62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural
A CONTRIBUIÇÃO DA MULHER RURAL NA CONSERVAÇÃO DA ÁGUA
Roberta Alves dos Santos 1, 2
Lígia Albuquerque de Melo 3
1. Pibic/CNPq/Fundaj (Bolsista)
2. Universidade Federal de Pernambuco (Aluna)
3. Fundação Joaquim Nabuco - Dipes - CGEA (Pesquisadora)
INTRODUÇÃO:

O artigo versa sobre a conservação da água na perspectiva de gênero a partir da divisão sexual do trabalho. A mulher está diretamente em contato com a água, por isso pode desempenhar um importante papel na conservação dos recursos hídricos, pois é ela quem administra esse bem natural no âmbito doméstico. Partindo dessa realidade, o estudo objetiva analisar como a relação desigual de gênero interfere na convivência da mulher rural com a água e a contribuição dessa mulher para a conservação dos recursos hídricos nos espaços reprodutivo e produtivo. Tal questão está diretamente ancorada às consequências da degradação do recurso natural - água. A conservação da água é um tema pertinente devido ao crescente desperdício de água em nível mundial, fato que vai refletir diretamente no consumo humano e animal. A análise do estudo na perspectiva de gênero ganha importância dada a contribuição da mulher rural na conservação da água. Além disso, os estudos sobre a temática "mulher e água" são escassos, e alguns ainda estão em processo de construção. O presente estudo pode contribuir para que a mulher rural seja reconhecida como sujeito importante na conservação da água e por isso cooperar para a atenuação do desperdício e da degradação dos recursos hídricos.

METODOLOGIA:

O estudo tem caráter explicativo com base bibliográfica. Também contou com a análise de documentos e dados secundários. No desenvolvimento da pesquisa foi realizado o levantamento bibliográfico de materiais tais como livros, teses, dissertações, coletâneas, artigos, relatório nas bibliotecas da Fundação Joaquim Nabuco e da Universidade Federal de Pernambuco e no sistema eletrônico na internet em sites de pesquisa e de instituições governamentais e não governamentais, por exemplo, o Ministério do Meio Ambiente, a Casa da Mulher do Nordeste e a Articulação no Semi-Árido Brasileiro - ASA. Na discussão teórica foram levantados estudos que abordavam as temáticas de gênero, água e meio ambiente como uma construção social e entendo a questão a partir da compreensão que a mulher mantém uma intima relação com os recursos naturais, em especial a água. Simultaneamente ao levantamento foram realizadas leituras e fichas das informações de acordo com as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, visando apreender o conteúdo de obras prontas, acompanhadas ou não de avaliação crítica. Por fim, ocorreu a sistematização dos resultados e dados obtidos.

RESULTADOS:

A mulher mantém uma estreita relação com os recursos naturais. Para a realidade da mulher rural do Semi-Árido Nordestino, essa relação se apresenta mais intensa, pois no cotidiano ela realiza atividades nos espaços reprodutivo e produtivo. Ela está em contato direto com os recursos hídricos, sendo praticamente a única responsável pelo abastecimento da água para o consumo da família. A divisão sexual do trabalho, que atribui diferentes papéis para os sexos, contribui para que homens e mulheres sejam afetados de maneiras diferentes pelo desperdício da água, pois a mulher rural sente mais intensamente a deterioração desse recurso natural, visto que são responsáveis por grande número de tarefas. A mulher rural, diante das condições geoambientais do semi-árido que provocam a escassez da água, faz uso de alternativas que ajudam a não desperdiçar os recursos hídricos como, por exemplo, o aproveitamento da água através de cisternas com a captação da água da chuva e a retirada da água dos poços, dos rios, açudes e barreiros de forma moderada. No entanto, na elaboração de propostas dos Comitês de Bacia para a conservação da água a mulher rural geralmente não é vista como usuária desse recurso no âmbito privado, o que interfere no posicionamento dessa mulher nesses espaços públicos.

CONCLUSÃO:

A mulher rural ao ser socialmente eleita a responsável pelo abastecimento, gerenciamento da água para o consumo da unidade familiar, bem como pelos cuidados com o solo, animais e as plantas necessários a sobrevivência da família, segundo os ditames da divisão sexual do trabalho, ela tem a preocupação em conservar os recursos hídricos para a preservação da vida e da saúde. Portanto, a mulher rural pela sua condição de pobreza, dependente diretamente dos recursos naturais para a sobrevivência, muitas vezes, retiram da natureza apenas o necessário evitando a destruição de seu próprio meio de vida, mantendo assim o bem-estar de sua família e, consequentemente, das gerações futuras. Desse modo, a mulher rural está contribuindo para a conservação dos recursos hídricos, constituindo importante sujeito na manutenção dos recursos naturais, entre eles a água. Apesar dessa preocupação a mulher rural enfrenta barreiras para uma maior atuação nos espaços de decisão da conservação da água, ainda permeada pelas relações desiguais de gênero, que culturalmente estabelece ser o público um espaço masculino e o privado feminino.

Instituição de Fomento: MEC/Fundaj/CNPq
Palavras-chave: Conservação da Água, Mulher Rural, Recursos Hídricos.