62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 8. Psicologia do Trabalho e Organizacional
SÍNDROME DE BURNOUT E PROBLEMAS DE SAÚDE EM PROFESSORES ESTADUAIS DO ENSINO MÉDIO
Clarissa Loureiro das Chagas Campêlo 1
Silvânia da Cruz Barbosa 1
Ketinlly Yasmyne Nascimento Martins 2
1. Depto. de Psicologia, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
2. Depto. de Fisioterapia, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
INTRODUÇÃO:
Burnout é um fenômeno psicológico que descreve a perda gradual de energia e de motivação no trabalho experimentado por profissionais. Embora não exista uma definição exata e única para o fenômeno, uma definição que conta com ampla aceitação é a de Maslach e Jackson (1981), segundo a qual o burnout emerge como uma resposta ao estresse ocupacional crônico, sendo constituído por três dimensões: 1) Exaustão Emocional que se refere aos sentimentos de fadiga intensa, falta de forças para enfrentar o dia de trabalho e sensação de estar sendo exigido além dos limites emocionais; 2) Despersonalização que se refere ao distanciamento emocional e indiferença em relação ao trabalho ou aos usuários do serviço; 3) Baixa Realização Profissional que se refere a falta de perspectivas para o futuro, sentimentos de desempenho insatisfatório e fracasso no trabalho. A síndrome pode manifestar-se em qualquer categoria ocupacional, sendo os profissionais da educação um dos mais vitimados devido sua função possuir características particulares geradoras de estresse e de deterioração progressiva da saúde mental. Fundamentando-se nesta idéia, a presente pesquisa teve como objetivo verificar a incidência de burnout e sua relação com os problemas de saúde em professores estaduais do ensino médio.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo transversal e descritivo em que participaram 125 professores (amostra de 59,5%), dos quais 60,8% são homens, 57,6% casados e a média de idade de 39,3 anos (DP = 9,66). A maior parte (49,6%) tem pós-graduação ou possui nível superior (40,8%) e 57,6% trabalham a mais de 11 anos como docentes (DP = 8,2). Aplicaram-se os seguintes instrumentos: o Maslach Burnout Inventory para identificar as três dimensões de burnout, uma questão aberta para identificar problemas de saúde diretamente relacionados ao trabalho, e uma ficha sociodemográfica para caracterizar a amostra. Os dados foram registrados na forma de banco de dados do SPSS (Statistical Package for Social Science) for Windows e as rotinas deste programa foram utilizadas para as análises estatísticas descritivas.
RESULTADOS:
Aplicando-se os pontos de corte recomendados pelo NEPASB, encontraram-se altos escores no fator Exaustão Emocional e no fator Despersonalização (média de 24,89 e 7,17, respectivamente), e baixos escores no fator Realização Profissional (média de 30,50), indicando a existência de burnout na amostra. O cálculo de análise de Cluster identificou quatro grupos com as seguintes configurações de burnout: Moderado (16%), Em Risco (35,2%), Agudo (24%) e Crônico (16,8%). Elaborou-se uma tabela de dupla entrada tomando-se as configurações de burnout e os problemas de saúde que os professores declaram ter. Os resultados indicam que as dores (musculares, de cabeça, etc.) se destacam como o problema de saúde mais grave, afetando todos os docentes, sendo mais freqüente no grupo com burnout Agudo (32% das respostas). Os professores também se ressentem de problemas na voz, sendo os grupos com burnout Agudo e em Risco os mais atingidos (13,6% e 10,4%, respectivamente). O cansaço/fadiga é também um problema comum, sendo mais freqüente entre os que estão nos estágios Agudo e Crônico de burnout (12,8% e 8,8%, respectivamente). Constatou-se ainda que, decorrente dessas enfermidades, 26,4% dos professores acometidos por burnout faltaram ao trabalho ou se afastaram por licença médica.
CONCLUSÃO:
Os dados revelam que uma ampla parcela da amostra apresenta sintomas de burnout em intensidades distintas, confirmando os relatos da literatura quanto ao burnout ser um fenômeno altamente disseminado entre os profissionais de educação. Os resultados são preocupantes e permitem concluir que os efeitos do burnout já se evidenciam no plano individual (problemas de saúde) e organizacional (absenteísmo), sendo previsível que essas conseqüências negativas possam repercutir na qualidade dos serviços prestados, caso medidas preventivas e recuperativas da saúde mental desses trabalhadores não sejam providenciadas.
Palavras-chave: Síndrome de Burnout, Problemas de Saúde, Professores.