62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
CORPORALIZANDO A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA E A LUDOPOIESE NA FORMAÇÃO DE EDUCADORES-PESQUISADORES
Katia Brandão Cavalcanti 1
1. Programa de Pós-Graduação em Educação/UFRN
INTRODUÇÃO:
A linha de pesquisa Corporeidade e Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN, ao longo de seus treze anos de atuação na formação de educadores-pesquisadores, vem investindo na construção teórica e metodológica que privilegia a vivencialidade na formação e a autoformação humana. O objetivo do presente estudo foi descrever e interpretar o percurso de um grupo de educadores envolvidos com o desafio de corporalizar saberes necessários a uma prática educativa ludopoiética durante um ateliê de pesquisa.
METODOLOGIA:

A abordagem metodológica utilizada no estudo é caracterizada como etnofenomenológica, acompanhando o desenvolvimento de um Ateliê de Pesquisa da Corporeidade que se dedicou à corporalização dos saberes da autonomia de Paulo Freire. O período de realização da referida investigação compreende os meses de agosto de 2009 a janeiro de 2010, início e final da atividade acadêmica no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN. Participaram da pesquisa 32 educadores, inscritos no referido ateliê como mestrandos, doutorandos e alunos especiais, oriundos de diferentes áreas do conhecimento. A obra de Paulo Freire apresenta 27 saberes estruturados em três partes que identificamos como saberes epistemológicos; saberes metodológicos e saberes ontológicos. Estão no primeiro bloco: Rigorosidade metódica; Pesquisa; Respeito aos saberes dos educandos; Criticidade; Estética e ética; Corporificação das palavras pelo exemplo; Risco, aceitação do novo; Reflexão crítica sobre a prática; Reconhecimento da identidade cultural. Estão no segundo bloco: Consciência do inacabamento; Reconhecimento de ser condicionado; Respeito à autonomia do ser do educando; Bom senso; Humildade, tolerância; Apreensão da realidade; Alegria e esperança; Convicção de que a mudança é possível; Curiosidade. Estão no terceiro bloco: Segurança, competência, generosidade; Comprometimento; Intervenção no mundo; Liberdade e autoridade; Tomada consciente de decisões; Saber escutar; Reconhecer ideologias; Disponibilidade para o diálogo; Querer bem aos educandos.

RESULTADOS:

Cada bloco de saberes foi trabalhado como seminários específicos, distribuídos em quatro grupos. Começamos pelo último dos saberes ontológicos que se refere ao "saber querer bem aos educandos". Com a abordagem da Pedagogia Vivencial Humanescente logo foram criados personagens singulares para cada grupo: 1. Autotélico da Silva; 2. Amoroso; 3. Equilibrista Amoroso; 4. Jardineiro Gentileza. Havia uma recursividade na forma do envolvimento individual e em grupo que impulsionava o processo humanescente ali vivenciado. Ao final do Ateliê de Pesquisa, todos apresentaram os seus Portfólios descrevendo todo o percurso formativo destacando os nossos encontros quinzenais bem como o percurso autoformativo realizado fora dos ambientes institucionais de trabalho e de estudo. Os textos produzidos para os respectivos Portfólios revelam uma riqueza de detalhes emocionais surpreendentes, inclusive para os próprios participantes do Ateliê de Pesquisa. Todos os educadores envolvidos com a formação humanescente na linha de pesquisa Corporeidade e Educação reconhecem as repercussões ludopoiéticas nas suas vidas.

CONCLUSÃO:

Podemos afirmar que os educadores participantes do estudo conseguem identificar muito claramente as dimensões ludopoiéticas nas suas vidas tanto na formação pós-graduada como na autoformação humanescente: autotelia; autoterritorialidade; autoconectividade; autovalia e autofruição. A corporalização do processo educativo é considerada fundamental para fazer os educadores vivenciarem novas abordagens que valorizam o ser e a vida

 

Palavras-chave: Corporeidade, Ludopoiese, Pedagogia da Autonomia.