62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
SOROTIPOS CIRCULANTES DO DENGUE EM BOA VISTA, RORAIMA, NO ANO DE 2009.
Thalita Caroline da Siqueira Siqueira 1
Mayara Nunes Cardoso 1
Pablo Oscar Amézaga Acosta 1
Rodrigo Melo Maito 2
1. Universidade Federal de Roraima/UFRR
2. Laboratório Central de Roraima/LACEN-RR
INTRODUÇÃO:
O dengue é uma doença causada por um arbovírus e é endêmica em vários países do mundo, principalmente nos de clima tropical como o Brasil. Neste, a primeira epidemia do dengue diagnosticada laboratorialmente aconteceu em Boa Vista, Roraima, onde foram isolados os sorotipos DENV1 e DENV4 entre os anos de 1981-1982. Até 2008, era o único estado brasileiro onde já haviam circulados os quatro sorotipos existentes da doença. Roraima é hiperendêmica para o dengue e isso tem sido um problema de saúde pública, principalmente a partir de 1999, quando o número de casos começou a aumentar tanto nos meses chuvosos como nos secos. Nos últimos quatro anos, o número de casos das formas graves da doença também aumentou consideravelmente. O estado ainda deve ter atenção especial pela possibilidade de servir como porta de entrada para novos sorotipos a partir de países fronteiriços como a Venezuela e a Guiana Inglesa. O presente trabalho é resultado de uma colaboração entre o Laboratório Central do Estado (LACEN-RR) e o Laboratório de Biologia Molecular da Universidade Federal de Roraima (LBM-UFRR) que teve como objetivo identificar os sorotipos circulantes em Roraima no ano de 2009, sendo de suma importância o levantamento dessas informações no acompanhamento da evolução epidemiológica do vírus.
METODOLOGIA:
Foram analisadas 250 amostras de soro sanguíneo coletadas LACEN-RR no ano de 2009. Para isolamento viral, foram utilizadas células de mosquitos Aedes albopictus clone C6/36 em meio de cultura Leibowitz L-15 suplementado com soro fetal bovino, além de antibiótico e antifúngico. As células foram incubadas em estufa a 28°C até formação de monocamada confluente. Depois da inoculação das amostras, as células ficaram incubadas durante 10 dias, sendo revisadas diariamente para detecção de possível efeito citopático. Os fluídos celulares resultantes do isolamento foram utilizados para identificação viral de seus sorotipos (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4) através da técnica de Imunofluorescência Indireta (IFI). Para confirmação dos resultados 20 amostras de DENV1 e 7 de DENV2 no teste de IFI foram testadas pela técnica de RT-PCR (Transcrição Reversa seguida de Reação em Cadeia da Polimerase) desenvolvida por Lanciotti et al. (1992). Nesta técnica, após a transcrição reversa, dois rounds de PCR são realizados, o primeiro para amplificação de um fragmento de 511pb e o segundo para amplificação de fragmentos específicos para cada sorotipo, que podem ser diferenciados pelo tamanho na eletroforese em gel de agarose.
RESULTADOS:
Vinte e seis por cento (65) das amostras analisadas através de isolamento viral e IFI foram positivas para o dengue. Destas, 71% corresponderam a DENV1 e 29% a DENV2, não sendo identificado outro sorotipo (DENV3 ou DENV4) neste ano. As 27 amostras positivas na IFI selecionadas para RT-PCR confirmaram os resultados. O efeito citopático foi visualizado em 45,6% das amostras positivas de DENV1 e em 26% de DENV2. Observou-se que 74% das amostras com diagnóstico presuntivo do dengue foram negativas. Possíveis explicações para a baixa positividade encontrada podem ser o mal condicionamento das amostras após a coleta e durante o transporte até o LBM-UFRR, a coleta do soro após o período de viremia e o erro de diagnóstico clínico ocasionado pela semelhança entre os sintomas do dengue e os de outras arboviroses. No ano de 2008, Acosta et al. identificou que o sorotipo DENV1 prevaleceu sobre os outros sorotipos, o que se repetiu no presente trabalho. No mesmo trabalho, os autores demonstraram que de 2001 até 2008 foram reportados, a cada ano, casos de DENV3, diferente do que aconteceu em 2009, onde não foi isolado. Talvez DENV3 pode ter ocorrido em uma freqüência tão baixa que não foi possível identificá-lo. Os dados obtidos corroboram os de notificação da vigilância epidemiológica.
CONCLUSÃO:
Os sorotipos isolados, DENV1 e DENV2, circularam no estado de Roraima causando as infecções do dengue no ano de 2009. Não foram isolados os sorotipos DENV3 e DENV4. A presença de efeito citopático ocorreu com maior freqüência nas amostras positivas de DENV1 do que nas de DENV2. Este trabalho forneceu informações úteis para o acompanhamento da evolução epidemiológica do dengue no estado de Roraima no ano de 2009. A pesquisa de outras arboviroses nos soros negativos poderá elucidar as causas da baixa positividade das amostras.
Instituição de Fomento: Universidade Federal de Roraima/UFRR
Palavras-chave: Dengue, Isolamento Viral , Roraima.