62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
CONSEQÜÊNCIAS CAUSADAS PELO ESTRESSE HÍDRICO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA RADICULAR DA FLORESTA NACIONAL DE CAXIUANÃ, PARÁ, BRASIL
Mábia Maria Duarte Alcântara 1
Rhayza Alves Figueiredo 1
Rodrigo Pinto Chaves 1
Rafael Ferreira da Costa 2
Maria de Lourdes Ruivo 2
1. Curso de Engenharia Florestal / UFRA
2. Coordenação de Ciência da Terra e Ecologia / MPEG
INTRODUÇÃO:
As plantas apresentam diferenças na biomassa, distribuição vertical, transferência e na profundidade máxima das raízes, isto influencia nos fluxos de água, carbono, nutrientes e, na distribuição e atividade da fauna no solo. A distribuição de carbono nas raízes tem função importante no ciclo de carbono global e, desde que a produção de raiz foi sugerida na contribuição do carbono que é regularmente ciclado pelas florestas, obter estimativas precisas de biomassa no subsolo é fundamental para este entendimento. Cerca de 20% da biomassa total das florestas está abaixo do solo, porém, mais da metade do carbono absorvido pode estar alocado abaixo da superfície. Conteúdos entre 50 e 80% das raízes são encontrados nos primeiros 0,30 m do solo. A produção primária de nutrientes distribuída no subsolo é normalmente maior que a exposta sobre o solo. As raízes finas contribuem de maneira igual ou superior às folhas com o carbono e os nutrientes no solo. As informações obtidas nesta pesquisa têm relevância para a ampliação do conhecimento científico sobre mais um bioma da Amazônia, objetivando conhecer as relações existentes entre eventos meteorológicos e as variações no crescimento radicular da Floresta Nacional (FLONA) de Caxiuanã.
METODOLOGIA:
A Estação Científica Ferreira Penna - ECFPn ocupa 10% da área da FLONA de Caxiuanã, uma reserva com 330.000 hectares de floresta primária, em Melgaço, a 400 km a Oeste de Belém do Pará. A FLONA de Caxiuanã agrega ricos ecossistemas vegetais, em vários ambientes, como a floresta densa de terra-firme e de igapó. O experimento tem duas parcelas (A e B) de 1 hectare cada uma. A parcela A é usada como referência e na parcela B se fez a exclusão por painéis plásticos, de aproximadamente 98% da água da chuva. Nas análises meteorológicas utilizaram-se dados da estação automática, que funciona desde o ano 2000. A quantificação da taxa de crescimento de raízes foi obtida pela inserção de 10 Rhizotrons, que são câmaras posicionadas no solo que possibilitam o acompanhamento do crescimento das raízes, sendo cinco em cada parcela. Para a determinação da biomassa das raízes, classificaram-se as raízes finas como as que têm um diâmetro menor que 1,0 mm, as raízes médias com diâmetro entre 1,0 e 3,0 mm e as raízes grossas as que possuem um diâmetro maior que 3,0 mm. Os dados foram obtidos no período de novembro de 2008 a março de 2009. No material coletado, foram realizados os seguintes procedimentos; triagem, escaneamento, secagem e pesagem em balança de precisão para análises posteriores.
RESULTADOS:
O crescimento linear médio das raízes foi maior na parcela A em relação à parcela B, 1,74 e 1,57 mm dia-1, respectivamente. Mesmo a parcela A dispondo de mais umidade no solo no período. Na parcela B os valores foram de 1,43 e 0,29 mm dia-1 para as raízes finas e grossas, respectivamente. Enquanto na parcela A as raízes finas e grossas cresceram 1,38 e 0,07 mm dia-1, respectivamente. Já as raízes médias apresentaram crescimento médio diário maior na parcela A do que na B, 0,29 e 0,07 mm dia-1, respectivamente. Para a parcela B, os incrementos da biomassa das raízes finas e grossas foram de 1,72 e 0,47 Mg mês-1, respectivamente. A característica das raízes finas de buscar de água no solo, e sabendo-se que na parcela B ocorre a exclusão de água, faz com que estas raízes apresentem maior crescimento nesta área. Para parcela A os incrementos de biomassa foram de 1,66 e 0,28 Mg mês-1 para as raízes finas e grossas, respectivamente. Para as raízes médias o aumento da biomassa na parcela A foi de 1,42 Mg mês-1, superior ao da parcela B de 1,01 Mg mês-1. Na parcela B, os incrementos anuais da biomassa média de raízes finas e grossas foram de 20,7 e 5,7 Mg ha-1 ano-1, respectivamente. Enquanto que na parcela A foram de 19,9 e 3,5 Mg ha-1 ano-1 para as finas e grossas, respectivamente.
CONCLUSÃO:
Fenômenos meteorológicos cíclicos como o El Niño - o aquecimento acima do normal das águas do oceano Pacífico equatorial - que normalmente provocam excessos de chuvas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, atingem de forma inversa algumas partes da região amazônica, reduzindo a quantidades de precipitação pluvial. Esses eventos causam períodos de estresse hídrico para a vegetação, mesmo para as árvores de grande porte. A escassez de água no solo provoca uma maior necessidade de busca de água pelas raízes finas, fazendo com que elas se desenvolvam mais durante os períodos de seca.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Amazônia, Crescimento de raízes, El Niño.