62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE ALAGOINHAS/SEDE
Martha Benevides da Costa 1
Nilton Conceição de Jesus 2
Juliana Victória 3
1. Prof. Ms.-Dpto de Educação-Universidade do Estado da Bahia/UNEB
2. Acadêmico-Dpto de Educação-Universidade do Estado da Bahia/UNEB
3. Acadêmica-Dpto de Educação-Universidade do Estado da Bahia/UNEB
INTRODUÇÃO:

Tratou-se de uma pesquisa com o objetivo de diagnosticar a realidade do trabalho escolar em relação à Educação Física nas escolas municipais de Alagoinhas/SEDE. Esta necessidade surgiu do contato cotidiano com algumas escolas nas atividades de estágio curricular e da observação de práticas de Educação Física diversas e confusas: escolas nas quais os docentes que ministravam aulas de Educação Física tinham formações as mais diversas e que, por não conhecer a área, reduziam as aulas a atividades teóricas que tinham base em revistas de circulação comercial, como a Revista Boa Forma; ausência de Educação Física; professores de Educação Física que tinham em testes de aptidão física o seu principal objetivo e ponto de avaliação. A relevância de tal diagnóstico está na possibilidade de identificar a realidade da Educação Física no município e, a partir de então, articular ações no campo da pesquisa e da extensão universitária que possam gerar uma transformação qualitativa no que diz respeito à presença e à condição da Educação Física como componente curricular nas escolas da cidade em questão.

METODOLOGIA:
Tratou-se de um levantamento quantitativo realizado na cidade de Alagoinhas/BA, especificamente nas escolas de regime administrativo público geridas pelo município. Solicitamos da Secretaria Municipal de Educação informativo de todas as escolas. De posse destas, identificamos um universo de 43 escolas na Sede do município e aplicamos um questionário semi-aberto em 35 escolas da zona urbana. A tentativa foi aplicar o questionário em todas as escolas, mas algumas não estão mais em funcionamento e outras não aceitaram participar do estudo. Os sujeitos que responderam o questionário eram aqueles disponíveis na escola no momento de nossa visita para realizar tal tarefa, sendo que 10 foram respondidos pelo diretor; 7, vice-diretor; 5, coordenador; 1, orientadora educacional; e, 12 por professores que ministram atividades com o eixo corpo e movimento sem formação em Educação Física. Os dados foram analisados estatisticamente. Para fins deste resumo, destacaremos os aspectos mais significativos a partir da frequência numérica das respostas.
RESULTADOS:
Das escolas pesquisadas, 4 possuem Educação Física, 30 desenvolvem trabalhos com o eixo corpo e movimento. Entre as instituições, 32 consideram necessária a Educação Física para promover desenvolvimento motor, gasto de energia, sair da sala de aula e o bem à saúde. Dos professores que ministram essas atividades, apenas 01 é formado em Educação Física. Quanto aos objetivos pedagógicos os mais presentes foram socializar-se, conhecer e exercitar o corpo, ter limite e respeitar regras. Sobre os conteúdos, em 17 das escolas apareceram mais vezes jogo, música, iniciação esportiva, futebol e nomes de outras disciplinas (português, ciências e matemática). Somente 7 escolas realizam avaliação. Sobre o objetivo desta, em 6 escolas afirmou-se observar a participação, freqüência às aulas, desenvolver melhor o trabalho, respeito ao outro, superação dos limites do corpo, observar o comportamento, diagnosticar a saúde do aluno, saber se os alunos gostam da aula. Em relação ao espaço para as aulas, 12 escolas tem sala, pátio ou campo. 8 tem pátio ou campo e não usam a sala de aula. 5 tem somente a sala de aula. 4 possuem sala, pátio, campo e quadra. 1 utiliza somente a quadra. A maioria das escolas (25) afirma sentir falta de acompanhamento pedagógico.
CONCLUSÃO:
Os resultados confirmam outros estudos que encontram uma Educação Física escolar transitando entre o fazer por fazer (SOUZA JUNIOR, 2001) e práticas pautadas em representações advindas da história cultural da Educação Física (VAGO, 2003). Concordamos, então, com Vago (2007) e Bracht (1999) que a produção de conhecimento científico da área parece não chegar às escolas. Não há clareza em relação aos conteúdos e objetivos específicos da Educação Física, o que é condição para que a mesma se constitua um componente curricular legítimo (SOUZA JUNIOR, 2001; BRACHT, 2001). A avaliação é um elemento desprezado na maioria das práticas e, quando realizada, apoia-se em aspectos disciplinares e/ou biológicos, que são meritocráticas e classificatórias (SOARES, ET AL, 1992). Quando não, aparece um elemento subjetivo. Todavia, Freitas sugere que a avaliação seja um elemento sistematizado em relação aos objetivos de ensino e aprendizagem. Esta realidade faz emergir a necessidade de ações articuladas ente Universidade e rede educacional no sentido de transformar qualitativamente o trabalho pedagógico com a Educação Física no município de Alagoinhas e garantir o acesso à cultura corporal nas escolas.
Palavras-chave: Educação Física, Escola, Trabalho pedagógico.