62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
PREVALÊNCIA DE LEPTOSPIROSE EM CAPRINOS LEITEIROS DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA
Arthur Willian de Lima Brasil 1
Roberta Nunes Parentoni 2
Sérgio Santos de Azevedo 5
Severino Silvano dos Santos Higino 3
Carolina de Sousa Américo Batista 4
Maria Talita Soares Frade 2
1. Graduando do Curso de Med. Vet., UFCG/Campus Patos - PB
2. Graduandos do Curso de Med. Vet., UFCG/Campus Patos - PB
3. Med. Vet. Doutorando, programa de pós-graduação de Med. Vet UFCG/ campus Patos
4. Med. Vet. Doutoranda, programa de pós-graduação em EEAZ./USP.
5. Medico Veterinário, prof. Doutor/orientador - UAMV- UFCG/ campus Patos
INTRODUÇÃO:
A caprinocultura é uma atividade crescente no Brasil, principalmente na região Nordeste. O rebanho caprino paraibano ocupa o quinto lugar do rebanho nacional, sendo que a microrregião do Cariri Ocidental destaca-se na exploração da ovinocaprinocultura, pois representa a melhor área de mercado do país pela sua localização geográfica, maior densidade de caprinos e ovinos do continente e principalmente por possuir o melhor material genético tanto para leite como para carne. Embora tenha nos caprinos incidência reduzida, a disseminação da leptospirose entre eles é um fato real e crescente, sendo agravado em propriedades que adotam atividades consorciadas com outras espécies animais. Além disso, não existem medidas de controle oficiais no Brasil ou em outros países em desenvolvimento com o objetivo de aumentar a efetividade do diagnóstico e reduzir sua ocorrência, minimizando, assim, perdas econômicas e a possibilidade de transmissão para os seres humanos. O objetivo desse trabalho foi determinar a soroprevalência de leptospirose em caprinos leiteiros do semiárido da Paraíba.
METODOLOGIA:
Foram colhidas amostras sanguíneas de 978 cabras de 110 propriedades no município de Monteiro - PB. Estas foram processadas no Laboratório de Doenças Transmissíveis da Universidade Federal de Campina Grande - Patos/PB. As amostras foram centrifugadas obtendo-se o soro e armazenando-os em microtubos devidamente identificados e então conservados a -20 oC. Para o diagnóstico da infecção por Leptospira spp., foi utilizada a técnica de soroaglutinação microscópica, utilizando-se como antígenos 22 sorovares patogênicos e dois saprófitos, a saber: Australis, Bratislava, Autumnales, Butembo, Castellonis, Bataviae, Canicola, Whitcombi, Cynopteri, Grippotyphosa, Hebdomadis, Compenhageni, Icterohaemorrhagiae, Javanica, Panama, Pomona, Pyrogenes, Hardjo, Wolffi, Shermani, Tarassovi Andamana, Patoc e Sentot. Inicialmente os soros foram triados na diluição 1:100, aqueles que apresentaram 50% ou mais de aglutinação em campo microscópico de campo escuro foram considerados positivos e submetidos a diluições seriadas de razão dois. O título do soro foi a recíproca da maior diluição onde houve 50% ou mais de aglutinação. O sorovar mais prevalente foi aquele que apresentou maior título. Caso o soro apresentasse títulos idênticos para dois ou mais sorovares esse foi desconsiderado para o cálculo.
RESULTADOS:
Das 978 amostras coletadas, 94 foram positivas, resultando em uma soroprevalência de 9,6%. O título de aglutininas mais freqüente foi 100, com 44 animais, seguido pelos títulos 200 (39 animais) e 400 (seis animais). O sorovar mais prevalente foi o Autumnallis com 28% das amostras positivas, seguido pelo Sentot (20%), Patoc (16%), Whitcombi (16%), Butembo (8%), Andamana (8%), e Castellonis, Bratislava e Canicola (1%). Estudos conduzidos em diversas regiões do Brasil apontaram freqüências de animais soropositivos que variam de 3,4% até 76%. A variação entre os resultados encontrados nos vários estudos pode estar associada a alguns fatores relacionados à epidemiologia da doença, que podem afetar o seu comportamento, com destaque para a topografia, região, temperatura, umidade, precipitações pluviométricas, reservatórios selvagens, reservatórios domésticos e outros fatores ambientais, bem como pela utilização de sorovares distintos no diagnóstico sorológico e técnicas de amostragem distintas. As condições do ambiente influenciam bastante no comportamento da leptospirose, podendo-se relacionar altos índices pluviométricos com taxas maiores de ocorrência de leptospirose.
CONCLUSÃO:
Foram encontradas cabras em idade reprodutiva soropositivas para Leptospira spp. em rebanhos leiteiros do semiárido paraibano, com predominância de reações para o sorovar Autumnalis. É necessário a conscientização dos proprietários acerca da importância de se adotar medidas de prevenção, bem como da intensificação do diagnóstico periódico dos rebanhos, com o intuito de minimizar as perdas econômicas ocasionadas pela doença e a possível transmissão do agente aos seres humanos.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Leptospirose, Caprinos, Prevalência.