62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
QUALIDADE DE VIDA E DOR EM FIBROMIÁLGICOS ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE FISIOTERAPIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES - HUOL
Mariana Agostinho de Araujo 1
Andreza Pereira de Araújo 1
Flávio Emanoel Souza de Melo 1
Raphael Machado Bezerra 1
Renata Alencar Saldanha Queiroz 1
Wouber Hérickson de Brito Vieira 1
1. DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA- UFRN
INTRODUÇÃO:

Fibromialgia refere-se a uma síndrome reumática crônica, não inflamatória, idiopática e de distribuição universal, associada à sensibilidade do indivíduo frente a um estímulo doloroso em pontos anatômicos padronizados (tender points), acometendo predominantemente mulheres. Esta síndrome engloba uma série de manifestações clínicas como dor, fadiga, indisposição, distúrbios do sono, rigidez matinal, diminuição da aptidão física e distúrbios psicológicos como ansiedade e depressão. Esses fatores associados ou isolados interferem no trabalho, nas atividades de vida diária e na qualidade de vida dos pacientes. Esse estudo teve por objetivo determinar os fatores que mais interferem na vida dos voluntários, traçando um perfil dos pacientes com fibromialgia atendidos no setor de fisioterapia do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN). Já que se trata de uma entidade clínica de origem complexa, o seu tratamento é difícil, sendo necessária uma abordagem multidisciplinar para o seu devido controle, o qual será melhor direcionado se tais fatores forem conhecidos. A Fisioterapia é uma parte integrante da equipe interdisciplinar que atua principalmente no alívio da dor e na restauração da função, promovendo o bem-estar e a melhora na qualidade de vida dos pacientes.

METODOLOGIA:

Participaram da pesquisa 8 mulheres na faixa etária de 40 a 70 anos, com diagnóstico de fibromialgia firmado por reumatologista. Os protocolos de avaliação foram aplicados no Ambulatório de Fisioterapia do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN). Foram utilizados os seguintes instrumentos: o questionário SF-36 (Medical Outcomes Short Form 36) a fim de avaliar a qualidade de vida e capacidade funcional; o questionário modificado de Zabel e McGrew (1997) para a avaliação de tensão/desconforto corporal visando registrar os locais de dor/desconforto corporal, bem como a sua intensidade; um algômetro de pressão (dolorímetro) para verificação do limiar e do limite doloroso dos tender points, os quais foram identificados por meio de palpação de pontos específicos e predeterminados. Antes do início das entrevistas, foi realizado um estudo piloto mediante aplicação dos questionários em duas pacientes de maneira semelhante à realizada no processo de coletas com o objetivo de padronizar a abordagem para todos os pacientes e realizar eventuais modificações no sentido de torná-lo o mais claro e objetivo possível. Os dados obtidos dos protocolos foram tabulados e a prevalência de cada resposta foi representada por meio da média e/ou frequência percentual.

RESULTADOS:

Diante dos dados obtidos do protocolo SF-36 pode-se observar que todos os domínios (variáveis) apresentaram valores abaixo de 40 numa escala de 0 a 100. Entretanto, os três domínios que apresentaram os piores escores foram: limitação por aspectos físicos (6,25); limitações por aspectos emocionais (20,83); e vitalidade (26,25). Com relação aos dados obtidos na dolorimetria, foi observado que os pontos anatômicos de maior sensibilidade dolorosa (limiar doloroso) foram: a 2º costela esquerda (1,18 Kgf); região occipital esquerda (1,37Kgf) e o joelho direito (1,4 Kgf). Por outro lado, os pontos de menor sensibilidade dolorosa (maior limite de dor) foram: trocânter maior direito (3,68 Kgf), região glútea direita (3,61 Kgf) e trocânter maior esquerdo (3,46 Kgf). O ponto de maior aproximação entre o limiar e o limite doloroso foi no epicôndilo lateral com o limiar representando 95% do limite da dor. De acordo com os dados obtidos através do protocolo de Zabel e MacGrew (1997), as principais regiões de referência da dor foram: a coluna lombar e as pernas (100% dos indivíduos), seguida da região pélvica (87,5%), sendo a coluna lombar o ponto de maior intensidade da dor/desconforto corporal referida, cuja intensidade foi classificada como insuportável (escore de 10).

CONCLUSÃO:

Os indivíduos fibromiálgicos atendidos no Setor de Fisioterapia do HUOL apresentaram como principais fatores que interferem na qualidade de vida a limitação por aspectos físicos e por aspectos emocionais baseado nas respostas do SF-36. A dor se mostrou bastante prevalente, sobretudo, nos segmentos coluna lombar e pernas, sendo o primeiro o que apresentou a maior intensidade. Além disso, a segunda costela e região occipital foram os tender points de maior sensibilidade álgica na dolorimetria. Nesse sentido, pode-se observar o caráter complexo da fibromialgia já que envolve alterações nos aspectos físicos e emocionais. A partir do conhecimento desses fatores relacionados à fibromialgia destaca-se a necessidade do trabalho em equipe, tendo a fisioterapia um papel importante, pois pode intervir por meio de seus diversos recursos terapêuticos no controle da dor e melhora da qualidade de vida e capacidade funcional desses pacientes.

Instituição de Fomento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC
Palavras-chave: FIBROMIALGIA, FISIOTERAPIA, DOR.