62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza
ANÁLISE FLORÍSTICA E ESTRUTURAL DE UM TRECHO DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA MONTANA NO MUNICIPIO DE PORTO UNIÃO, SC
Tony Thomas Sartori 1
Cilmar Antônio Dalmaso 1
Paulo Cesar Duarte da Silva 2
Soraya Moreno Montoya 3
Emanuel Arnoni Costa 4
1. Depto.de Ciências Florestais, Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO
2. Curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Contestado - UnC/SC
3. Grupo de Pesquisa AGR-198 Ingeniería Rural de la Universidad de Almería
4. Depto.de Ciências Florestais, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/RGS
INTRODUÇÃO:

Uma comunidade florestal, para ser adequadamente gerida necessita que suas características sejam conhecidas, sendo a análise da sua distribuição fisionômica na paisagem e a composição de espécies duas etapas importantes deste processo de conhecimento. Atualmente com as recentes exigências legais de estudos de impacto ambiental muitos inventários florestais da vegetação natural estão sendo realizados em obras de infra-estrutura como parte deste processo. Neste aspecto existe um grande potencial para aproveitar estas informações geradas para o avanço da ciência. Com o objetivo de contribuir para que isso aconteça será apresentado algumas informações obtidas de um levantamento florístico e fitosionômico em um traçado de obra de transmissão de energia elétrica. Identificar as espécies arbóreas nos ambientes em que predominantemente ocorrem é um parâmetro bastante utilizado que contribui para realizar classificações fisionômicas da cobertura florestal de uma região ou local.  Serão apresentados alguns parâmetros utilizados para a classificação dos estágios sucessionais da vegetação do Bioma Mata Atlântica e descrição da comunidade vegetal estudada.

METODOLOGIA:

A área de estudo esta compreendida pela fitofisionomia da Floresta Ombrófila Mista Montana na região Norte Catarinense, município de Porto União, num transecto de linha de transmissão de energia elétrica de 50 km. A área esta localizada entre as coordenadas de projeção UTM DATUM SAD 69 22J 0490000 E - 7100000 S e 0518000 E - 7.074.000 S. Com auxílio das plantas perfis do empreendimento elétrico foram identificados e demarcados todos os fragmentos florestais que serão atingidos pela instalação desta obra. Após uma pré-classificação visual das fisionomias florestais atingidas pelo traçado da obra em mata, mato alto e capoeira foram implantadas e mensuradas parcelas de 10 m x 10 m distribuídas aleatoriamente em cada uma destas tipologias.  Após a avaliação foi analisado os parâmetros fitossociológicos de densidade, dominância e freqüência e a composição florística das áreas de estudo. A classificação botânica das espécies compreendeu a distribuição dos indivíduos por espécies, gêneros e famílias botânicas. A análise dos estágios sucessionais e das fisionomias foi realizada considerando os parâmetros dendrométricos das médias de altura, diâmetros e área basal, além de das espécies indicadoras constantes na Resolução CONAMA n° 04 de 1994 para o estado de Santa Catarina.

RESULTADOS:
Quanto a fisionomia da área de estudo foi estimado que a classe relacionada as formações de florestas naturais soma 30% do total da área de influencia direta do empreendimento. As formações florestais caracterizadas visualmente como mato alto e mato apresentaram área basal superior a 20 m² por hectare, medias de diâmetros (DAP) entre 10 e 21 cm e altura total média de aproximadamente 10 metros. A tipologia denominada de capoeira apresentou área basal inferior a 20 m², média de altura total menor do que 8 m e média de DAP menor de 10 cm. A composição florística encontrada foi de 56 espécies distribuídas em 30 famílias botânicas. A maior parte das famílias foram representada por apenas uma ou duas espécies (48%), sendo que as famílias mais ricas em espécies foram Fabaceae e Lauraceae com 7 espécies cada, seguidas por Asteraceae, Myrsinaceae, Myrtaceae, Salicaceae e Sapindaceae com 3 espécies cada. Dentre as espécies consideradas dominantes aparecem Ocotea puberula Cham. e  Mataiba eleganoides Radlk  que apresentaram os maiores índices de densidade, dominância e freqüência. Nesta composição destaca-se a dominância de espécies caracteristicamente pioneiras e secundárias iniciais, refletindo assim a condições secundária dos remanescentes florestais amostrados.
CONCLUSÃO:

A analise fitossociológica e florística permitiu confirmar que a composição estrutura e distribuição de espécies do mosaico de fragmentos florestais estudado esta relacionada com variações naturais e alterações antrópicas existentes no ambiente físico. A partir da confrontação dos parâmetros apresentados pela vegetação com a resolução que define os estágios sucessionais da Mata Atlântica foi possível concluir que toda a área influenciada pela implantação da obra se caracteriza por vegetação secundária em estágio de sucessão médio e avançado de regeneração natural. As espécies raras, consideradas por aquelas que apresentaram um único individuo em todo o levantamento e que por este motivo merecem uma atenção especial na execução da supressão florestal para a implantação do empreendimento de transmissão de energia elétrica foram Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart , Dicksonia sellowiana Hook., Xylosma ciliatifolia (Clos) Eichler , Machaerium stipitatum (DC.) Vogel, Cinnamomum vesiculosum (Nees) Kosterm., Ilex theezans Mart. ex Reissek, Luehea divaricata Mart., Ocotea pulchella (Nees) Mez, Roupala brasiliensis Klotzsch e Casearia obliqua Spreng.

Palavras-chave: Inventário florestal, Florística, Fitofisionomia.