62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
COMPOSIÇÃO QUÍMICA, ATIVIDADE CITOTÓXICA E MOLUSCICIDA DO ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DE Eugenia dysenterica DC.
Clarice Noleto Dias 1
Klinger Antonio da Franca Rodrigues 1
Victor Elias Mouchrek Filho 2
Ivone Garros Rosa 3
Neuton da Silva Souza 3
Denise Fernandes Coutinho Moraes 4
1. Depto.de Farmácia, Universidade Federal do Maranhão / UFMA
2. Depto.de Química - UFMA
3. Depto.de Ciências Biológicas - UFMA
4. Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Farmácia - UFMA
INTRODUÇÃO:

Eugenia dysenterica D.C. (Myrtaceae), popularmente conhecida como "cagaita", é uma árvore frutífera e hermafrodita, que pode alcançar até 10 m de altura e é comumente encontrada no Cerrado. Seu fruto é do tipo baga, de cor amarelo-clara, levemente ácida e bastante apreciada para consumo in natura e na forma de sucos, apresentando propriedades laxantes. Suas folhas são simples, opostas, glabras, de margem lisa, de limbo ovado ou elíptico. Na medicina popular, suas folhas são empregadas, na forma de chá, para combater diarréias. Apesar de ser uma planta aromática, poucos trabalhos, visando o estudo científico do seu óleo essencial, foram realizados até o momento. Em função disto, o presente trabalho teve como objetivo caracterizar quimicamente o óleo essencial das folhas de E. dysenterica e ainda avaliar sua ação moluscicida frente a caramujos Biomphalaria glabrata e citotóxica frente à Artemia salina.

METODOLOGIA:

As folhas da espécie E. dysenterica foram coletadas no município de Carolina - Maranhão, no mês de outubro de 2008. Este material foi seco em temperatura ambiente e em seguida pulverizado. As folhas foram submetidas ao processo de hidrodestilação, usando um sistema de Clevenger, durante um período de 4 horas. O óleo foi analisado por cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massas (CG/MS) em cromatógrafo Hewlett Packard, modelo 5890, equipado com coluna SP 21000 (30m x 0,25mm x 0,1μm), sendo o hélio o gás de arraste. O espectrômetro de massa modelo HP 5971. Cada substância foi identificada por comparação do seu espectro de massa com os espectros existentes no banco de dados Wiley, pelo tempo de retenção e índice de Kovats. A atividade moluscicida foi avaliada de acordo com as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1983), onde se preconiza o emprego de uma concentração máxima de 100 µg/mL. A citotoxicidade do óleo foi avaliada através de ensaios com larvas de A. salina, seguindo a metodologia descrita por Meyer (1982), com modificações, nas concentrações de 10, 100 e 1000 µg/mL, realizando após 24 horas a contagem das larvas sobreviventes. A DL50 foi determinada por regressão linear.

RESULTADOS:

O óleo essencial das folhas de E. dysenterica apresentou rendimento de cerca de 1% e foram identificados oito componentes: Mirceno (2,95%), Ocimeno (1,76%), trans-Cariofileno (56,43%), Bergamoteno (1,66%), alfa-Cariofileno (30,11%), Germacreno (1,42%), Cadineno (2,33%), Farnesol (0,99%). Após 24 horas em contato com a solução do óleo essencial, os caramujos foram mantidos em água desclorada por 72h, para a contagem dos caramujos vivos, obtendo-se mortalidade de apenas 35%. De acordo com a OMS (1983), um material deve ser considerado moluscicida quando apresentar mortalidade de pelo menos 80% dos caramujos analisados, sendo assim, o óleo estudado não mostrou resultado promissor para esta atividade. No bioensaio com A. salina, o óleo mostrou DL50 de 57,14 μg/mL, sendo considerado altamente tóxico (DOLABELA, 1997).

CONCLUSÃO:

Este óleo apresenta trans-cariofileno como constituinte majoritário, sendo provavelmente o maior responsável por possíveis atividades terapêuticas. Apesar de não apresentar forte atividade moluscicida, foi considerado altamente tóxico frente a A. salina, de forma que o seu uso como fármaco é promissor, podendo apresentar atividades importantes, destacando-se a antitumoral.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Óleo Essencial, Eugenia dysenterica, Toxicidade.