62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada
NOVO ENEM, QUESTÕES ANTIGAS
Ewerton Ávila dos Anjos Luna 2, 1
Kazue Saito Monteiro de Barros 3
Elizabeth Marcuschi 3
1. Depto. de Letras e Ciências Humanas - UFRPE
2. Faculdade Santa Catarina - FASC
3. Programa de Pós-Graduação em Letras - UFPE
INTRODUÇÃO:
Avaliar a produção escrita de alunos não é tarefa simples. Escolher os critérios, compartilhar com o avaliado, oferecer um retorno da avaliação para o aluno, dar uma nota, etc. Essas ações possibilitam escolhas diversas e que podem ser variadas quando se é levado em consideração a instituição/professor que se propõe a avaliar. É à luz dessas questões e transformações na educação em geral e, principalmente, no Ensino Médio que se insere a criação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em 1998, e a "recriação" do Exame em 2009: O Novo Enem. Considerando que a avaliação de textos escritos é uma das preocupações recorrentes por parte dos que estão envolvidos com processos de avaliação e com o trabalho de produção textual esta pesquisa tem como objetivo investigar como os profissionais que participam do processo enquanto avaliadores de textos produzidos pelos participantes do Enem se posicionam diante do trabalho por eles realizado.
METODOLOGIA:
O presente estudo possui caráter qualitativo, uma vez que é feita uma análise de cunho interpretativo, possibilitando descrição e explicação minuciosa dos dados para, então, ser feita uma discussão. A fim de discutir sobre o que pensam avaliadores em relação ao processo de avaliação da produção textual no Enem, foi coletado o corpus da pesquisa composto por dados provenientes dos sujeitos participantes através da realização entrevistas com 09 participantes, que foram escolhidos, aleatoriamente, seguindo o único critério de ter vivenciado o processo de avaliadores de textos do Enem. Foi realizada, então, uma entrevista semi-estrurada com os sujeitos participantes a fim de investigar aspectos como: concepções teóricas sobre texto e avaliação, e o que pensam sobre os critérios que formam a planilha de avaliação de textos no Exame. O estudo insere-se no âmbito da Linguística Textual e da Linguística Aplicada (Koch, 2008; Sheneuwly & Dolz, 2004; entre outros). Além de fundamentos e postulados da Linguística, também são utilizados os da Pedagogia; em particular, os trabalhos de Perrenoud (1999) e Hadji (2001).
RESULTADOS:

Foi apontado pelos avaliadores entrevistados a dificuldade de trabalhar com mais de um foco de avaliação em uma única competência proposta pela Planilha de Correção da Redação do Enem. Por exemplo, a competência II avalia o domínio estrutural do tipo textual solicitado pela proposta, além da compreensão do tema proposto e o desenvolvimento temático apresentado pelo participante a partir da aplicação de conceitos de várias áreas de conhecimento. Essa dificuldade do avaliador estende-se para o participante do exame uma vez que estes recebem uma carta com suas respectivas pontuações. Entretanto, ressalta-se que se não houver um trabalho interpretativo das competências, o participante receberá seus resultados e se voltará essencialmente para a nota, sem ao menos refletir sobre a mesma. Uma outra questão que se pôde perceber, através de depoimentos dos entrevistados, é a falta da meta-avaliação junto ao avaliador. Assim como o participante recebe a carta sobre sua prova, com a finalidade de desenvolver competências até então passíveis de melhoramento, cada avaliador precisa também de um feedback para a confirmação ou redirecionamento de sua prática.

CONCLUSÃO:
Em relação ao discurso de avaliador, além do destaque para as ações positivas que circundam a produção textual no Enem como, por exemplo, a abertura para constante interação entre avaliador e supervisor; também foram destacados alguns problemas como a falta clareza da planilha para os entrevistados e o treinamento realizado para o avaliador. Apesar de se considerar que algumas limitações são intrínsecas a processos avaliativos em larga escala, a equipe responsável pelo processo de avaliação da produção textual no Enem tem se empenhado para que o aprimoramento seja sempre realizado. Ao longo desses 12 anos em que o Enem é realizado, alguns aspectos no que se relaciona à produção textual vêm passando por transformações. Por fim, ressalta-se o fato de que na educação, nada se transforma de um dia para o outro. Por isso, espera-se que este trabalho venha incitar outras pesquisas no âmbito da avaliação de texto, no geral, e em larga escala, em particular, e contribua para a busca do aprimoramento da avaliação da produção textual no Enem.
Instituição de Fomento: Capes
Palavras-chave: Produção Textual, Avaliação, Enem.