62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
PRÁTICAS SIGNIFICATIVAS DE LEITURA NA INFÂNCIA: CONTRIBUIÇÕES PARA A AÇÃO DOCENTE
Maria Betanea Platzer 1, 2
1. Profa. Dra. Faculdade de Educação São Luís, Jaboticabal, SP
2. Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
INTRODUÇÃO:

A temática leitura permite diversas discussões, podendo, assim, ser analisada com base em diferentes enfoques e perspectivas. O presente trabalho, que integra um estudo mais amplo de doutorado já concluído, objetiva apresentar alguns resultados de pesquisa referentes ao envolvimento de crianças com a leitura em diferentes espaços sociais. Ao realizarmos um trabalho investigativo com crianças, estamos preocupados com caminhos que permitam focalizar suas vozes, seus olhares, suas experiências e seus posicionamentos, considerando-as como atores sociais plenos. No percurso de nossas análises, tentamos aproximar-nos de uma visão de criança por meio das percepções sobre leitura, leitores e textos que elas nos oferecem em seus depoimentos. Alguns questionamentos permeiam as discussões aqui apresentadas, são eles: Quais modalidades de leitura são praticas e escolhidas pelas crianças? Que negociações as crianças estabelecem com seus pares e com adultos em relação aos bens da cultura letrada? Quais seus pontos de vista, experiências, modos de dizer sobre a leitura, os gêneros textuais e os leitores?

METODOLOGIA:

Para a realização deste estudo, apoiamo-nos em pesquisas acadêmicas desenvolvidas no campo da leitura, especialmente sob a perspectiva da História Cultural. Objetivando contemplar os questionamentos aqui apresentados, utilizamos vários procedimentos metodológicos para a coleta de dados, entre os quais destacamos a aplicação de questionários e entrevistas realizadas com 10 crianças entre 10 e 11 anos de idade e que residem numa cidade localizada no interior do Estado de São Paulo - Brasil.

RESULTADOS:

Verificamos, por meio do diálogo, que as práticas investigadas traduzem a trajetória de envolvimento com a leitura por sujeitos que trazem um universo de experiências, vivências e significados, muitas vezes desconhecidos, desvalorizados e ignorados pela instituição escolar. As respostas obtidas podem ser agrupadas em diferentes temáticas que foram analisadas e discutidas, entre as quais os impressos que circulam e as leituras que se repetem entre as crianças, envolvendo suas finalidades; rituais de leitura; apropriação de diferentes gêneros textuais; relação leitura e tecnologia digital e, ainda, leitura não consagrada.

CONCLUSÃO:

Acreditamos, com base neste estudo, que um olhar mais atento às práticas de leitura cotidianas pode levar à revisão da premissa de que crianças de menor poder aquisitivo - foco central de nossas investigações - não leem, buscando assim a revisão do conceito de leitura. Consideramos fundamental um trabalho pedagógico que tenha como ponto de partida as práticas dessas crianças, respeitando-as e, ainda, articulando-as com aquelas valorizadas pela escola. Além de valorizar essas leituras, acreditamos ser necessária a ampliação de acesso a outras práticas de leitura da cultura letrada a essas crianças.

Palavras-chave: Infância, Cultura, Leitura.