62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA: FÍSICA E ARTE NA FEIRA DE FAGUNDES
Anderson Alves de Lima 1
Samuel dos Santos Feitosa 1
Janaelson Abílio da Silva 1
Marcelo Gomes Germano 2
1. Depto de Física, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
2. Prof. Dr. Orientador - Depto de Física, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
INTRODUÇÃO:
A sociedade está vivendo um momento no qual a ciência e a tecnologia encontram-se inseridas de forma direta ou indireta na maioria de seus espaços. Não se restringem apenas aos meios acadêmicos e escolares, mas invadem muitos outros setores sociais em um ritmo acelerado em que as pessoas não conseguem absorver, compreender e perceber de forma crítica a sua presença, linguagem e influência. Isso caracteriza mais uma forma de exclusão social, no qual várias pessoas permanecem alheias ao desenvolvimento científico-tecnológico. Foi no contexto dessa problemática que surgiu o Projeto "Exposições Itinerantes de Ciência e Tecnologia: uma experiência no interior paraibano",desenvolvido a partir de uma parceria entre o Departamento de Física da UEPB e o CNPq (Edital no 12/2006) com o apoio dos Municípios envolvidos. Conforme as metas previstas, entre novembro de 2006 e abril de 2009, o projeto realizou 12 visitas prévias, 12 palestras e 12 exposições de ciências e tecnologia em pequenas cidades do interior paraibano, totalizando 36 eventos. Neste trabalho objetivamos avaliar a participação e reação do público frente a uma destas intervenções: a exposição realizada no Município de Fagundes-PB, quando da visita do grupo de popularização e comunicação pública da ciência àquela cidade.
METODOLOGIA:
A investigação foi construída a partir da observação participante e através de entrevistas orientadas por um questionário estruturado a partir de questões fechadas. Também foram feitas entrevistas abertas que se caracteriza como importante técnica que permite uma interação face a face e uma aproximação entre as pessoas, com a possibilidade de penetração na vida e nas concepções dos envolvidos. No que se refere a caracterização do público, neste universo da educação informal, não se tem um público permanente, homogêneo e de fácil caracterização, pois, existem dificuldades de trabalhar com o conceito de popular como um conceito unívoco. Contudo, podemos assumir como hipótese que os participantes foram preferencialmente trabalhadoras e trabalhadores rurais, estudantes de escolas públicas, operários, ambulantes, desempregados e todos os que eventualmente circulam em feiras livres dessa natureza. Foram entrevistadas 32 pessoas de várias idades e nível de escolaridade. Eram estudantes e trabalhadores de diversas classes sociais.
RESULTADOS:
A intervenção foi dividida em três momentos: visita prévia, para que se conhecessem algumas características da população e do ambiente da realização da exposição. Em seguida foi proferida uma palestra cujo tema foi "Aquecimento Global: será que a Terra está morrendo? Por fim foi realizada a exposição de ciências (Física) no espaço da feira do Município, com aparelhos construídos de forma rústica e artesanal pelos integrantes do grupo. As pessoas chegavam de todas as partes para interagir com a exposição. Ao serem perguntados se já haviam participado de um evento como aquele, apenas 28,1% pessoas afirmaram que sim. Todas afirmaram a importância da exposição para a cidade. Isso mostra a necessidade de iniciativas políticas para se levar a ciência e outros setores acadêmicos a também dialogarem de forma mais direta sobre algumas questões importantes para a sociedade. O mais sério desafio para o grupo tem sido a questão da linguagem: como dialogar sem carregar no discurso acadêmico? Assim, os entrevistados foram perguntados sobre a linguagem utilizada pelos integrantes do grupo ao tentarem dialogar sobre alguns fenômenos, 53,1% considerou o discurso dos estudantes compreensível, mas 3,1% achou a fala dos animadores muito científica e 43,7% preferiu caracterizá-la como bem popular.
CONCLUSÃO:
Os resultados servem de motivação para os que compõem o grupo, que se está no caminho correto. Os achados obtidos nesse terreno de experiência conquistado através do diálogo entre pessoas de várias idades, meios de vida, escolaridades e profissão diversas, foram satisfatórios aos objetivos. Grande é a complexidade envolvida no envolvimento do conhecimento científico com os saberes populares e de senso comum. As lembranças são inesquecíveis para muitos que estavam presentes em algumas ou todas as três etapas desenvolvidas. Foi um momento marcante para o público e os integrantes do grupo. Este é um trabalho que aproxima as pessoas, revelando que o homem comum e de saberes práticos pode dialogar e compreender perfeitamente alguns assuntos da ciência, sobretudo, quando atraído por uma curiosidade prática e desafiadora. Mostra que não existe um único caminho a ser seguido, em que se busca aproximar as pessoas dos meios acadêmicos, mas que também se deve aproximar a academia das pessoas que compõem outras esferas da sociedade. Nessa experiência não houve uma hierarquização entre conhecimentos ou pessoas, existiu a busca do diálogo e do respeito entre todos. Muitas outras questões relacionadas foram abordadas, mas considerando os limites desse resumo, não foram detalhadas aqui.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Ciência, Arte, Ensino.