62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
ASSISTÊNCIA DOMICILIÁRIA AO PACIENTE DIABÉTICO: APLICABILIDADE DO MODELO DE ATIVIDADE DE VIDA
Emeline Moura Lopes 1
Caroline Batista Queiroz de Aquino 2
Priscila de Souza Aquino 3
Lívia Moreira Barros 1
Rosa Aparecida Nogueira Moreira 1
Sabrina Ferreira da Silva 1
1. Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Ceará - UFC
2. Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual do Ceará - UECE
3. Prof./Orientadora - Curso de Enfermagem, Universidade Federal do Piauí - UFPI
INTRODUÇÃO:

A assistência domiciliária constitui uma estratégia de suma importância para a prática de enfermagem, uma vez que representa um momento oportuno de interação com o paciente e investigação mais detalhada dos hábitos de vida deste. Porém, para que a assistência seja mais eficaz, faz-se necessária a utilização de um instrumento capaz de direcionar a investigação e abordar os aspectos de vida essenciais. Trabalhar com instrumentos próprios da enfermagem permite que o profissional diferencie sua prática e detalhe a situação de saúde do paciente. Esses modelos são de grande utilidade para a prática de enfermagem, visto que embasam o cuidado oferecido aos pacientes. As atividades de vida são utilizadas num sentido geral e cada uma é multidimensional. Dessa forma, tendo em vista as peculiaridades inerentes aos pacientes diabéticos, como as complicações potenciais e os riscos de saúde, faz-se relevante utilizar essa abordagem durante a visita domiciliária. Para tanto, realizou-se o presente estudo com o objetivo de relatar a experiência de assistência domiciliária a um paciente diabético utilizando o Modelo de Atividades de Vida.

METODOLOGIA:

Relato de experiência realizado em fevereiro de 2010, em Fortaleza-CE. As visitas domiciliárias foram feitas a um paciente diabético, selecionado intencionalmente, para identificar determinantes de saúde, bem como prover intervenções para aumentar a qualidade de saúde do mesmo. O instrumento usado foi elaborado com base no Modelo de Atividade de Vida de Roper, Logan e Tierney, que consiste em doze atividades que descrevem ações esperadas no viver, sendo estas: Manter um ambiente seguro; Comunicar; Respirar; Comer e beber; Eliminar; Higiene pessoal e vestir-se; Controlar a temperatura corporal; Mobilizar-se; Trabalhar e distrair-se; Exprimir sexualidade; Dormir e Morrer. O modelo foi escolhido por representar todos os aspectos essenciais do viver. Para melhor conhecimento e caracterização do paciente e suas redes de apoio, utilizou-se o genograma e o ecomapa. No primeiro encontro foram identificadas as necessidades de saúde da família, bem como as redes de apoio. Ainda foram feitas algumas intervenções sobre os problemas detectados. No segundo encontro foram realizadas as intervenções de enfermagem e também foram avaliadas as condutas da visita anterior. Os aspectos éticos e legais que envolvem as pesquisas com seres humanos foram respeitados, conforme Resolução nº 196/96.

RESULTADOS:

Paciente, 70 anos, casado, residente em Fortaleza (CE), com sete filhos, apresenta diabetes mellitus há dez anos e histórico familiar da doença. Possui um ambiente seguro e comunicação adequada, porém nega a doença e não aceita diagnóstico de descontrole glicêmico. Apresenta história atual de tabagismo, persistente há 30 anos. A alimentação diária contém carboidratos em excesso e faz uso regular de insulina. Apresenta poliúria e eliminações intestinais alteradas. Realiza inspeção visual dos pés, porém nem sempre utiliza calçados confortáveis. Refere dor em membros inferiores. Não utiliza preservativo em todas as relações sexuais. Dorme em ambiente ruidoso, porém esse fato não interfere no sono. Apresenta medo da morte por conta da doença que apresenta. As intervenções orientadas estiveram voltadas para as alterações observadas, principalmente relacionadas ao desconhecimento da patologia e às medidas de controle das taxas glicêmicas. O paciente apresentou-se disposto a seguir as orientações fornecidas e durante a segunda visita foi possível perceber dedicação na execução das orientações relacionadas à alimentação, conservação da insulina e calçados. O ecomapa do paciente incluiu a igreja, amigos, instituição de saúde e família, que promoviam maior bem-estar ao paciente.         

CONCLUSÃO:

A utilização do Modelo de Atividade de Vida na assistência domiciliária propiciou um maior conhecimento das necessidades e condições da família, proporcionando um momento de interação e troca de conhecimentos. Além disso, a visita domiciliária permitiu observar o ambiente em que o paciente está inserido e o tipo de influência do mesmo na qualidade de vida deste. A utilização do ecomapa e do genograma durante as visitas deve ser estimulada, uma vez que facilitam o conhecimento das redes de apoio existentes. Dessa forma, percebe-se que a utilização dos instrumentos de enfermagem proporciona maior visualização do enfermeiro nas estratégias de saúde, bem como melhoria na qualidade do atendimento e dos resultados almejados.

Instituição de Fomento: Programa de educação pelo trabalho para a saúde - PET-Saúde, UFC
Palavras-chave: Visita Domiciliar, Cuidados de Enfermagem, Modelos de Enfermagem.