62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 5. Ciências Florestais
ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE PAU-PRETO (Cenostigma tocantinum Ducke) COM O USO DE ÁCIDO INDOL-3-BUTÍRICO  
Michelle Miranda de Freitas 1
Tatiana Pará Batista Monteiro 1
Clenes Cunha Lima 2
Selma Toyoko Ohashi 3
1. Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA
2. Engenheira Florestal- Instituto de Ciências Agrárias/UFRA
3. Prof. Dra./Orientadora - Instituto de Ciências Agrárias/ UFRA
INTRODUÇÃO:

O pau-preto (Cenostigma tocantinum Ducke - Caesalpiniaceae) é uma espécie florestal ocorrente no norte do Brasil, cuja madeira é utilizada na construção civil e a árvore para ornamentação (WARWICK & LEWIS 2009), arborização e pode ser usada para reflorestamento devido ao seu rápido crescimento, tronco reto e copa frondosa e baixa suscetibilidade ao ataque de pragas e doenças (GARCIA, et al 2008). Sua propagação é feita usualmente por semente, a qual apresenta alta capacidade germinativa mesmo quando submetida à dessecação. Porém estudos de propagação vegetativa são necessários para um uso posterior da espécie em programas de reflorestamento para a fixação de genótipos de qualidade. A propagação vegetativa gera indivíduos geneticamente idênticos à planta mãe (FERRARI 2009). Dentre as técnicas de propagação vegetativa, a estaquia é uma das mais utilizadas, na qual um ramo é colocado em meio adequado para desenvolver o sistema radicular e a parte aérea. Este trabalho teve por objetivo estudar o enraizamento de estacas de pau-preto sem tratamento e tratadas com ácido indol-3-butírico (AIB) em diferentes concentrações. A aplicação exógena de fitohormônio proporciona maior velocidade, percentagem, uniformidade e qualidade no enraizamento de muitas espécies (HARTMANN, et al. 1997).

 

METODOLOGIA:

O experimento foi instalado em casa de vegetação com sistema de nebulização e com condições ambientais de temperatura normais de Belém-PA que apresenta uma média de 26º C de temperatura máxima e mínima respectivamente. Para a realização do ensaio foram utilizadas mudas de pau-preto com altura média de 50 centímetros de comprimento as quais foram destinadas para retirada de estacas de 10 cm de comprimento aproximadamente contendo um par de folíolos e com redução da área foliar para cerca de 50%. As bases das estacas foram imersas em soluções de ácido indol-3-butírico (AIB), durante 1 minuto, nas concentrações de: 0 (testemunha),1000, 2000, 3000 e 4000ppm e em seguida plantadas em bandejas plásticas contendo vermiculita como substrato. O ensaio seguiu delineamento estatístico inteiramente ao acaso com cinco tratamentos, cinco repetições e dez estacas por parcela totalizando 250 estacas. A coleta de dados foi feita por contagem de estacas enraizadas aos 42 dias após o estaqueamento. Os dados obtidos foram transformados arc sen√x para normalização dos dados e em seguida efetuada a análise de variância para verificar, a existência de diferenças no enraizamento das estacas quando submetidas a diferentes concentrações do fitohormônio.

 

RESULTADOS:

Os resultados médios de enraizamento nas diferentes concentrações de AIB foram: 2%; 58%; 68%; 64 % e 54%, respectivamente para as concentrações de 0, 1000, 2000, 3000 e 4000 ppm. A análise de variância efetuada detectou diferenças estatísticas significativas a 1% de probabilidade entre a testemunha e os tratamentos com as concentrações de AIB. Para os tratamentos com AIB não foram detectadas diferenças estatísticas entre os mesmos. Apesar de não ter ocorrido diferenças estatísticas entre as concentrações testadas, verificou-se que na concentração de AIB à 4000ppm, houve diminuição no percentual de enraizamento, o que pode indicar que para o pau-preto concentrações de AIB acima de 1000ppm e abaixo de 4000ppm são os mais indicados.

 

CONCLUSÃO:

Com os resultados obtidos neste trabalho e para as condições avaliadas pode-se concluir que o AIB exerce grande influência no enraizamento de estacas de pau-preto, podendo-se recomendar a aplicação de 2000ppm de AIB por conferir um bom enraizamento para esta espécie, porém mais estudos para comprovar a melhor concentração do fitohormônio em associação com controle de ambiente e substrato são necessários, uma vez que estes fatores em interação podem ser determinantes para melhorar o desempenho do enraizamento das estacas de pau-preto.

 

Palavras-chave: Propagação Vegetativa, Estaquia, Cenostigma tocantinum Ducke.