62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
COMPARAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE CRIANÇAS NASCIDAS A TERMO E PREMATURAS NO TERCEIRO E NO SEXTO MÊS DE VIDA.
Tatianne Moura Estrela Dantas 1
José Eulálio Cabral Filho 2
Cinthia Rodrigues de Vasconcelos Câmara 2
Rodrigo R. Marinho F. Pinto 2
Ellane Dantas de Melo 2
Maria do Carmo Pinto Lima 1
1. Universidade Estadual da Paraíba/UEPB
2. Faculdade Integrada do Recife/FIR-PE
INTRODUÇÃO:
A prematuridade é a principal causa de morbimortalidade infantil, sendo responsável por um risco aumentado de problemas no crescimento e atraso no desenvolvimento psicomotor (DPM) quando comparados ao nascimento a termo. Pesquisas atuais têm revelado que as diferenças no DPM de crianças pré-termo e a termo são observadas não só no que se refere aos componentes neuropsicomotores estruturais, mas também na qualidade da função motora. As falhas na coordenação motora fina de crianças prematuras comprometem tanto a escrita e o desempenho escolar quanto à execução de atividades da vida diária. Para identificar possíveis atrasos no DPM e visando à compreensão do seu processo de adaptação e interação com o ambiente houve a elaboração de várias escalas de avaliação do neurodesenvolvimento infantil. Dentre estas escalas está a Escala Bayley de Desenvolvimento Infantil, esta atualmente na sua segunda versão (BSID-II), instrumento de avaliação do DPM validado internacionalmente e amplamente utilizado em estudos atuais, tendo demonstrado resultados fidedignos. Sendo assim, o estudo teve por objetivo comparar o DPM de crianças nascidas a termo e prematuras no terceiro e no sexto mês de vida através da BSID-II.
METODOLOGIA:
O estudo foi descritivo, tipo série de casos, composto por 20 crianças, 10 prematuras e 10 a termo. Foram critérios de inclusão: i) Apgar ≥ 7 no 10º minuto; ii) para o grupo pré-termo: 30 semanas < idade Gestacional (IG) < 37 semanas e 1000g < peso ao nascer < 2500 g; iii) para o grupo a termo: IG> 37 semanas e peso ao nascer > 2500 g. E de exclusão: i) complicações neonatais e pós-natais; ii) mal-formações congênitas; iii) problemas psiquiátricos da mãe, quando não exista outro responsável pela criança. O desenvolvimento psicomotor foi quantificado pela Escala Bayley de Desenvolvimento Infantil no 3º e no 6º mês. Para comparar o desenvolvimento motor entre os dois grupos foi empregado o teste de Fisher e "t" de Student. Para a análise estatística de cada grupo, bem como a comparação entre os grupos, utilizaram-se os softwares estatísticos Minitab versão 14.0 e o SPSS versão 10.0.
RESULTADOS:
O DPM "per se", avaliado segundo os valores normatizados na BSID-II, não difere entre os grupos, pois no terceiro mês, o DPM de nove das crianças pré-termo e a termo tiveram valores classificados como normal (escore bruto ≥ 85) e no sexto mês, todas as crianças, dos dois grupos, apresentaram valores de DPM dentro da normalidade; porém, quando avaliado pelos escores brutos, no terceiro mês os prematuros são deficientes, sendo cerca de sete pontos abaixo, daqueles a termo, com média 90,7 (DP= 7,7) nos pré-termo e 97,3 (DP= 7,4) nos a termo (p= 0,035). A maior relevância está no fato da evolução entre os três e os seis meses ser muito discreta nos prematuros, sem significância estatística, mas entre os a termo ser acentuada, sendo 94,8 (DP= 10,4) nos pré-termo e 108,3 (DP= 11,2) nos a termo (p= 0,003), o que equivale a 12% na escala de BSID-II. A comparação dos valores médios do terceiro com os do sexto mês em cada grupo mostra diferença significante apenas entre os a termo 108,3 x 97,3 (p < 0,001). Podendo significar que embora a prematuridade não se apresente determinante no atraso do DPM, quando considerado como adequação geral, ela pode levar a um retardo na aquisição de habilidades motoras específicas (BSID-II) que são muito essenciais ao desempenho funcional futuro da criança.
CONCLUSÃO:
Os dados corroboram a idéia de que o DPM de crianças nascidas a termo é superior ao das crianças prematuras, no entanto, se faz necessário o desenvolvimento de outros estudos com amostra maior e que considerem fatores como os estímulos oferecidos pelo ambiente, nível de socialização e grau de escolaridade materna, que interferem diretamente no processo de aquisição de habilidades motoras mais complexas e que, portanto, definem um melhor ou pior DPM. Apenas assim, poderemos afirmar que a prematuridade, por si só, é responsável por atraso no DPM. Também se faz necessário enfatizar que formas de quantificar adequadamente o DPM, como a escala DSID-II, devem ser usadas rotineiramente para avaliar os déficits, delimitar as metas primordiais e a eficácia do tratamento proposto.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ Edital 036/2004 Processo nº 403439/2004-3
Palavras-chave: Desenvolvimento Psicomotor, Intervenção Precoce, Escala de Bayley de Desenvolvimento Infantil.