62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 11. Economia
GANHOS DE COMÉRCIO GERADOS PELAS EXPORTAÇÕES DE ETANOL NO NORDESTE PARA EUA E UNIÃO EUROPÉIA ENTRE 2000-2008.
Janine Machado da Silveira 1
Márcia Batista da Fonseca 2
1. Aluna da Graduação de Economia, Universidade Federal da Paraíba - UFPB
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Ciências Econômicas - UFPB
INTRODUÇÃO:
Desde o inicio dos anos 1990 houve um aumento nas discussões para a preservação do planeta e o etanol tem sido visto como um combustível limpo capaz de diminuir a emissão de gases poluentes a atmosfera. O Brasil apresenta ampla vantagem na produção desse combustível devido a abundancia de recursos naturais que gera baixo custo de produção. Os Estados Unidos (EUA) e a União Européia (UE) são os principais mercados compradores do etanol brasileiro, contudo, ainda existem barreiras comerciais (tarifárias e não tarifárias) para as exportações do etanol produzido no Brasil para esses países. Uma forma de solucionar esse problema seria a participação do Brasil através do MERCOSUL em acordos de liberalização comercial e integração regional com os EUA e a UE. Para tanto desde meados da década de 1990, o Brasil tem negociado sua participação na formação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e na UE, para a formação do MERCOEURO. O objetivo desse estudo é modelar os impactos econômicos sobre os ganhos de comércio gerados pelas exportações de etanol nos estados nordestinos de Alagoas, Paraíba e Pernambuco, supondo-se que estes acordos já estivessem firmados entre 2000-2008.
METODOLOGIA:
Para observar o efeito da retirada das barreiras comerciais impostas ao comércio do etanol brasileiro dentro dos EUA e UE foram calculados os índices de Vantagem Comparativa Revelada (VCR) de Balassa (1965); e o índice de Criação e Desvio de Comércio, utilizado o modelo de equilíbrio parcial de Laird e Yeats (1986). Esses dados foram oriundos do site Aliceweb do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MIDC), do Gabinete de Estatísticas da União Européia (EUROSTAT) e do United States International Trade Commission (USITC), para os anos de 2000 até 2008. O modelo de equilíbrio parcial de Laird e Yeats (1986) relaciona importações, exportações, tarifas e elasticidades dos bens comercializáveis. Quanto às barreiras comerciais ao etanol, utilizou-se um equivalente ad valorem (AVE) calculado com base nas restrições tarifárias de 2008. Os equivalentes ad valorem utilizados foram: EUA, 31,62%; UE, 61,39%. Para calcular as elasticidades, tanto para os EUA quanto para a UE, foram utilizadas proxies. Na elasticidade-preço da demanda de importação do etanol: -2,35, calculada por Hoeckman, Ng e Olarreaga (2002). Na elasticidade de substituição foi utlizada a elasticidade de Armington no valor de Ι1,51Ι, estimada por Tourinho, Kume e Pedroso (2003).
RESULTADOS:
Supondo a hipótese que o Brasil tivesse participação na ALCA e na criação do MERCOEURO, e com a eliminação total das restrições comerciais para o fluxo de comércio de etanol intrabloco e considerando-se a redução tarifária total a partir de 2000-2008, com base no modelo de Laird e Yeats (1986), foram encontrados os seguintes resultados: O comércio de etanol brasileiro nos EUA teria um aumento de aproximadamente 250% em média, no período 2000-2008. Aproximadamente 94% desse aumento devido à criação de comércio e 6% ao desvio de comércio. As exportações nordestinas em média aumentariam em torno de US$ 85,8 milhões entre 2000-2008 para os EUA. Sem barreiras comerciais, as exportações brasileiras de etanol no período 2000-2008 teriam sido superiores, em média, em cerca de US$ 604 milhões para os EUA e US$ 277 milhões para a UE. O comércio de etanol brasileiro na UE teria um aumento de aproximadamente 261%, em média, no período 2000-2008. Aproximadamente 90% desse incremento seria devido à criação de comércio e 10% ao desvio de comércio. Em média, entre 2000-2008, caso as exportações brasileiras não sofressem barreiras no mercado europeu haveria um aumento da ordem de US$ 276,7 milhões e em relação às exportações nordestinas de etanol, este aumento seria da ordem de US$ 39,3 milhões.
CONCLUSÃO:
Em média entre 2000-2008 as exportações nordestinas corresponderam a 14,2% do total exportado pelo Brasil e tanto no mercado europeu quanto no mercado norte americano, as exportações totais oriundas do Brasil de etanol apresentam vantagem comparativa revelada em todos os anos no período em estudo, em média entre 2000-2008, o índice de VCR apresentou 98,84% de vantagem das exportações brasileiras dentro do mercado europeu e 99,78% de vantagem dentro do mercado norte-americano. Com a eliminação das barreiras tarifarias e a criação dos blocos baseado nos resultados obtidos através dos cálculos de criação e desvio de comercio, o predomínio do efeito criação de comércio revela a competitividade da produção brasileira tanto no mercado europeu quanto no mercado norte-americano. A participação do Brasil na ALCA e no MERCOEURO significaria abertura de mercado para o etanol e ampliação de ganhos para exportadores locais, o que por outro lado, também significaria aumento do emprego e da renda gerados no setor.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Barreiras Comerciais, Etanol, Nordeste.