (1629,65g/100m2). As espécies que mais contribuíram para a biomassa foram O. niloticus (2702,855g/100m2) e C. boleosoma (1221,8g/100m2). Apesar do período seco apresentar maior biomassa, o teste KW não indicou diferença significativa entre os períodos (p=0,4517). A diferença sazonal na densidade da ictiofauna também foi observada por SPACH et al. (2003), na baía de Paranaguá, estando associado a maior agregação de algumas espécies.

 

CONCLUSÃO:

Oreochromis niloticus foi à espécie mais abundante e freqüente, demonstrando estar adaptada às variações ambientais do sistema estuarino. A diferença na densidade das espécies, entre os períodos, indicam que os Perciformes são mais abundantes no período seco, provavelmente, por coincidir com o período reprodutivo de muitas destas espécies.

Palavras-chave: Ictiofauna, Estuário tropical , Nordeste.