62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
PROJETO DE MANEJO FLORESTAL EM UM RECORTE DE CAATINGA NO SEMIÁRIDO NORTERIOGRANDENSE
Anderson Adailson da Silva 1
Raiane Santos da Costa 1
Tarcísio Catarina 1
Neusiene Medeiros da Silva 1
Diógenes Félix da Silva Costa 1
Renato de Medeiros Rocha 1
1. Departamento de História e Geografia, Centro de Ensino Superior do Seridó - UFRN
INTRODUÇÃO:
O Bioma Caatinga localiza-se na região nordeste do Brasil, com a ação antrópica através de sua forma de exploração extrativista desde a colonização, vem desencadeando uma série de ameaças a sua composição florística e faunística. A grande ocupação humana no semiárido provocou uma devastação florestal por falta de técnicas adequadas ao manuseamento dos recursos florestais. Como uma estratégia para amenizar o grau de degradação a que este bioma é submetido e a falta de geração de renda, encontra-se no manejo florestal de espécies lenhosas uma alternativa para uso sustentável dos recursos, bem como para atender à demanda por produtos e serviços florestais, que são utilizados em vários segmentos industriais. Objetiva-se à exploração de lenha de forma sustentável, na Fazenda Giromão localizada em Campo Redondo/RN, na Microrregião da Borborema Potiguar, Mesorregião Agreste Potiguar, no estado do Rio Grande do Norte. O manejo é uma técnica de baixo custo e de retorno imediato, pode ser considerada atualmente como uma técnica de conservação dos recursos florestais e ambientais, e de desenvolvimento socioeconômico para a população local, pois cria oportunidades de geração de emprego e renda.
METODOLOGIA:
Foi realizado um levantamento de um inventario florestal, onde foi utilizado um sistema de amostragem com a alocação das unidades amostrais inteiramente aleatórias dentro da área de mata a manejar. Utilizou-se a forma quadrado com tamanho de 20 x 20 m (área de 400m²), baseado em experiências anteriores e experiências de inventários florestais realizados pelo Projeto PNUD/FAO/IBAMA. Os critérios de medição foram adotados da seguinte forma: CAP - circunferência a altura do peito, mensurada a 1,30m da superfície do solo; CNB - circunferência na base, mensurada a 0,30m da superfície do solo, utilizando-se para ambos a fita métrica com aproximação de 0,9cm; espécie, através do nome vulgar. Posteriormente, as espécies foram identificadas no herbário da UFRN. O processamento e computação dos dados de campo foi realizado com o software Mata Nativa 2 (Cientec Consultoria e Desenvolvimento de Sistemas Ltda.). Os demais critérios seguiram as orientações do protocolo da Rede de Manejo Florestal. Para a estimativa do Volume Real e Empilhado, foram utilizados os seguintes fatores: fator de forma: ff= 0,9; fator de empilhamento: Fe = 3,41. Para a estimativa do peso seco (Vol. Real x Densidade Básica), que foram obtidos de literatura disponível.
RESULTADOS:
Foram encontradas 17 espécies de árvores distribuídas em 8 famílias e 2 não identificadas; foram distribuídas em classes diamétricas a partir dos critérios de medidas, e posteriormente separadas pelo tipo de produto obtido por cada classe que poderá ser retirado da vegetação, bem como a sua quantidade. A classe diamétrica de 0,0 - 5,0 teve mais de 55% dos indivíduos, e a jurema-preta se encontra em todas as cinco classes diamétricas. Jurema-preta, marmeleiro e catingueira tiveram destaque no quesito dominância e abundância relativa, tendo destaque para a primeira com mais de 50% do resultado. Na área onde se encontrou uma média de 78,6 st/ha, em um ciclo de corte de 15 anos, obteve-se um incremento médio anual de 5,24 que é aceitável nas condições ambientais da região. Foram encontradas 2 espécies protegidas por lei Baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl.) e maniçoba (Manihot glaziovii Müll. Arg.) que equivalem a 1,4 st/ha. A área estudada é de 96ha, distribuídas em talhões que têm uma média de 6,4ha, o qual obteve uma média de 503 metros estéreos por talhões/ano. A jurema-preta representa 69% da produção, com 54,4 st/ha. O erro de amostragem foi de 16% para 90% de probabilidade, podendo variar de 66,1 a 91,1 st/ha, considerando os fatores de conversão ff = 0.9 e Fe = 3,41.
CONCLUSÃO:
A área em estudo obteve um valor consideravelmente bom para a produção pelas condições da região, isso porque se manteve em determinado tempo sem grandes alterações, pois foi encontrada uma média de 78,6 metros estéreos por hectare; assim, como cada talhão ficou com uma área média de 6,4ha, poderá obter um rendimento de R$ 20.120,00 para o proprietário. Este valor foi calculado a partir de um preço estipulado de R$ 40,00 por metro estéreo, por se tratar de uma lenha retirada sobre a legalidade do órgão ambiental do estado, onde este gerará uma renda de aproximadamente R$ 7.545,00 para as pessoas empregadas no corte desta lenha (R$ 15,00 por metro estéreo), podendo movimentar a economia e o desenvolvimento locais. Os talhões foram distribuídos evitando-se uma faixa continua, amenizando assim os impactos; outras medidas mitigadoras foram apontadas para evitar possíveis impactos ambientais negativos. A estratégia na produção de mapas e produtos cartográficos elaborada visou à identificação, análise e caracterização da vegetação de Caatinga encontrada na área. O uso racional e sustentável da área permitirá que gerações futuras tenham acesso a tais recursos florestais.
Palavras-chave: Manejo florestal, Recurso florestal, Desenvolvimento socioeconômico.