62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem
O PAPEL DAS INTERAÇÕES ESCOLARES NA APRENDIZAGEM, SOCIALIZAÇÃO E FORMAÇÃO DA SUBJETIVIDADE DOS ALUNOS: UM ESTUDO DE IMAGENS PARADAS
EMILIE FONTELES BOESMANS 1
RENATA CRISTINA FAÇANHA DE MENESES 1
ANA IGNEZ BELEM LIMA NUNES 1
1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
INTRODUÇÃO:
Este trabalho parte da pesquisa Aprendizagem e Desenvolvimento Concepções, Práticas e Interações no Espaço Escolar, realizada pelo Laboratório de Aprendizagem, Desenvolvimento e Subjetividade (LADES) entre 2007 e 2009. Objetivamos compreender os processos interativos dos alunos no cenário escolar. Para tanto, utilizamos o recurso de imagens fotográficas e a observação. Tais imagens retratam situações rotineiras na escola: as aulas, o intervalos, as feições dos alunos e professores, além da utilização da arquitetura da escola pelos alunos em seus variados processos de interação. A análise de imagens paradas da dinâmica escolar é importante quando mostra a rotina do colégio, permitindo-nos adentrar diversas variantes institucionais como ambiente e formatação da sala de aula, a distância entre professor e alunos, permitindo-nos identificar os processos e cenários de interação social, presentes no cotidiano da escola.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado a partir da seleção de duas escolas da Rede Pública Municipal, tomando como critério de qualidade educacional (uma com alto e outra com baixo rendimento no SAEB e SPAECE). Utilizamos a metodologia qualitativa com procedimentos de observação e realização de fotografias, aprovados em 2008 pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual do Ceará. Os sujeitos participantes da pesquisa foram os professores do Ensino Fundamental, pois acreditamos que a figura deste como mediador intervêm na aprendizagem. Visando contribuir com os aportes da Psicologia da Educação para o campo da formação docente, buscamos, a partir das observações da dinâmica escolar analisar as interações alunos-alunos e professores -alunos. Essa inserção para coleta de dados se deu em diferentes dias e horários da rotina escolar. As fotografias foram catalogadas segundo o procedimento de categorias temáticas mistas. Para análise utilizamos também os diários de campo.
RESULTADOS:
O referencial teórico utilizado para análise dos dados é a Psicologia Histórico-Cultural. Pela observação das fotografias, percebemos que o valor dessa interação é minimizada na escola. Apesar de existirem atividades que promovam situações de troca, como pode-se perceber em diversas fotos, alunos que se ajudam, ou discutem sobre uma atividade, o que ocorre é que o professor é desestimulado a promover tais atividades para evitar uma agitação maior na sala de aula. Isso não é da responsabilidade única do professor, mas de um sistema de graduação que não permite a devida apropriação dos conceitos e teorias, hipótese esta confirmada pelos professores em vários momentos das entrevistas, quando falam da discrepância entre teoria e prática. Assim, o professor fica de mãos atadas frente aos alunos, não sabendo que atividades desempenhar para que aprendam. Por outro lado, vemos o horário do intervalo, no qual alunos correm, pulam, se derrubam de maneira quase caótica, em um espaço pequeno, sem que sejam oferecidas atividades direcionadas e dirigidas. O que fica evidente é a falta de conhecimento sobre a importância dessas interações escolares, não apenas para o processo de ensino/aprendizagem, mas para a socialização, o desenvolvimento e a formação da subjetividade dessas crianças.
CONCLUSÃO:
A partir dos resultados concluímos ser fundamental a mediação promovida nas interações para os processos de aprendizagem. Assim, a análise de imagens revela a presença das interações sociais entre alunos/alunos e alunos/professores, demonstrando a formação de diversas ZDP's, proporcionando que os alunos aprendam, pois aprendizagem é um processo que só ocorre mediante interação. A interação aluno/aluno, em sala de aula, e no intervalo, se dá a nível de jogo, de afinidade de interesses, de cumplicidade um com o outro, tendo fim comunicativo e de socialização, bem como a interação aluno/professor. Considerando a brincadeira como forma de interação, e como forma de espelho do espaço social, podemos perceber que as brincadeiras são agressivas, rápidas, agitadas, o que reflete o meio sócio-cultural em que essas crianças estão inseridas. Finalmente, é preciso compreender a estrutura escolar e o projeto pedagógico da escola e pôr em discussão se esse sistema favorece ou desfavorece a interação entre alunos e entre estes e professores.
Instituição de Fomento: FUNCAP - FUNDAÇÃO CEARENSE DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO
Palavras-chave: ESCOLA, INTERAÇÃO, SUBJETIVIDADE.