62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
BRINCANDO COM A AREIA PARA COMPARTILHAR A CONSTRUÇÃO DE SABERES E SENTIMENTOS: FORMAÇÃO E AUTOFORMAÇÃO LUDOPOIÉTICA  
ANA LUCIA DE ARAÚJO 1
MARIA AUGUSTA DA CUNHA PIMENTAL 1
1. Base de Pesquisa Corporeidade e Educação/UFRN
INTRODUÇÃO:

Este trabalho emergiu a partir das vivências pessoais no convívio familiar de uma educadora-pesquisadora. A pesquisa autobiográfica teve como objetivo descrever e analisar as memórias de um som marcante e de um sabor marcante através da construção de dois cenários com o Jogo de Areia, técnica projetiva utilizada como instrumento de investigação interventiva e descritiva no processo de formação e autoformação humanescente: viver, conhecer, formar-se, auto-organizar-se. São reflexões advindas da participação no grupo de estudo do Seminário de Corporeidade e Expressividade na linha de pesquisa Corporeidade e Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED/UFRN) no decorrer do segundo semestre de 2009.

METODOLOGIA:

A investigação desenvolveu-se através de um ateliê vivencial, seguindo o processo de reflexividade vivencial inspirado na metáfora da Teia da Corporeidade: reflexividade; ludicidade; criatividade; sensibilidade; recursividade; formulação teórico-metodológica de Cavalcanti (2008). Para dialogarmos sobre a técnica da caixa-de-areia, buscamos fundamentação na obra de Weinrib (1993) que aborda a metodologia da caixa-de-areia e nos benefícios dessa técnica para a construção de saberes e sentimentos humanescentes; com Bachelard (2006) dialoga-se sobre os sonhos da infância e (2008) sobre a importância do trabalho para o devaneio poético. Com Csikszentmihalyi (1999) discute-se sobre a importância dos devaneios doméstico e familiar; e com Boff sobre a humanização e a formação humana na contemporaneidade. Chizzotti (2003) e Josso (2008) conferem rigor científico aos relatos autobiográficos, a história de vida.

RESULTADOS:

A pesquisa trouxe memórias em sua dimensão histórica e familiar através dos valores econômicos, ditos e feitos em prol do desenvolvimento de um lugar. Todos se encantaram com o Jogo de Areia e fizeram cenários individuais. O devaneio advindo com a prática do Jogo de Areia trouxe boas memórias a todos de casa. Compartilhamos o encantamento e, conjuntamente, trocamos idéias e, revivemos memórias lúdicas marcantes. Foi um momento de total descontração, diversão, brincadeiras e aprendizagem. Foi bom voltar a brincar por um tempo determinado, cuidar de si e do outro, encantar-se e encantar o outro com as imagens construídas. Ser feliz. 

CONCLUSÃO:

A partir dos relatos e das reflexões teórica sobre o envolvimento com a vida cotidiana para a excelência da vida, percebemos que o Jogo de Areia promoveu uma ampliação das memórias e uma retomada histórica; propiciou condições lúdicas humanescentes para uma convivialidade familiar harmoniosa, relacional e afetiva na procura das melhores condições para si, de usufruto do seu ser-melhor; na busca do cuidado consigo, com o outro e com o planeta; despertando para a exploração das potencialidades humanas: sensibilidade e vivencialidade ludopoiética como obra de arte da vida poética e estética.

Palavras-chave: Corporeidade, Vivencialidade, Memória lúdica.