62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
ANATOMIA INTERNA DE Laguncularia racemosa (L.) C.F. GAERTN. (COMBRETACEAE) E SUAS ADAPTAÇOES ECOLÓGICAS AO AMBIENTE DE MANGUE.
Julieth de Oliveira Sousa 1
Marília Medeiros Fernandes Negreiros 1
Juliana Espada Lichiston 1
Jomar Gomes Jardim 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
INTRODUÇÃO:
O manguezal é considerado um verdadeiro berço para várias espécies de animais, pois seu ambiente oferece condições excelentes para tal: nutrientes e proteção para a manutenção da vida e da reprodução, sendo assim, uma fonte de interações e adaptações ecológicas. As plantas de mangue são em sua maioria halófitas, ou seja, espécies bem adaptadas à vida em ambientes de água salobra, com pouca oxigenação, principalmente das raízes, ficando a mercê do movimento de subida e descida de marés. O estudo em questão objetivou a análise da morfologia interna e ecologia do mangue-branco, Lagunculária racemosa, a fim de compreender a razão de seu sucesso adaptativo a um ambiente tão singular caracterizado por grande variação de maré e água com elevada salinidade.
METODOLOGIA:
A espécie Laguncularia racemosa foi coletada na foz do Rio Doce, Zona Norte do município de Natal-RN. Suas folhas, caules e raízes foram coletados com auxílio de estilete para serem fixadas em frascos de vidro com álcool a 70%. As análises histológicas foram realizadas no Laboratório Didático do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia, utilizando (com auxílio de isopor) uma técnica de cortes transversais a fresco de caule, raiz e folha, com lâminas inoxidáveis. Os cortes foram descoloridos com hipoclorito de sódio comercial (água sanitária). Após clarificação, para a melhor observação dos tecidos em questão, foi empregado o uso do corante safranina a 1%. Para fixar o material histológico nas lâminas usamos glicerina a 50%. Em algumas lâminas de caule e raiz, foi preciso comprovar a existência de amido nos leucoplastos das células parenquimáticas da medula, usando para isso um corante a base de iodo (Lugol), que reage com esse carboidrato, assumindo coloração escurecida. Montando geralmente 2 ou 3 lâminas por série, analisamos os resultados ampliados no microscópio óptico, e as lâminas que apresentaram maior qualidade de observação foram vedadas com esmalte incolor. Observamos e identificamos tecidos e estruturas nos melhores cortes e fotografamos com câmera digital.
RESULTADOS:
Dentre outras características, crescimento secundário evidenciado no caule por periderme já formada e câmbio da casca em formação oferecendo proteção mecânica à planta; glândulas de sal na folha participando do equilíbrio evitando um nível nocivo de sais nos tecidos, importante adaptação para a ocupação do nicho que vive; drusas nas três estruturas estudadas (folha, caule e raiz) atuando como mecanismo de defesa contra a herbívora, no crescimento, sobrevivência, reprodução e subseqüentemente na abundância das populações vegetais; floema secundário da raiz com grandes espaços intercelulares uma característica diferenciada importante na competitividade já que contribui nos processos celulares e garantindo seu sucesso ecológico; folhas com cutícula pouco espessa e estômatos em quantidade mediana permitindo trocas gasosas moderadas, e camadas extras de proteção mecânica na raiz evidenciada pela presença de ritidoma.
CONCLUSÃO:
Os mecanismos citados acima representam algumas das adaptações desenvolvidas por L. racemosa que lhe permitiram o alcance de grande porte e sucesso evolutivo e ecológico em ambiente de mangue atuando como parte integrante da vegetação de transição para floresta de restinga sendo essencial no equilíbrio desse elaborado ecossistema.
Palavras-chave: Laguncularia Racemosa, manguezal, adaptações.