62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA DO INSETICIDA METOMIL NAS FASES JUVENIL E ADULTA DO PEIXE Danio rerio
Paula Ivani Medeiros dos Santos 1
ANA CRISTINA BATISTA E SILVA 1
GUILHERME FULGÊNCIO DE MEDEIROS 1
ELIZEU ANTUNES DOS SANTOS 1
1. UFRN
INTRODUÇÃO:
O aumento na demanda de alimentos observado nas últimas décadas fez com que o homem procurasse novas alternativas para aumentar a quantidade e a qualidade dos produtos agrícolas, melhorando suas técnicas de plantio, aprimoramento de equipamentos, assim como o desenvolvimento de pesticidas. Geralmente os ecossistemas aquáticos são os mais afetados pelo uso dos pesticidas porque eles formam partes integradas com áreas agrícolas fornecendo água e facilidades de drenagem. Vários processos determinam a dissipação dos pesticidas no ambiente, o destino deles é determinado por processos de retenção (sorção, absorção), de transformação (degradação química e biológica) e de transporte (deriva, volatilização, lixiviação e carreamento superficial), e pela interação desses processos (Spadotto et al. 2004). O Metomil é um inseticida utilizado em diversas culturas agrícolas, pertence ao grupo dos carbamatos, cuja principal característica é a inibição da enzima acetilcolinesterase. O objetivo desse estudo foi avaliar a toxicidade aguda (CL50) do metomil ao peixe Danio rerio (Hamilton-Buchanan, 1822), espécie internacionalmente reconhecida como organismo-teste usado em testes ecotoxicológicos, em duas fases do seu ciclo de vida, juvenil e adulto.
METODOLOGIA:
Os peixes foram aclimatados por 15 dias em aquários com capacidade para 100 litros, com características físicas-químicas controladas (TºC = 23ºC ± 2 ºC, fotoperíodo = 12 h e pH = 7,3 ± 0,2) e alimentados com ração duas vezes/dia. Os peixes juvenis tinham peso médio de 0,0388 g ± 0,08 e comprimento de 1,13 ± 0,15 cm. Os adultos apresentavam peso médio de 0,281 ± 0,068 g e comprimento médio de 2,81 ± 0,385 cm. Os testes seguiram a Norma NBR 15088 da ABNT (2004) para obtenção da concentração mediana que causou mortalidade a 50% dos organismos analisados (CL50). Ambos os ensaios, foram do tipo semi-estático com duração de 96 horas, sem aeração e com renovação do volume total de cada uma das concentrações a cada 24h. A água de diluição do metomil apresentou dureza entre 40 e 48mg de CaCO3/L. As diluições foram preparadas após 24 h em 500 mL de água, completando o volume total de 1,0 L de solução-teste por réplica (triplicata) para juvenis e 2,0 L de solução-teste, para os adultos. Os testes definitivos foram conduzidos a partir das concentrações obtidas nos testes preliminares para os peixes juvenis e foram as seguintes: 0,1; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5; 3,0 mg/L mais o controle. Para os peixes adultos foram:1,0 ; 2,0 ; 3,0 ; 4,0 ; 5,0 ; 6,0 e 7,0 mg/L mais o controle.
RESULTADOS:
Enquanto a temperatura e o pH da água ficaram constantes, o oxigênio dissolvido (O2) diminuiu suas concentrações com o aumento das do metomil. Com a renovação da água, os níveis de O2 ficaram acima do mínimo recomendado pela norma (4 mg/L). Houve 100% de mortalidade dos peixes jovens nas maiores concentrações (2,0 - 3,0 mg/L) do metomil. O mesmo ocorreu com os adultos na concentração de 7 mg/L. Em todas as concentrações foram observadas alterações no comportamento de jovens e adultos no início da exposição. Tais alterações foram: disparada na natação, tremores, dobramento da espinha dorsal, abrimento e fechamento bucal repetitivos, diminuição da capacidade natatória, natação horizontal, movimentos natatórios circulares, migração para a superfície, e manchas vermelhas próximas à nadadeira caudal. A CL50-96h para os juvenis foi de 1,28 mg/L e para os adultos foi de 3,36 mg/L de metomil, mostrando que os juvenis foram mais susceptíveis a ação tóxica do metomil do que os adultos. Segundo Zagatto e Bertoletti, 2006, organismos jovens são mais sensíveis às substâncias tóxicas que os adultos. Essa diferença se deve provavelmente em função das diferenças no grau de desenvolvimento dos mecanismos de detoxificação (Rand e Petrocelli, 1985).
CONCLUSÃO:
A toxicidade aguda (CL50) do metomil para o D. rerio juvenil foi estimada em 1,28 mg/L; A toxicidade aguda (CL50) do metomil para o D. rerio adulto foi estimada em 3,36 mg/L; A fase juvenil do D. rerio foi mais susceptível à ação tóxica do metomil que a fase adulta.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: TOXICIDADE AGUDA, INSETICIDA METOMIL, Danio rerio.