62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
ENSINO DE ASTRONOMIA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE FÍSICA: UMA EXPERIÊNCIA DIDÁTICA E FORMATIVA NO ANO INTERNACIONAL DA ASTRONOMIA.
Denis Eduardo Peixoto 1
Eugenio Maria de França Ramos 2, 3
1. Instituto de Geociências Exatas, Universidade Estadual Paulista / IGCE UNESP
2. Prof. Dr./Orientador - Universidade Estadual Paulista / UNESP
3. Centro de Educ. Continuada em Educ. Mat., Científica e Ambiental / CECEMCA UNESP
INTRODUÇÃO:
Relatamos nesta comunicação uma experiência de trabalho com Ensino de Astronomia, junto a futuros professores de Física. Devido às comemorações do Ano Internacional da Astronomia em 2009, decidimos trabalhar o Ensino de Astronomia com os alunos da disciplina Prática de Ensino de Física da UNESP, campus de Rio Claro, tendo como principais objetivos identificar possíveis problemas enfrentados por futuros professores da área de Ciências com os conteúdos de Astronomia. Foram percebidos problemas de conhecimentos e de fontes fidedignas de informação, desde erros conceituais em livros didáticos ao difícil acesso a outros recursos didáticos, tais como revistas, artigos e softwares especializados. O trabalho foi realizado em duas etapas. Na primeira etapa, no primeiro semestre de 2009, foram realizados encontros onde foi ministrado um curso de astronomia para os alunos. Na segunda etapa, no segundo semestre de 2009, os alunos tinham como tarefa montar minicursos de astronomia para apresentar em diversas públicos, da Educação Básica e do Ensino Superior na cidade de Rio Claro. Analisando a preparação e as aplicações dos minicursos, fizemos algumas observações e discutimos alguns aprimoramentos para a melhoria no Ensino de Astronomia, tanto no ensino fundamental como no ensino médio.
METODOLOGIA:
Foram realizadas observações qualitativas de características etnográficas, acompanhando os futuros professores em atividades da disciplina Prática de Ensino de Física. Na primeira etapa foi ministrado um curso de astronomia, com cerca de 30 h, subsidiando a preparação dos futuros minicursos. Partiu-se de conteúdos sugeridos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, onde, na temática "Terra e Universo", se encontram sugestões de conhecimentos de Astronomia a serem ministrados na Educação Básica. Como os sujeitos não apresentavam domínio da temática para sustentar atividades de ensino consistentes, optamos por aulas expositivas no formato multimídia, exposição de vídeos e visualização em três dimensões dos fenômenos astronômicos relacionados ao nosso cotidiano. Na segunda etapa os alunos finalizaram os seus projetos de minicursos e, antes de apresentá-los, fizeram uma prévia para os demais alunos da disciplina, registrada com o apoio de uma câmera filmadora. Tal procedimento teve como intuito de minimizar falhas conceituais. Após essa fase, foram iniciadas as execuções das ações didáticas voltadas para a difusão de conceitos introdutórios de Astronomia, em escolas da Educação Básica e em minicurso oferecido a discentes, docentes e servidores do campus, interessados na Temática.
RESULTADOS:
Foram selecionados como temas de trabalho: a) Sistema Solar, b) Evolução Estelar e Galáxias, c) Introdução Histórica da Astronomia e d) Observação do céu, tendo os futuros professores se organizado em grupos. Foi possível realizar observações da preparação e da aplicação dos minicursos em sala de aula. Um grande problema encontrado foi a preferência da utilização de sites da Internet ao invés de livros didáticos para a preparação das aulas. Poucos alunos se dedicaram ao vasto conteúdo de astronomia que há na biblioteca da universidade. Mesmo após alguns meses de preparação, a maioria dos alunos teve dificuldade para explicar fenômenos como eclipses, estações do ano, fases da Lua, estrelas com brilhos e cores diferentes, bem como com fatos relevantes na História da Astronomia. Muitas dessas dificuldades foram aprimoradas com a intervenção após a fase que se chamou "prévia dos minicursos". Após essa intervenção percebeu-se uma melhora significativa das propostas de aulas. Cabe mencionar que as aulas sobre observação do céu foram, no geral, muito bem montadas e expostas, incluindo a identificação de constelações e outros objetos celestes, com o apoio da utilização de softwares e lasers próprios para o Ensino de Astronomia.
CONCLUSÃO:
Constatamos que, do ponto de vista da formação inicial de professores, não é simples ou trivial a alteração de conteúdos tradicionais do Ensino de Física para a Educação Básica. Embora não houvesse resistência por parte dos participantes quanto ao tema Astronomia observou-se dificuldades para lidar com a temática, mesmo em nível introdutório. Dos problemas percebidos durante o acompanhamento do trabalho de preparação, organização e execução, erros conceituais puderam ser corrigidos à medida que os minicursos amadureciam, tanto em conteúdo quanto no preparo dos futuros professores para essa experiência docente. Particularmente notamos que a falta de material de apoio para a introdução da temática Astronomia em atividades de ensino na Educação Básica pode ser uma barreira grave. Sem acesso a materiais deste tipo os futuros professores tiveram dificuldade em lidar com os materiais bibliográficos de Astronomia, recorrendo por muitas vezes a conteúdos disponíveis na Rede Internet, alguns dos quais se mostraram inconsistentes ou conceitualmente precários, pois nem sempre os web sites utilizados para pesquisa são de confiança. Outra ação importante são cursos extracurriculares com profissionais da área tanto na formação inicial como na continuada.
Palavras-chave: Ensino de Astronomia, Formação de Professores, Inovação educacional.